quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Reflexões Psicanalíticas


A um ausente
Carlos Drummond de Andrade


Tenho razão de sentir saudade,
tenho razão de te acusar.
Houve um pacto implícito que rompeste
e sem te despedires foste embora.
Detonaste o pacto.
Detonaste a vida geral, a comum aquiescência
de viver e explorar os rumos de obscuridade
sem prazo sem consulta sem provocação
até o limite das folhas caídas na hora de cair.
Antecipaste a hora.
Teu ponteiro enlouqueceu,
enlouquecendo nossas horas.
Que poderias ter feito de mais grave
do que o ato sem continuação, o ato em si,
o ato que não ousamos nem sabemos ousar
porque depois dele não há nada?
Tenho razão para sentir saudade de ti,
de nossa convivência em falas camaradas,
simples apertar de mãos, nem isso, voz
modulando sílabas conhecidas e banais
que eram sempre certeza e segurança.
Sim, tenho saudades.
Sim, acuso-te porque fizeste
o não previsto nas leis da amizade e da natureza
nem nos deixaste sequer o direito de indagar
porque o fizeste, porque te foste.

Dizem que a morte é a única certeza da vida e mesmo assim quando acontece não estamos preparados para ela. Por doença ou acidentes, ela dilacera quem fica.
Especialistas listam 5 momentos neste período: raiva, negação, negociação, depressão e aceitação.
O luto é uma experiência pessoal e única. Fato também é a necessidade de passar por este triste período, nele podemos reencontrar o sentido perdido e continuar, apesar da perda. Chorar é uma maneira natural de aliviar a tensão interna e permite que seja comunicada a necessidade de ser confortado.
O tempo......não se tem como prever, mas continua sendo o melhor remédio para essa grande dor.
Grande abraço
Roberta Marin Passos
Psicóloga – Lien Clínica e Assessoria