sexta-feira, 22 de março de 2013

Pensamentos e Reflexões



MANEIRA DE AMAR

O jardineiro conversava com as flores e elas se habituaram ao diálogo. Passava manhãs contando coisas a uma cravina ou escutando o que lhe confiava um gerânio. O girassol não ia muito com sua cara, ou porque não fosse homem bonito, ou porque os girassóis são orgulhosos de natureza.
Em vão o jardineiro tentava captar-lhe as graças, pois o girassol chegava a voltar-se contra a luz para não ver o rosto que lhe sorria. Era uma situação bastante embaraçosa, que as outras flores não comentavam. Nunca, entretanto, o jardineiro deixou de regar o pé de girassol e de renovar-lhe a terra, na devida ocasião.
O dono do jardim achou que seu empregado perdia muito tempo parado diante dos canteiros, aparentemente não fazendo coisa alguma. E mandou-o embora, depois de assinar a carteira de trabalho.
Depois que o jardineiro saiu, as flores ficaram tristes e censuravam-se porque não tinham induzido o girassol a mudar de atitude. A mais triste de todas era o girassol, que não se conformava com a ausência do homem. "VOCÊ O TRATAVA MAL, AGORA ESTÁ ARREPENDIDO?" "NÃO, RESPONDEU, ESTOU TRISTE PORQUE AGORA NÃO POSSO TRATÁ-LO MAL. É A MINHA MANEIRA DE AMAR, ELE SABIA DISSO, E GOSTAVA".
(Carlos Drummond de Andrade)

Comentários:

Este belo texto fala das adversidades da vida...
O jardineiro é um cuidador zeloso, que independente das reações alheias, faz seu trabalho de forma amorosa e com muita dedicação. Ele não só rega as flores, mas se relaciona com elas.
O girassol representa o que é contraditório, contestador, já que reage de forma inesperada diante de tanta atenção. Como um filho rebelde que desconsidera o afeto, destrata seus entes, mas que inquestionavelmente ama e provavelmente conta com os cuidados por parte deles.
Não podemos esquecer do dono do jardim, afinal ele se livra de sua mais preciosa joia! Ele representa um 'oportunista' que não vê serventia no trabalho do jardineiro. De maneira desatenta e desumana, pois não estabelece relação com suas flores, com seu cuidador e não se dá conta do que realmente acontece em seu jardim...
O texto evidencia os tipos de relações que podemos estabelecer com o mundo. Pois, muitas vezes nos frustramos e nos decepcionamos com as reações inesperadas do outro (agressivas) diante de algo que fizemos (amorosamente) ou vice-versa. E sem falar do desprezo...

Lidar com estas surpresas, sem dúvida um exercício de tolerância!

Vanessa Ponte
Psicóloga do Lien Clínica e Assessoria

quarta-feira, 20 de março de 2013

Pensamentos e Reflexões



SEM PRETENSÃO



Não tenho
A pretensão
De que todas
As pessoas que gosto,
Gostem de mim.

Nem que eu faça
A falta que elas fazem.
O importante para mim
É saber que eu,

Em algum momento,
Fui insubstituível...
E que esse momento será inesquecível!
Só quero que meu sentimento
Seja valorizado!

Quero um dia,
Poder dizer às
Pessoas que nada
Foi em vão
Que o amor existe
Que vale à pena se
Doar às amizades

Às pessoas...
Que a vida
É bela sim!
E que eu
Sempre dei o
Melhor de mim.
E que valeu à pena!
(Mario Quintana)


E pra você, está valendo à pena????
Se não estiver.....nunca é tarde!

Abraço
Roberta Marin Passos
Psicóloga - Lien Clínica e Assessoria

quarta-feira, 13 de março de 2013

Reflexões Psicanalíticas


Projetos existenciais ou Promessas de início de ano??!!







É muito comum se iniciar o ano prometendo-nos que mudaremos algumas coisas definitivamente. E isto, às vezes, realmente acontece: a relação amorosa moribunda, a atenção para a saúde, a mudança de emprego etc.

Há, contudo, uma frase conhecida popularmente que diz que ao longo da vida “Temos que plantar uma árvore, ter um filho e escrever um livro”. E o que fica nas reticências é: temos que fazer isso se quisermos ser bem sucedidos ou nos sentir completos.
Já pensou na ambigüidade e relatividade da palavra sucesso? Sucesso para quem? Sucesso de quem?
Ou na impossibilidade de alguém se sentir completo sob pena de não ter mais nada a alcançar? Completo como totalmente satisfeito? Que total é esse?

Apesar destes questionamentos é interessante pensarmos na trilogia árvore, livro, filho. O que penso de pronto é na importância de realizar ações perenes, ou seja, não efêmeras. E mais do que isso, será que poderíamos pensar nesses substantivos como sinônimos? O que a árvore, o livro e o filho têm em comum?
Longe de querer propor algum tipo de “pegadinha” ao querido leitor, penso que a árvore ou as plantas têm o sentido de vida, de crescimento, muito parecido ao sentido de filho. Um livro se escreve quando se acredita na transmissão de pensamentos e idéias que possam ajudar alguém. Às vezes, um livro pode se tornar um sopro de vida, implicar o crescimento pessoal de alguém.
Outra questão que me parece chave é a possibilidade de imortalidade que elas carregam. Ou seja, ao não suportarmos a ideia da morte como algo tão certeiro mas tão inimaginável para nós sujeitos, a árvore, o livro e o filho nos propiciam realizar, de alguma forma, nosso desejo inconsciente de imortalidade.

Liliana Emparan
Psicanalista e Psicopedagoga do Lien- Clínica e Assessoria


A vida é simples, nós é que complicamos....

Sherlock Holmes e seu inseparável companheiro Dr. Watson decidiram acampar, e assim que chegaram ao local combinado, montaram sua barraca e, depois de uma boa refeição, acompanhada de uma garrafa de vinho, cansados da viagem, deitaram-se para dormir.
Algumas horas depois, Holmes acorda e cutuca seu fiel amigo:
- Meu caro Watson, olhe para cima e diga-me o que vê.
Watson responde:
- Vejo milhares e milhares de estrelas.
Holmes então pergunta:
- E o que isso significa?
Watson pondera por alguns instantes, e responde:
- Astronomicamente, significa que há milhares e milhares de galáxias e, potencialmente, bilhões de planetas. Astrologicamente, observo que Saturno está em Leão e teremos um dia de sorte. Temporariamente, deduzo que são aproximadamente 03h15min pela altura em que se encontra a Estrela Polar. Teologicamente, posso ver que Deus é todo poderoso e somos pequenos e insignificantes. Meteorologicamente, suspeito que teremos um lindo dia amanhã. Correto?
Holmes fica em silêncio por alguns segundos, e então responde:
– Não Watson! Isso significa apenas que alguém roubou nossa barraca.
Existem muitas técnicas e metodologias para resolução de problemas, mas em qualquer uma delas, o primeiro passo é conseguir identificar o problema, e esta é uma das maiores dificuldades que enfrentamos. Algumas vezes por não querermos enfrentar os problemas de frente, e outras por darmos mais atenção às consequências do que às causas.

Abraço
Roberta Marin Passos
Psicóloga Clínica – Lien Clínica e Assessoria

segunda-feira, 11 de março de 2013

Cinema e Psicanálise



INDOMÁVEL SONHADORA

Diretor: Benh Zeitlin
EUA, 2012.

Sinopse:

Hushpuppy é uma menina de seis anos que vive com seu pai às margens de um rio, em uma comunidade pobre. Um dia, ele descobre que está muito doente e decide que não quer ajuda médica. Wink passa a ensinar à menina a sobreviver quando ele não estiver mais presente.
(Fonte: cineclick)

Comentários:

O que fazer diante de uma garotinha que conta nos dedos o número de vezes que foi pega no colo? E que enfrenta fantasticamente ‘animais ferozes’ para proteger quem ama e a si mesma de uma realidade que impõe uma condição extrema e vulnerável?
Estamos diante de um cenário caótico e imprevisível, regido pelas forças da natureza. O tempo todo se anuncia um desespero, uma agonia, um risco. E diante deste cenário acompanhamos a história peculiar de um pai e de sua filha, envolvendo afeto e desentendimento. São animais pré-históricos e catástrofes naturais que se aproximam e que poderiam expor a fragilidade humana, mas estamos diante de seres ‘indomáveis’ que não 'arredam pé’ e lutam para ficar. É uma tribo composta por esta pequena família e seus amigos num emolduramento primitivo e instintivo. Eles fogem de qualquer possibilidade de civilidade, tanto que causa estranhamento ver a garotinha de vestido e com o cabelo arrumado, pois não é a sua natureza.
Afinal, o que está em jogo é a sobrevivência, custe o que custar.

“A força não provém da capacidade física e sim de uma vontade indomável”.
(Mahatma Gandhi)


Fica a dica desta 'fábula' quase desconcertante!

Vanessa Ponte
Psicóloga do Lien Clínica e Assessoria

terça-feira, 5 de março de 2013

Pensamentos e reflexões

Vamos falar do tempo??!!







Quem não ouviu ou iniciou algum tipo de conversa com comentários como:

-Que dia lindo hoje, não? Está nublado, dizem que vai chover! Está prevista uma frente fria, o tempo vai virar... Que calor insuportável! Este tempo não muda, não agüento mais!!

Ou

- O tempo passa tão rápido! Que horas são??...já!! Estou nessa fila há horas, tenho muitas coisas para fazer! Tempo é dinheiro??! Desculpe pelo atraso, mas... Espera!

No elevador, na parada de ônibus, em uma festa, na fila do banco etc. é comum se referir ao clima ou às horas que passam... enfim, ao tempo.
Muitas vezes, estes comentários servem para quebrar o silêncio, o embaraço frente a um outro pouco conhecido, iniciar uma conversa difícil, “passar o tempo” ou mesmo, para fugir do que realmente se quer dizer, omitindo algo importante, distraindo o outro. Às vezes, falar do clima é “como conversa mole para o boi dormir”... Em outras oportunidades sem perceber estamos falando de coisas importantes, até íntimas mas de forma figurada, como se o falar do clima-tempo fosse falar de nosso tempo interior, das nossas sensações, dos nossos medos...É muitas vezes é isso mesmo...!

O interessante é que o tempo, apesar de povoar nosso cotidiano não é qualquer assunto, nem algo banal. Se pensarmos em termos mais existenciais, o tempo é um grande enigma para nós, afinal: Por que às vezes ele parece infinito ou tão rápido como um segundo? Por que ele organiza e dá nome aos momentos da nossa vida como passado, presente e futuro? Por que ele pode ser tão relevante quando uma porta se fecha, quando o trem partiu, quando foi tarde demais!!
Os dias e as noites, as estações do ano, os eventos climáticos, o calendário, o relógio etc. apontam para algo que começa e termina. E principalmente para a vida e a morte; o nosso corpo tem as marcas do tempo, do nosso envelhecimento, elemento angustiante que nos remete o tempo todo à nossa perenidade, à morte.
Talvez por isso ele esteja tão presente nas nossas falas, mesmo naquelas que parecem tão banais!


Liliana Emparan
Psicanalista e Psicopedagoga do LIEN- Clínica e Assessoria