segunda-feira, 20 de maio de 2013

Pensamentos e Reflexões



"Para viver de verdade, pensando e repensando a existência, para que ela valha a pena, é preciso ser amado; e amar; e amar-se. Ter esperança; qualquer esperança.

Questionar o que nos é imposto, sem rebeldias insensatas mas sem demasiada sensatez. Saborear o bom, mas aqui e ali enfrentar o ruim. Suportar sem se submeter, aceitar sem se humilhar, entregar-se sem renunciar a si mesmo e à possível dignidade.

Sonhar, porque se desistimos disso apaga-se a última claridade e nada mais valerá a pena. Escapar, na liberdade do pensamento, desse espírito de manada que trabalha obstinadamente para nos enquadrar, seja lá no que for.

E que o mínimo que a gente faça seja, a cada momento, o melhor que afinal se conseguiu fazer."

(Lya Luft)

Comentários:

Se a existência é uma "aventura" e busca-se o tempo todo um sentido para o que se vive, este texto nos convida a uma reflexão do que realmente está ao nosso alcance. Aprendendo a lidar com as adversidades, reconhecendo as conquistas e valorizando o que importa. Sem grandes ambições, mas com nobres sentimentos. Afinal, numa sociedade onde se tende a consumir e absorver tudo rapidamente, a autora remete a possibilidade de "moderar" o bem viver, usufruindo dos aspectos importantes da vida com certo equilíbrio.

E como já dizia Jack Kerouac: "Apaixona-te pela tua existência".


Vanessa M. da Ponte
Psicóloga do Lien Clínica e Assessoria

quarta-feira, 1 de maio de 2013

Cinema e Psicanálise



FERRUGEM E OSSO
(De rouille et d'os)
DIRETOR Jacques Audiard
PRODUÇÃO França/Bélgica, 2012

Sinopse:

Alain (Matthias Schoenaerts) está desempregado e vive com o filho, de apenas cinco anos. Ele parte para a casa da irmã em busca de ajuda e logo consegue um emprego como segurança de boate. Um dia, ao apartar uma confusão, ele conhece Stéphanie (Marion Cotillard), uma bela treinadora de orcas. Alain a leva em casa e deixa seu cartão com ela, caso precise de algum serviço. O que eles não esperavam era que, pouco tempo depois, Stéphanie sofreria um grave acidente que mudaria sua vida para sempre.
(Fonte: Adorocinema)

Comentários:

É um filme sobre as transformações de um casal nada convencional, sendo ela uma domadora de Orcas e ele um lutador de luta livre. São seres humanos que lidam com o que há de mais instintivo, urgente e forte. A agressividade emoldura a história, para além da violência, mas diante da fragilidade e impotência de quem se coloca diante dela. Inclusive na condição do lutador com sua força física, mas também pelo seu desamparo e empobrecimento diante de recursos afetivos, que se revelam na convivência com seu filho e nas suas relações ‘amorosas’, puramente sexuais. O pequeno, por exemplo, se machuca pelo simples fato deste pai não saber o que fazer com ele próprio, com seu filho e com suas vidas.
A domadora de Orcas por sua vez sofre um trágico acidente envolvendo as baleias e acompanhamos o seu sofrimento diante da amputação, evento traumático que ocasiona muito sofrimento e inconformismo. Ficamos diante de sua revolta e isolamento.
As consequências emocionais e psíquicas diante da perda de um membro, de uma mudança corporal brusca, são impactantes e afetam profundamente a vida de uma pessoa.
O desafio desta nova realidade diante da amputação confronta o sujeito com questões subjetivas, sobre o valor da vida.
É interessante como o filme aborda o tema sem pieguice, mas pelos efeitos na protagonista diante de sua dor e de suas mudanças, pois aos poucos ela se redescobre, criando possibilidades diante dos limites do seu corpo. Ele por sua vez conta com o apoio dela nas lutas e na convivência afetiva com seu filho, tornando-se um homem mais confiante.
Estamos diante de domadoras e lutadores, personagens que lidam com seus instintos e sobrevivem diante das violências da vida.

Fica a dica deste filme em cartaz no 'Festival Varilux do Cinema Francês 2013' (de 1 a 16 de Maio), não percam!

Vanessa M. da Ponte
Psicóloga do Lien Clínica e Assessoria