quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Cinema e Psicanálise



Mary & Max – Uma Amizade Diferente
(Mary and Max)
Austrália, 2010
Diretor: Adam Elliot

Sinopse:
Mary Daisy Dinkle é uma menina solitária de oito anos, que vive em Melbourne, na Austrália. Max Jerry Horovitz tem 44 anos e vive em Nova York. Obeso e também solitário, ele tem Síndrome de Asperger. Mesmo com tamanha distância e a diferença de idade existente entre eles, Mary e Max desenvolvem uma forte amizade, que transcorre de acordo com os altos e baixos da vida.
(Fonte: Adorocinema)


Comentários:

Animação para adultos feita de massinha, que assume um tom melancólico e bizarro e que retrata o isolamento dos personagens em suas duras realidades: Mary é uma menina que precisa conviver com o alcoolismo da mãe, a ausência do pai (que trabalha muito e empalha pássaros como hobby) e sua dificuldade em fazer amizades. É esnobada na escola e tem apenas um amigo, um galo. Max, um adulto com dificuldades em se relacionar com as pessoas que passa a maior parte do tempo trancafiado em seu apartamento com seus bichos. Ambos adoram chocolate e tem um desenho predileto em comum. A animação é baseada em uma história real e descreve a existência de seus personagens pela intensa correspondência de mais de 20 anos.

“A Síndrome de Asperger ou autismo de alto rendimento, caracteriza pessoas que apresentam desde a infância dificuldades de comunicação e interação, isolamento, padrão restrito e repetitivo de interesses, que podem interferir parcialmente no desenvolvimento cognitivo. Desenvolvem interesse duradouro em atividades (como música, matemática ou memorização), que desempenham com muita habilidade”.


Leiam um trecho de uma das cartas de Max para Mary depois de um longo período de ausência:

“Cada vez que eu recebia uma carta sua, tinha um sério ataque de ansiedade... Tenho síndrome de Asperger. Acho o mundo muito confuso e caótico, porque minha mente é muito lógica e literal. Sou hipersensível, desajeitado e tenho dificuldades para expressar minhas emoções. Meu médico diz que meu cérebro é defeituoso, mas que um dia haverá cura para essa minha incapacidade. Não gosto quando ele diz isso. Não me sinto defeituoso, como se precisasse ser curado. Seria como tentar mudar a cor dos meus olhos. Só tem uma coisa que eu gostaria de mudar: gostaria de conseguir chorar corretamente. Tento, tento, mas não sai nada...”.

Fica a dica desta animação sensível que fala sobre o pertencimento!

Vanessa M. da Ponte
Psicóloga do Lien Clínica e Assessoria

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Reflexões Psicanalíticas


Balanço de fim de ano









Estamos muito próximos ao final do ano, momento no qual empresas e pessoas costumam pensar no ano que finda, realizando o que se acordou em chamar “balanço”.
A palavra balanço em português tem vários sentidos que remetem a movimento, tais como:
1 Movimento alternado em sentidos opostos; oscilação.
2 Aparelho de diversão para balançar.
3 Abalo, sacudidela, solavanco.
4 Econ. Exposição pormenorizada do ativo e passivo de qualquer empresa comercial, sociedade ou instituição; levantamento contábil que demonstra a situação econômico-financeira de uma empresa.
5 Rádio, Telev. e Cin. Combinação de música, vozes e efeitos para que tenham o necessário equilíbrio; arranjo, em boa proporção, de elementos visuais diversos.

Este movimento, este “balanço”, no entanto, acredita-se deve estar em equilíbrio, por exemplo, entre o que se gastou e recebeu, entre a energia dispensada e o que se obteve, entre os sons graves e agudos etc. Desta forma, poderíamos pensar que um bom “balanço” demonstra equilíbrio de forças. No entanto, no segundo sentido, a palavra balanço remete ao brinquedo, a um movimento mais ousado.
Quem não se lembra da dificuldade em aprender a balançar mexendo nosso próprio corpo para frente e para trás? De vencer o medo da altura, da vertigem do movimento? De conquistar o prazer que pode nos proporcionar a liberdade e a curta sensação de que voamos?
Freud, pai da Psicanálise, era um estudioso da etimologia e da ambigüidade de sentidos que as palavras oferecem. No nosso caso, a palavra balanço tem múltiplos sentidos que mostram contradição. A significação que é sinônimo de equilíbrio pode nos levar a uma falsa ideia de que conquistamos algo somente quando tudo está equilibrado, o que na verdade pode ser enganoso: no equilíbrio não saímos do lugar, é quando ainda nem nos “balançamos”. O sentido dos “balanços pessoais” deveria ser o de pensarmos quão ousados fomos, o quanto conseguimos superar os nossos medos, o quanto arriscamos por um desejo, seja no âmbito profissional ou pessoal, (e assumimos suas conseqüências!), o quanto fomos sinceros conosco, o quanto nos permitimos ser livres.

Ao fazer o seu “balanço” pessoal pense nisso!

Liliana Emparan
Psicanalista e Psicopedagoga do Lien Clínica e Assessoria

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Dica de Leitura






Título: Cisnes Selvagens : três filhas da China
Título original: Wild swans: three daughters oh China
Autor(a): Jung Chang
Editora: Companhia das Letras
Numero de páginas: 638
Tradução: Marcos Santarrita


Sinopse: Dos costumes ancestrais às violentas reviravoltas do comunismo, a China passou, em algumas décadas, por uma das mais radicais e amplas transformações já vistas na história da humanidade. Mergulhando nas memórias familiares de três gerações de mulheres, Cisnes selvagens é o relato verdadeiro, com todos os acentos do drama épico, de uma família que tenta preservar a própria humanidade em meio à vertigem e ao horror da trajetória da China neste século.

Comentário: Esse livro tem como cenário as várias fases da China, retratando a ditadura e a forma como as pessoas se rendiam ou eram rendidas a ela. A história gira em torno da cativante vida da avó, da mãe e da neta que, em meio a todo esse contexto social, buscam sobreviver e ajudar umas às outras.



Elisângela Bassi
Fonoaudióloga - Lien Clínica e Assessoria.

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Dica de Leitura




Livro: MANIA DE EXPLICAÇÃO
Autora: Adriana Falcão
Ilustrações: Mariana Massarani
Editora: Salamandra/Moderna

Comentários:

Adriana Falcão é uma talentosa escritora e roteirista.
O livro já foi adaptado para o teatro e dedicado a sua filha na época com nove anos de idade.
O livro utiliza a imaginação de uma menina que tenta explicar palavras e coisas de forma simples.

“Explicação é uma frase que se acha mais importante que a palavra”

O livro descreve palavras como Irritação, Solidão, Tristeza, Desculpa, Vontade, Exemplo, Felicidade e muitas outras...

As ilustrações são tão criativas como as explicações e enriquecem o universo infantil, possibilitando a comunicação entre crianças e adultos.

“Desilusão é quando anoitece em você contra a vontade do dia.”

“Sentimento é a língua que o coração usa quando precisa mandar algum recado.”


Fica a dica deste livro nostálgico e sensível!


Vanessa M. da Ponte
Psicóloga do Lien Clínica e Assessoria

Reflexões Psicanalíticas


Máscaras
Adereço antigo, a máscara esteve presente nos teatros gregos, ganhou simbolismos e significados variados ao longo do tempo. Pode ser utilizada de forma lúdica, religiosa e artística.
Psicologicamente serve como “disfarce”, ou seja, podemos assumir outra identidade, muitas vezes mais confortável do que a real. Assim, muito mais do que esconder, ela pode transformar a vida de quem a possui.
Muitas podem ser nossas máscaras, só nós as conhecemos e só nós sabemos o preço que pagamos para mantê-las. Será que não tê-las seria muito mais caro?
Termino essa pequena reflexão com a frase abaixo que propõe um desafio à própria fraqueza.
“Encontra o caminho aquele que rompe as próprias máscaras, encara a verdade sobre si mesmo, experimenta a amplitude de sua vulnerabilidade e age, superando-se continuamente.” (Maria Aparecida Giacomini Dóro)

Grande abraço,
Roberta Marin Passos
Psicóloga – Lien Clínica e Assessoria

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Pensamentos e Reflexões


Todos, Alguém, Qualquer Um e Ninguém.

Esta é uma história de quatro pessoas:
Havia um trabalho importante a ser feito e todos tinham certeza de que ALGUÉM o faria.
QUALQUER UM poderia tê-lo feito, mas NINGUÉM o fez.
ALGUÉM se zangou porque era um trabalho de TODOS.
TODO MUNDO pensou que QUALQUER UM poderia fazê-lo, mas NINGUÉM imaginou que TODO MUNDO deixasse de fazê-lo.
Ao final, TODOS culparam ALGUÉM quando NINGUÉM fez o que QUALQUER UM poderia ter feito.
(Autor desconhecido)

É fato que delegar ou se excluir pode evitar problemas, assim como, limitar o seu crescimento!
Alguma dessas pessoas seria você?
Avalie suas atitudes diante da vida.

Grande abraço
Roberta Marin Passos
Psicóloga - Lien Clínica e Assessoria

domingo, 11 de novembro de 2012

Cinema e Psicanálise


EXÍLIOS
(Exils)
França, 2004
Diretor: Tony Gatlif
Sinopse:
O músico Zano propõe à sua amante Naïma que ambos façam uma viagem até a Argélia, país de onde seus pais emigraram décadas atrás. Eles atravessam a França e a Espanha até que, tomados por um forte sentimento de liberdade, abandonam-se aos ritmos sensuais da Andaluzia. De um encontro a outro, eles cruzam o Mediterrâneo e terminam a viagem com a promessa da descoberta de si mesmo.


TRANSYLVANIA
França, 2006
Diretor: Tony Gatlif
Sinopse:
Zingarina é uma mulher grávida que viaja com a amiga Marie rumo à Transilvânia, na Romênia. Ela está à procura do homem que ama, Milan, que conheceu na França, mas foi embora sem qualquer explicação. Ao reencontrá-lo, Milan rejeita Zingarina. Sua vida apenas melhora quando ela conhece Tchangalo, um homem solitário que, assim como ela, é livre.

(Fonte: Adorocinema)

Comentários:

Fica a dica destes dois exóticos filmes do diretor Gatlif que é argelino e descendente de ciganos.

O premiado ‘Exílios’ reconstrói de maneira inversa o caminho do exílio feito pelos pais de um jovem casal, em um filme de encontro com as raízes e de retorno às origens.


‘Transylvania’ é um filme que trata de paixão, abandono e rejeição.

São filmes que falam de descobertas, liberdade, identidade e de herança familiar. Adentramos culturas muito distintas, com forte apelo musical e que expressam paixão e sensualidade. Aos poucos vamos deixando de lado nossas referências culturais, diante de um mundo cada vez mais globalizado e estático. Afinal, são filmes sobre raízes, exilados e ciganos. E são envolventes como a tradição cultural cigana, que apresenta uma complexa diversidade. O nomadismo cigano assumido como experiência, pelas perseguições e exílios através dos tempos. Uma cultura que assume um estilo de vida alternativo e elabora sua identidade de maneira intensa, pois constrói a semelhança com base na experiência profunda das diferenças.


Termino com uma frase do filme ‘Exílios’ que expressa este sentimento de “clandestinidade” diante da vida:

“Sou estrangeira em qualquer lugar”.

Vanessa M. da Ponte
Psicóloga do Lien Clínica e Assessoria

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Dica de Leitura


Original: 生活
Autor(a): Yu Hua
Editora: Companhia Das Letras
Numero de páginas: 210
Tradução: Márcia Schmaltz


Sinopse: Meio século de história contemporânea chinesa fornece o pano de fundo para esta saga comovente, que começa nos anos 1940 e segue até os dias de hoje. Viver é uma epopeia familiar marcada pela tragédia pessoal e pelos acontecimentos que deram origem à China contemporânea.

Oi pessoal, segue mais uma dica de leitura.
Hoje a dica é para o livro Viver, de Yu Hua. Nossa, sabe aquelas histórias que a gente vai se envolvendo e achando que a história não pode piorar, mas aí vem algo bombástico e faz você perceber que estava redondamente enganado? Pois é, é esse o caso. Pode parecer estranho alguém dizer isso e indicar a leitura, mas, acreditem, é um excelente livro. É um livro envolvente, que faz com que prendamos a respiração em uns trechos e nos faz pensar nele de repente durante o dia. Difícil ler em um fôlego só, pois é tudo muito intenso. Bom, pelo menos foi assim comigo. De qualquer maneira, vale a pena conhecer um escritor novo, um estilo diferente.
Espero que gostem.
Um abraço,

Elisângela Bassi
Fonoaudióloga – Lien Clínica e Assessoria.

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Pensamentos e Reflexões


A coragem de enfrentar seus medos
Diz uma antiga fábula que um camundongo vivia angustiado com medo do gato.
Um mágico teve pena dele e o transformou em gato. Mas aí ele ficou com medo de cão, por isso o mágico o transformou em pantera.
Então ele começou a temer os caçadores.
A essa altura o mágico desistiu. Transformou-o em camundongo novamente e disse:
-- Nada que eu faça por você vai ajudá-lo, porque você tem apenas a coragem de um camundongo. É preciso coragem para romper com o projeto que nos é imposto. Mas saiba que coragem não é a ausência do medo, é sim a capacidade de avançar, apesar do medo; caminhar para frente; e enfrentar as adversidades, vencendo os medos...
É isto que devemos fazer. Não podemos nos derrotar, nos entregar por causa dos medos.
Senão, jamais chegaremos aos lugares que tanto almejamos em nossas vidas...

“A vida começa onde termina o medo” Osho

Abraço
Roberta Marin Passos
Psicóloga – Lien Clínica e Assessoria

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Cinema e Psicanálise


A DELICADEZA DO AMOR

(França, 2012)
Direção: David e Stéphane Foenkinos

Sinopse:

Em luto há três anos pela morte do marido, a francesa Nathalie é paquerada por Markus Lundl, um colega de trabalho sueco. Esse casal incomum embarca em uma jornada emocional, que suscita todo tipo de questões e hostilidade no trabalho.
(Fonte: Cineclick)

Comentários:

O filme mostra que tipos de escolhas podem ser feitas através do enlace amoroso. Estamos diante de uma bela jovem que por conta de uma fatalidade é forçada a renunciar de seu grande amor. Depois de um luto de anos e de se dedicar exclusivamente ao trabalho, vemos o assédio sobre a jovem por parecer estar disponível e por naturalmente despertar o interesse no sexo oposto (por sua beleza ou por seu descaso?). Mas, o inusitado se apresenta e o rapaz que desperta seu interesse parece ser o mais desinteressante de todos. Aqui a beleza não é fundamental...


O casal vivência situações constrangedoras e algumas contrariedades tanto pela desaprovação dos colegas de Nathalie pela inusitada escolha amorosa como pelo impasse da relação.
O filme faz uma reflexão sobre a tendência de aceitarmos uma determinada condição (pelo que é esperado, satisfatório e agradável). Mas, muitas vezes despreparados para o inesperado e desconhecido. Principalmente diante das imposições dos padrões estéticos...

É um filme sobre as diferenças, sobre a imprevisibilidade da escolha e por onde circula o desejo. Para o que ofusca e brilha, para o que encanta pelo que se é.
Pensando no conto de fadas francês 'A Bela e a Fera’, acompanhamos a transformação da ‘bela Nathalie’, diante da renúncia e novamente pelo desejo de amar, com toda sua delicadeza e beleza...

“… foi no coração de todas essas Nathalies que eu resolvi me esconder.” (comentário de Markus no final do filme).

Fica a dica deste filme encantador!

Vanessa M. da Ponte
Psicóloga do Lien Clínica e Assessoria

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Dica de Leitura






Original: The white tiger
Autor(a): Aravind Adiga
Editora: Nova Fronteira
Numero de páginas: 263
Tradução: Maria Helena Rouanet


Sinopse: No livro de estréia de Aravind Adiga, o leitor conhece Balram Halwai, filho de um puxador de riquixá, disposto a fazer qualquer coisa para subir na vida. O principal foco neste romance é a população pobre da India, que ficaram de fora do boom econômico daquele país. O mote principal do livro é a miséria que atinge o povo e da qual não se consegue escapar pois não interessa o desejo de fuga. No entanto, Balram tem o sonho de sair da miséria e ingressa numa jornada em Délhi e Bangalore, disposto a fazer de tudo para subir na vida.

Este livro conquistou o Man Booker Prize 2008, a principal premiação britânica de romances. Em tom irônico e sarcástico, deparamo-nos com uma história intensa e perturbadora que, aliada ao choque cultural do nosso olhar ocidental, faz com que a leitura ganhe uma certa fluidez em alguns momentos e nos causem repulsa em outros. Vale a pena ler!

Um abraço,
Elisângela Bassi
Fonoaudióloga - Lien Clínica e Assessoria