quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Reflexões Psicanalíticas



OS SENTIMENTOS NA BERLINDA












Quando crianças, ouvimos que há sentimentos bons e maus. Esta visão maniqueísta do mundo acredita em sentimentos puros, não misturados, em um mundo dividido em bons e maus. Assim, se quisermos ser bons, os sentimentos maus deverão ser evitados, controlados, reprimidos e, sobre os quais, é melhor nem falar. Ciúmes, raiva, inveja, vingança, rancor, entre outros, teriam de ser extirpados da nossa vida.
Mas será que isto é possível? Existe alguém que já não tenha sentido com maior ou menos intensidade algum sentimento não tão “nobre”?
Freud dizia que sentimentos são conscientes e é importante que admitamos que nem sempre sentimos amor, admiração, solidariedade, paciência, respeito etc. Somos povoados por sensações contraditórias e passionais que, muitas vezes, nos pegam de surpresa e que custamos a admitir. O mais surpreendente é que podemos sentir isto pelas pessoas que amamos, como companheiros, filhos, pais, irmãos etc. A sensação é de confusão.
A grande questão não é o quê e como sentimos, senão, o que fazemos e o que faremos com aquilo que clama dentro de nós. Muitas vezes, temos vergonha de admitir para nós mesmos que situações corriqueiras podem nos provocar sentimentos inadmissíveis. Paralelamente, por vezes, nem ao menos sabemos o motivo real daquilo que sentimos; assim, tentamos racionalizar ou “purificar” sentimentos comuns a qualquer mortal.
Atrás de sentimentos, há representações, sentidos e motivações inconscientes que fazem com que possamos agir de forma desproporcional ou inusitada: ou seja, aquela lei da física que diz que, para cada ação há uma reação específica, não se pode aplicar univocamente aos seres humanos. Ainda bem!
Por isso, o importante é poder decidir o que faremos com aquilo que sentimos. Isto sim terá conseqüências para nós e para os outros. Mas cabe um alerta: o custo de negar aquilo que sentimos pode trazer efeitos complicados na nossa vida, já que pode nos levar a adoecer.


Liliana Emparan
Psicanalista e Psicopedagoga do LIEN Clínica e Assessoria

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Cinema e Psicanálise


HANAMI – CEREJEIRAS EM FLOR
(KIRSCHBLÜTEN – HANAMI)
(Alemanha, 2008)
Direção: Doris Dörrie

Sinopse:

“Apenas Trudi sabe que seu marido Rudi está sofrendo de uma doença terminal e ela precisa decidir se vai contar a ele ou não. O médico sugere que eles façam algo junto, como realizar um velho sonho. Trudi decide não contar ao marido sobre a gravidade de sua doença e aceita o conselho do médico. Ela há muito tempo gostaria de ir ao Japão, mas primeiramente convence Rudi a visitar seus filhos e netos em Berlim. Quando chega na cidade, o casal percebe que os filhos estão tão ocupados com suas próprias vidas que não têm tempo para sair com eles. Na segunda viagem que Rudi aceita fazer com a esposa, ela morre repentinamente. Rudi fica devastado e não tem a menor ideia do que fazer. Através do contato com a amiga de sua filha, Rudi compreende que o amor de Trudi por ele havia feito com que ela deixasse de lado a vida que queria viver. Ele começa a vê-la com outros olhos e promete compensar sua vida perdida embarcando em uma última jornada, para o Japão, na época do festival das cerejeiras, uma celebração da beleza, da impermanência e de um novo começo”.

(Fonte: www.mostra.org)


Comentários:

O longa faz um intercâmbio cultural inusitado, entre Alemanha e Japão, expressando a cultura oriental pelo lugar (Monte Fuji) e pela dança (Butoh). Entrelaçado com os personagens é um filme sobre mudanças e imprevisibilidade.
Diante da finitude da vida a dor e diante da perda a reparação, a descoberta, a transformação.
O elo amoroso sendo sustentando e expresso através do sonho, do desejo e da arte. Um personagem solitário que se redescobre e estabelece uma sustentabilidade afetiva com o mundo. Diante da rejeição dos filhos, de ser um fardo como pai e também viúvo, ele se depara com segredos de sua companheira e se dá conta do quanto ela se privou por ele, abdicando de seus interesses. Na tentativa de realizar o maior desejo da esposa ele parte para uma jornada inusitada, conhece uma garotinha solitária e se depara com situações e experiências totalmente novas. Para um homem que se contentava com tão pouco, ele aprende e muito. E mantêm o elo afetivo vestindo o suéter da esposa, como que a conduzindo nesta trama.
É interessante associar a busca do personagem através do Butoh, que trás uma simbologia de volta as origens, aos mistérios da vida. O Butoh surge na década de 70 com a proposta de ser mais que uma expressão artística, mas filosófica, sobre questões intocáveis e que mexe com tabus. Representa emoções vivas, enclausuradas. O caminho, a busca para uma nova identidade. Rejeitando a superficialidade e o banal do dia a dia.
O Butoh é o corpo morto, a alma vazia e livre para se expressar.


"É preciso desabrochar até onde for possível, com toda a alma".
(Kazuo Ohno)

Fica a dica deste filme que nos convida a refletir com muita beleza sobre as transformações da vida!

Vanessa M. da Ponte
Psicóloga do Lien Clínica e Assessoria



quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Linguagem e Comunicação


AFINAL, O QUE É A 'FONOAUDIOLOGIA ESTÉTICA'?



No mundo atual, a comunicação tem um papel importante nas relações interpessoais e profissionais. A comunicação é realizada por meio de aspectos verbais – referente ao conteúdo da mensagem - e não verbais – referentes a expressividade corporal, gestual entre outras.
A expressividade é, trocando em miúdos, uma linguagem corporal que cada pessoa possui para se manifestar. Conhecer os próprios gestos habituais faz com que cada indivíduo consiga tirar o melhor proveito de suas habilidades e possibilidades e apreender outras que possam somar na significação de seus gestos. A expressividade facial é de suma relevância neste contexto, pois ela é uma das responsáveis por declarar a adequação ou não de uma mensagem. Para possuir uma linguagem facial pertinente e em conformidade com o sentimento que se quer transmitir, é necessário, além do autoconhecimento gestual, que haja possibilidades de expressão plena, ou seja, que haja uma disponibilidade motora e estética para uma significação efetiva.
Com o passar do tempo, as musculaturas do rosto e do pescoço se alongam ou se contraem gerando flacidez, sulcos e formando rugas de expressão. Há a possibilidade de minimizar estas marcas promovendo uma adequação da musculatura.
A Fonoaudiologia Estética auxilia nessa adequação ao promover a reorganização muscular, suavizando os efeitos decorrentes dos hábitos faciais adquiridos ao longo do tempo. O trabalho do fonoaudiólogo inicia-se com uma análise da mímica facial, da postura e de funções como a respiração e a mastigação. A partir de então é traçado um plano de tratamento exclusivo para cada sujeito, que consiste em técnicas de relaxamento, manipulação da musculatura e exercícios. Esta prática é indolor e não invasiva e é um trabalho conjunto entre o fonoaudiólogo e seu paciente.


Elisângela Bassi
Fonoaudióloga - Lien Clínica e Assessoria

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Pensamentos e Reflexões


“Do mesmo modo que o metal enferruja com a ociosidade e a água parada perde sua pureza, assim a inércia esgota a energia da mente” Leonardo da Vinci

Muitas vezes o medo, a incerteza, a falta de confiança nos mantém presos ao conhecido.

É fato que podemos estar mais seguros neste lugar, porém essa atitude ou a falta dela, nos aprisiona!

Aproveite esse momento do ano para refletir sua maneira de levar a vida, faça os ajustes necessários, afinal um novo ano se aproxima e com ele a possibilidade de fazer diferente.

Abraço
Roberta Marin Passos
Psicóloga – Lien Clínica e Assessoria

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Cinema e Psicanálise


Precisamos Falar Sobre o Kevin
(We need to talk about Kevin)

Diretora: Lynne Ramsay
(EUA, Reino Unido, 2011).

Sinopse:
Eva mora sozinha e teve sua casa e carro pintados de vermelho. Maltratada nas ruas, ela tenta recomeçar a vida com um novo emprego e vive temerosa, evitando as pessoas. O motivo desta situação vem de seu passado, da época em que era casada com Franklin, com quem teve dois filhos: Kevin e Lucy. Seu relacionamento com o primogênito, Kevin, sempre foi complicado, desde quando ele era bebê. Com o tempo a situação foi se agravando, mas mesmo conhecendo o filho muito bem, Eva jamais imaginaria do que ele seria capaz de fazer.

(Fonte: Adorocinema)

Comentários:

Adaptado do romance de Lionel Shriver, onde a protagonista Eva escreve cartas ao pai de seu filho, Kevin, em um relato sincero e realista sobre suas escolhas.
Eva é uma escritora que viaja pelo mundo, tem um estilo de vida privilegiado e num certo momento decide mudar, casar e ter filhos. A maternidade a impacta, pois se dá conta que não está preparada (abdicando de suas aventuras e liberdade) e consequentemente se depara com a dificuldade em se relacionar com seu bebê, sentindo-se culpada e incapaz.


Há cenas com um tom de vermelho dominante, tanto na representatividade do passado de Eva, com sua jovialidade e alegria (se esbaldando numa tradicional festa de tomates na Espanha), como diante da tragédia envolvendo seu filho e sua vida.

Acompanhamos no longa a tentativa de uma mãe que fracassa em buscar a afetividade em seu filho. Kevin demonstra frieza e agressividade, ridicularizando-a o tempo todo. O pai parece ignorar a realidade dos fatos e sucumbe as vontades e atenção do filho. Conforme Kevin cresce tornando-se adolescente, demonstra a sua capacidade em ironizar, manipular e ser cruel, principalmente com a chegada da irmã caçula.

Será que podemos fazer uma relação entre desamor e sociopatia?


O filho de Eva se enquadra numa estrutura perversa, com comportamento antissocial. Ele reage com prazer em gerar angústia nos outros e desrespeito à mãe, enfrentando as leis e condutas sociais, com ausência de remorso e culpa, com egoísmo e vaidade. O perverso burla para mostrar como a lei é fraca. Busca alcançar seus interesses sem medir escrúpulos, usando da sua inteligência e sedução. Chega a se relacionar, mas com falsa consistência. Não consegue estabelecer empatia, de se colocar no lugar do outro, de se arrepender.

“Só porque você se acostuma com algo não quer dizer que você gosta”.
(Fala de Kevin no filme).

Fica a dica deste filme tenso e realista!

Vanessa M. da Ponte
Psicóloga do Lien Clínica e Assessoria

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Cinema e Psicanálise



Mary & Max – Uma Amizade Diferente
(Mary and Max)
Austrália, 2010
Diretor: Adam Elliot

Sinopse:
Mary Daisy Dinkle é uma menina solitária de oito anos, que vive em Melbourne, na Austrália. Max Jerry Horovitz tem 44 anos e vive em Nova York. Obeso e também solitário, ele tem Síndrome de Asperger. Mesmo com tamanha distância e a diferença de idade existente entre eles, Mary e Max desenvolvem uma forte amizade, que transcorre de acordo com os altos e baixos da vida.
(Fonte: Adorocinema)


Comentários:

Animação para adultos feita de massinha, que assume um tom melancólico e bizarro e que retrata o isolamento dos personagens em suas duras realidades: Mary é uma menina que precisa conviver com o alcoolismo da mãe, a ausência do pai (que trabalha muito e empalha pássaros como hobby) e sua dificuldade em fazer amizades. É esnobada na escola e tem apenas um amigo, um galo. Max, um adulto com dificuldades em se relacionar com as pessoas que passa a maior parte do tempo trancafiado em seu apartamento com seus bichos. Ambos adoram chocolate e tem um desenho predileto em comum. A animação é baseada em uma história real e descreve a existência de seus personagens pela intensa correspondência de mais de 20 anos.

“A Síndrome de Asperger ou autismo de alto rendimento, caracteriza pessoas que apresentam desde a infância dificuldades de comunicação e interação, isolamento, padrão restrito e repetitivo de interesses, que podem interferir parcialmente no desenvolvimento cognitivo. Desenvolvem interesse duradouro em atividades (como música, matemática ou memorização), que desempenham com muita habilidade”.


Leiam um trecho de uma das cartas de Max para Mary depois de um longo período de ausência:

“Cada vez que eu recebia uma carta sua, tinha um sério ataque de ansiedade... Tenho síndrome de Asperger. Acho o mundo muito confuso e caótico, porque minha mente é muito lógica e literal. Sou hipersensível, desajeitado e tenho dificuldades para expressar minhas emoções. Meu médico diz que meu cérebro é defeituoso, mas que um dia haverá cura para essa minha incapacidade. Não gosto quando ele diz isso. Não me sinto defeituoso, como se precisasse ser curado. Seria como tentar mudar a cor dos meus olhos. Só tem uma coisa que eu gostaria de mudar: gostaria de conseguir chorar corretamente. Tento, tento, mas não sai nada...”.

Fica a dica desta animação sensível que fala sobre o pertencimento!

Vanessa M. da Ponte
Psicóloga do Lien Clínica e Assessoria

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Reflexões Psicanalíticas


Balanço de fim de ano









Estamos muito próximos ao final do ano, momento no qual empresas e pessoas costumam pensar no ano que finda, realizando o que se acordou em chamar “balanço”.
A palavra balanço em português tem vários sentidos que remetem a movimento, tais como:
1 Movimento alternado em sentidos opostos; oscilação.
2 Aparelho de diversão para balançar.
3 Abalo, sacudidela, solavanco.
4 Econ. Exposição pormenorizada do ativo e passivo de qualquer empresa comercial, sociedade ou instituição; levantamento contábil que demonstra a situação econômico-financeira de uma empresa.
5 Rádio, Telev. e Cin. Combinação de música, vozes e efeitos para que tenham o necessário equilíbrio; arranjo, em boa proporção, de elementos visuais diversos.

Este movimento, este “balanço”, no entanto, acredita-se deve estar em equilíbrio, por exemplo, entre o que se gastou e recebeu, entre a energia dispensada e o que se obteve, entre os sons graves e agudos etc. Desta forma, poderíamos pensar que um bom “balanço” demonstra equilíbrio de forças. No entanto, no segundo sentido, a palavra balanço remete ao brinquedo, a um movimento mais ousado.
Quem não se lembra da dificuldade em aprender a balançar mexendo nosso próprio corpo para frente e para trás? De vencer o medo da altura, da vertigem do movimento? De conquistar o prazer que pode nos proporcionar a liberdade e a curta sensação de que voamos?
Freud, pai da Psicanálise, era um estudioso da etimologia e da ambigüidade de sentidos que as palavras oferecem. No nosso caso, a palavra balanço tem múltiplos sentidos que mostram contradição. A significação que é sinônimo de equilíbrio pode nos levar a uma falsa ideia de que conquistamos algo somente quando tudo está equilibrado, o que na verdade pode ser enganoso: no equilíbrio não saímos do lugar, é quando ainda nem nos “balançamos”. O sentido dos “balanços pessoais” deveria ser o de pensarmos quão ousados fomos, o quanto conseguimos superar os nossos medos, o quanto arriscamos por um desejo, seja no âmbito profissional ou pessoal, (e assumimos suas conseqüências!), o quanto fomos sinceros conosco, o quanto nos permitimos ser livres.

Ao fazer o seu “balanço” pessoal pense nisso!

Liliana Emparan
Psicanalista e Psicopedagoga do Lien Clínica e Assessoria

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Dica de Leitura






Título: Cisnes Selvagens : três filhas da China
Título original: Wild swans: three daughters oh China
Autor(a): Jung Chang
Editora: Companhia das Letras
Numero de páginas: 638
Tradução: Marcos Santarrita


Sinopse: Dos costumes ancestrais às violentas reviravoltas do comunismo, a China passou, em algumas décadas, por uma das mais radicais e amplas transformações já vistas na história da humanidade. Mergulhando nas memórias familiares de três gerações de mulheres, Cisnes selvagens é o relato verdadeiro, com todos os acentos do drama épico, de uma família que tenta preservar a própria humanidade em meio à vertigem e ao horror da trajetória da China neste século.

Comentário: Esse livro tem como cenário as várias fases da China, retratando a ditadura e a forma como as pessoas se rendiam ou eram rendidas a ela. A história gira em torno da cativante vida da avó, da mãe e da neta que, em meio a todo esse contexto social, buscam sobreviver e ajudar umas às outras.



Elisângela Bassi
Fonoaudióloga - Lien Clínica e Assessoria.

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Dica de Leitura




Livro: MANIA DE EXPLICAÇÃO
Autora: Adriana Falcão
Ilustrações: Mariana Massarani
Editora: Salamandra/Moderna

Comentários:

Adriana Falcão é uma talentosa escritora e roteirista.
O livro já foi adaptado para o teatro e dedicado a sua filha na época com nove anos de idade.
O livro utiliza a imaginação de uma menina que tenta explicar palavras e coisas de forma simples.

“Explicação é uma frase que se acha mais importante que a palavra”

O livro descreve palavras como Irritação, Solidão, Tristeza, Desculpa, Vontade, Exemplo, Felicidade e muitas outras...

As ilustrações são tão criativas como as explicações e enriquecem o universo infantil, possibilitando a comunicação entre crianças e adultos.

“Desilusão é quando anoitece em você contra a vontade do dia.”

“Sentimento é a língua que o coração usa quando precisa mandar algum recado.”


Fica a dica deste livro nostálgico e sensível!


Vanessa M. da Ponte
Psicóloga do Lien Clínica e Assessoria

Reflexões Psicanalíticas


Máscaras
Adereço antigo, a máscara esteve presente nos teatros gregos, ganhou simbolismos e significados variados ao longo do tempo. Pode ser utilizada de forma lúdica, religiosa e artística.
Psicologicamente serve como “disfarce”, ou seja, podemos assumir outra identidade, muitas vezes mais confortável do que a real. Assim, muito mais do que esconder, ela pode transformar a vida de quem a possui.
Muitas podem ser nossas máscaras, só nós as conhecemos e só nós sabemos o preço que pagamos para mantê-las. Será que não tê-las seria muito mais caro?
Termino essa pequena reflexão com a frase abaixo que propõe um desafio à própria fraqueza.
“Encontra o caminho aquele que rompe as próprias máscaras, encara a verdade sobre si mesmo, experimenta a amplitude de sua vulnerabilidade e age, superando-se continuamente.” (Maria Aparecida Giacomini Dóro)

Grande abraço,
Roberta Marin Passos
Psicóloga – Lien Clínica e Assessoria

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Pensamentos e Reflexões


Todos, Alguém, Qualquer Um e Ninguém.

Esta é uma história de quatro pessoas:
Havia um trabalho importante a ser feito e todos tinham certeza de que ALGUÉM o faria.
QUALQUER UM poderia tê-lo feito, mas NINGUÉM o fez.
ALGUÉM se zangou porque era um trabalho de TODOS.
TODO MUNDO pensou que QUALQUER UM poderia fazê-lo, mas NINGUÉM imaginou que TODO MUNDO deixasse de fazê-lo.
Ao final, TODOS culparam ALGUÉM quando NINGUÉM fez o que QUALQUER UM poderia ter feito.
(Autor desconhecido)

É fato que delegar ou se excluir pode evitar problemas, assim como, limitar o seu crescimento!
Alguma dessas pessoas seria você?
Avalie suas atitudes diante da vida.

Grande abraço
Roberta Marin Passos
Psicóloga - Lien Clínica e Assessoria

domingo, 11 de novembro de 2012

Cinema e Psicanálise


EXÍLIOS
(Exils)
França, 2004
Diretor: Tony Gatlif
Sinopse:
O músico Zano propõe à sua amante Naïma que ambos façam uma viagem até a Argélia, país de onde seus pais emigraram décadas atrás. Eles atravessam a França e a Espanha até que, tomados por um forte sentimento de liberdade, abandonam-se aos ritmos sensuais da Andaluzia. De um encontro a outro, eles cruzam o Mediterrâneo e terminam a viagem com a promessa da descoberta de si mesmo.


TRANSYLVANIA
França, 2006
Diretor: Tony Gatlif
Sinopse:
Zingarina é uma mulher grávida que viaja com a amiga Marie rumo à Transilvânia, na Romênia. Ela está à procura do homem que ama, Milan, que conheceu na França, mas foi embora sem qualquer explicação. Ao reencontrá-lo, Milan rejeita Zingarina. Sua vida apenas melhora quando ela conhece Tchangalo, um homem solitário que, assim como ela, é livre.

(Fonte: Adorocinema)

Comentários:

Fica a dica destes dois exóticos filmes do diretor Gatlif que é argelino e descendente de ciganos.

O premiado ‘Exílios’ reconstrói de maneira inversa o caminho do exílio feito pelos pais de um jovem casal, em um filme de encontro com as raízes e de retorno às origens.


‘Transylvania’ é um filme que trata de paixão, abandono e rejeição.

São filmes que falam de descobertas, liberdade, identidade e de herança familiar. Adentramos culturas muito distintas, com forte apelo musical e que expressam paixão e sensualidade. Aos poucos vamos deixando de lado nossas referências culturais, diante de um mundo cada vez mais globalizado e estático. Afinal, são filmes sobre raízes, exilados e ciganos. E são envolventes como a tradição cultural cigana, que apresenta uma complexa diversidade. O nomadismo cigano assumido como experiência, pelas perseguições e exílios através dos tempos. Uma cultura que assume um estilo de vida alternativo e elabora sua identidade de maneira intensa, pois constrói a semelhança com base na experiência profunda das diferenças.


Termino com uma frase do filme ‘Exílios’ que expressa este sentimento de “clandestinidade” diante da vida:

“Sou estrangeira em qualquer lugar”.

Vanessa M. da Ponte
Psicóloga do Lien Clínica e Assessoria

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Dica de Leitura


Original: 生活
Autor(a): Yu Hua
Editora: Companhia Das Letras
Numero de páginas: 210
Tradução: Márcia Schmaltz


Sinopse: Meio século de história contemporânea chinesa fornece o pano de fundo para esta saga comovente, que começa nos anos 1940 e segue até os dias de hoje. Viver é uma epopeia familiar marcada pela tragédia pessoal e pelos acontecimentos que deram origem à China contemporânea.

Oi pessoal, segue mais uma dica de leitura.
Hoje a dica é para o livro Viver, de Yu Hua. Nossa, sabe aquelas histórias que a gente vai se envolvendo e achando que a história não pode piorar, mas aí vem algo bombástico e faz você perceber que estava redondamente enganado? Pois é, é esse o caso. Pode parecer estranho alguém dizer isso e indicar a leitura, mas, acreditem, é um excelente livro. É um livro envolvente, que faz com que prendamos a respiração em uns trechos e nos faz pensar nele de repente durante o dia. Difícil ler em um fôlego só, pois é tudo muito intenso. Bom, pelo menos foi assim comigo. De qualquer maneira, vale a pena conhecer um escritor novo, um estilo diferente.
Espero que gostem.
Um abraço,

Elisângela Bassi
Fonoaudióloga – Lien Clínica e Assessoria.

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Pensamentos e Reflexões


A coragem de enfrentar seus medos
Diz uma antiga fábula que um camundongo vivia angustiado com medo do gato.
Um mágico teve pena dele e o transformou em gato. Mas aí ele ficou com medo de cão, por isso o mágico o transformou em pantera.
Então ele começou a temer os caçadores.
A essa altura o mágico desistiu. Transformou-o em camundongo novamente e disse:
-- Nada que eu faça por você vai ajudá-lo, porque você tem apenas a coragem de um camundongo. É preciso coragem para romper com o projeto que nos é imposto. Mas saiba que coragem não é a ausência do medo, é sim a capacidade de avançar, apesar do medo; caminhar para frente; e enfrentar as adversidades, vencendo os medos...
É isto que devemos fazer. Não podemos nos derrotar, nos entregar por causa dos medos.
Senão, jamais chegaremos aos lugares que tanto almejamos em nossas vidas...

“A vida começa onde termina o medo” Osho

Abraço
Roberta Marin Passos
Psicóloga – Lien Clínica e Assessoria

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Cinema e Psicanálise


A DELICADEZA DO AMOR

(França, 2012)
Direção: David e Stéphane Foenkinos

Sinopse:

Em luto há três anos pela morte do marido, a francesa Nathalie é paquerada por Markus Lundl, um colega de trabalho sueco. Esse casal incomum embarca em uma jornada emocional, que suscita todo tipo de questões e hostilidade no trabalho.
(Fonte: Cineclick)

Comentários:

O filme mostra que tipos de escolhas podem ser feitas através do enlace amoroso. Estamos diante de uma bela jovem que por conta de uma fatalidade é forçada a renunciar de seu grande amor. Depois de um luto de anos e de se dedicar exclusivamente ao trabalho, vemos o assédio sobre a jovem por parecer estar disponível e por naturalmente despertar o interesse no sexo oposto (por sua beleza ou por seu descaso?). Mas, o inusitado se apresenta e o rapaz que desperta seu interesse parece ser o mais desinteressante de todos. Aqui a beleza não é fundamental...


O casal vivência situações constrangedoras e algumas contrariedades tanto pela desaprovação dos colegas de Nathalie pela inusitada escolha amorosa como pelo impasse da relação.
O filme faz uma reflexão sobre a tendência de aceitarmos uma determinada condição (pelo que é esperado, satisfatório e agradável). Mas, muitas vezes despreparados para o inesperado e desconhecido. Principalmente diante das imposições dos padrões estéticos...

É um filme sobre as diferenças, sobre a imprevisibilidade da escolha e por onde circula o desejo. Para o que ofusca e brilha, para o que encanta pelo que se é.
Pensando no conto de fadas francês 'A Bela e a Fera’, acompanhamos a transformação da ‘bela Nathalie’, diante da renúncia e novamente pelo desejo de amar, com toda sua delicadeza e beleza...

“… foi no coração de todas essas Nathalies que eu resolvi me esconder.” (comentário de Markus no final do filme).

Fica a dica deste filme encantador!

Vanessa M. da Ponte
Psicóloga do Lien Clínica e Assessoria

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Dica de Leitura






Original: The white tiger
Autor(a): Aravind Adiga
Editora: Nova Fronteira
Numero de páginas: 263
Tradução: Maria Helena Rouanet


Sinopse: No livro de estréia de Aravind Adiga, o leitor conhece Balram Halwai, filho de um puxador de riquixá, disposto a fazer qualquer coisa para subir na vida. O principal foco neste romance é a população pobre da India, que ficaram de fora do boom econômico daquele país. O mote principal do livro é a miséria que atinge o povo e da qual não se consegue escapar pois não interessa o desejo de fuga. No entanto, Balram tem o sonho de sair da miséria e ingressa numa jornada em Délhi e Bangalore, disposto a fazer de tudo para subir na vida.

Este livro conquistou o Man Booker Prize 2008, a principal premiação britânica de romances. Em tom irônico e sarcástico, deparamo-nos com uma história intensa e perturbadora que, aliada ao choque cultural do nosso olhar ocidental, faz com que a leitura ganhe uma certa fluidez em alguns momentos e nos causem repulsa em outros. Vale a pena ler!

Um abraço,
Elisângela Bassi
Fonoaudióloga - Lien Clínica e Assessoria

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Pensamentos e Reflexões


Crescer


Ser cada dia um pouco mais nós mesmos. ...
Dar espontaneamente sem cobrar inconscientemente. ...
Aprender a ser feliz de dentro para fora. ...
Buscar no próximo um meio de nos prolongarmos. ...
Sentir a vida na natureza. ...
Entender a morte como natural da vida. ...
Conseguir a calma na hora do caos. ...
Ter sempre uma arma para lutar e uma razão para ir em frente. ...
Saber a hora exata de parar e buscar um algo novo.
Não devanear sobre o passado, mas trabalhar em cima dele para o futuro. ...
Reconhecer nossos erros e valorizar nossas virtudes. ...
Conseguir a liberdade com equilíbrio para não sermos libertinos. ...
Exigir dos outros, apenas o que nós damos a eles. ...
Realizar sempre algo edificante. ..
Ser responsável por nossos atos e por suas consequências. ...
Entender que temos o espaço de uma vida inteira para crescer. ...
Amarmo-nos para que possamos amar os outros como nós mesmos. ...
Assumir que nunca seremos grandes,
mas que o importante é estar sempre em crescimento. (Andressa Silva)

A difícil arte de crescer!
Você se identificou ou percebe que é o eterno Peter Pan??????
É fato que quando seguimos adiante, deixamos coisas para trás.....mas não podemos esquecer também, que conquistamos outras.
Cresça e apareça!!!


Um abraço
Roberta Marin Passos
Psicóloga – Lien Clínica e Assessoria

segunda-feira, 29 de outubro de 2012


Filme: ESTÔMAGO
Diretor: Marcos Jorge
Brasil, 2008

Sinopse:
Raimundo Nonato foi para a cidade grande na esperança de ter uma vida melhor. Contratado como faxineiro em um bar, logo ele descobre que possui um talento nato para a cozinha. Com suas coxinhas Raimundo transforma o bar num sucesso. Giovanni, o dono de um conhecido restaurante italiano da região, o contrata como assistente de cozinheiro. A cozinha italiana é uma grande descoberta para Raimundo, que passa também a ter uma casa, roupas melhores, relacionamentos sociais e um amor: a prostituta Iria.


Filme: O TEMPERO DA VIDA
Diretor: Tassos Boulmetis
Grécia, Turquia, 2003

Sinopse:
Fanis é um garoto grego que vive em Istambul, na Turquia. Seu avô, Vassilis, é um filósofo culinário que o ensina que tanto a comida quanto a vida precisam de um pouco de sal para ganhar sabor. Ao crescer Fanis se torna um astrofísico, que usa seus dotes de culinária para temperar as vidas das pessoas que o cercam. Ao completar 35 anos ele decide deixar Atenas e retornar a Istambul, para reencontrar seu avô e também seu primeiro amor.


Filme: CHOCOLATE
Diretor: Lasse Hallström
Reino Unido, EUA, 2000

Sinopse:
Vianne Rocher, uma jovem mãe solteira, e sua filha de seis anos resolvem se mudar para uma cidade rural da França. Lá decidem abrir uma loja de chocolates que funciona todos os dias da semana, bem em frente à igreja local, o que atrai a certeza da população de que o negócio não vá durar muito tempo. Porém, aos poucos Vianne consegue persuadir os moradores da cidade em que agora vive a desfrutar seus deliciosos produtos, transformando o ceticismo inicial em uma calorosa recepção.


Filme: FESTA DE BABETTE
Diretor: Gabriel Axel Dinamarca , 1987

Sinopse:
Dois adolescentes vivem com o pai, um rigoroso pastor luterano, em um pequeno vilarejo da costa dinamarquesa. Em uma noite de 1871, bate à sua porta uma parisiense pedindo refúgio: Babette foge da repressão à Comuna de Paris e se oferece para ser a cozinheira e faxineira da família. Muitos anos depois, ainda trabalhando na casa, ela recebe a notícia de que ganhara uma fortuna numa loteria em Paris. Em vez de voltar à terra natal, resolve ficar e gastar o dinheiro em um autêntico jantar francês que oferece à comunidade, aproveitando para comemorar o centésimo aniversário do pastor. Seu banquete impressionou os convidados. Babette foi chef de cozinha francesa e trabalhou no chique Café Anglais (que existiu de verdade). O diretor trata a comida como "forma de elevação espiritual".

(Fontes: adorocinema+cineclick)

Comentários:

São filmes de nacionalidades e estilos próprios que abordam temas que relacionam comida e afeto.

No original ‘Estômago’ vemos um personagem comum da vida cotidiana que aos poucos muda sua vida pelo talento em cozinhar. Dramas e dons culinários misturados num filme visceral. Como comenta o próprio diretor: “O homem é o único animal que cozinha”.

Em ‘O Tempero da Vida” vemos a relação do alimento como ensinamento, sabores e temperos cheios de significados através da herança familiar.

No delicioso ‘Chocolate’ acompanhamos a saga da protagonista em ser aceita em sua nova moradia e que aos poucos conquista à todos, através das emoções e sentimentos expressos por quem degusta seus deliciosos chocolates.

No excelente ‘Festa de Babette’ a talentosa e misteriosa protagonista abdica de sua vida, é bem recebida pelos moradores de um vilarejo e os recompensa com um jantar magnífico, despertando muitas emoções, em um filme de nobres sentimentos, como o reconhecimento e a gratidão.

Relacionar alimento e afeto faz parte da condição humana. O ato de se alimentar não significa somente se nutrir, saciar a fome física, sendo também um ato emocional. Desde a amamentação, canal de comunicação entre a mãe e o bebê (relacionando alimento e afeto), a alimentação tem um significado fundamental, pois pode expressar conforto, proteção, carinho e tranquilidade. Uma comida saborosa exala prazer e bem-estar. Os banquetes, jantares, reuniões sociais e refeições familiares propiciam a comunicação entre as pessoas onde o ato de comer é compartilhado.
A alimentação pode também se relacionar com desprazer através das patologias, seja pelo exagero e compulsão (obesidade, bulimia) como pela privação (anorexia). E os jejuns alimentares por livre arbítrio evidenciam causas religiosas, políticas e sociais.

São muitos os temas e filmes que envolvem o assunto, evidenciando a importância da alimentação como significado emocional. O cinema como a vida, nos reporta ao tema de forma criativa e nos convida à reflexão de que modo podemos nos relacionar com a comida e também com os nossos sentimentos!

“Não existe amor mais sincero do que aquele pela comida”.
(George Bernard Shaw)


Vanessa M. da Ponte
Psicóloga do Lien Clínica e Assessoria

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Reflexões Psicanalíticas


Evitar o Sofrimento

Privamo-nos para mantermos a nossa integridade, poupamos a nossa saúde, a nossa capacidade de gozar a vida, as nossas emoções, guardamo-nos para alguma coisa sem sequer sabermos o que essa coisa é. E este hábito de reprimirmos constantemente as nossas pulsões naturais é o que faz de nós seres tão refinados. Porque é que não nos embriagamos? Porque a vergonha e os transtornos das dores de cabeça fazem nascer um desprazer mais importante que o prazer da embriaguez. Porque é que não nos apaixonamos todos os meses de novo? Porque, por altura de cada separação, uma parte dos nossos corações fica desfeita. Assim, esforçamo-nos mais por evitar o sofrimento do que na busca do prazer. (Sigmund Freud, in 'As Palavras de Freud)'

Qualquer pessoa diria o contrário, estamos em busca do prazer, sempre!
Em cima disto quero propor uma reflexão: suas escolhas são pautadas na busca do prazer ou no afastamento do sofrimento?
Descobrir isso poderá te libertar de algumas amarras e trazer novo sentido a vida.
Quando evitamos o sofrimento também evitamos viver, afinal viver causa dor: perdemos, lapidamos nosso conhecimento com a falta dele, fazemos escolhas e abrimos mão de algumas coisas para abraçar outras.
Evitar o sofrimento nos leva a uma prisão e ao contrário do que se imagina, sofremos também. É ilusão acreditar que enganamos o sofrimento.
Como ele faz parte deste jogo, que é viver, precisamos incorporá-lo, não para definharmos, mas para crescer, numa vida mais real, sem amarras ou grilhões.

Um grande abraço
Roberta Marin Passos
Psicóloga – Lien Clínica e Assessoria

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Cinema e Psicanálise


Tão forte Tão perto







Sinopse e detalhes
Oskar Schell (Thomas Horn) é um garoto muito apegado ao pai, Thomas (Tom Hanks), que inventou que Nova York tinha um distrito hoje desaparecido para fazer com que o filho tivesse iniciativa e aprendesse a falar com todo tipo de pessoa. Thomas estava no World Trade Center no fatídico 11 de setembro de 2001, tendo falecido devido aos ataques terroristas. A perda foi um baque para Oskar e sua mãe, Linda (Sandra Bullock). Um ano depois, Oskar teme perder a lembrança do pai. Um dia, ao vasculhar o guarda-roupas dele, quebra acidentalmente um pequeno vaso azul. Dentre há um envelope onde aparece escrito Black e, dentro dele, uma misteriosa chave. Convencido que ela é um enigma deixado pelo pai para que pudesse desvendar, Oskar inicia uma expedição pela cidade de Nova York, em busca de todos os habitantes que tenham o sobrenome Black.


Comentários: Oskar é um garoto que possui grandes dificuldades para relacionar-se com as pessoas e para entrar em contato com o que sente. Tudo isto o apavora. Seu pai percebendo estas dificuldades tenta apresentar o mundo através de uma certa lógica, onde a causalidade e a pesquisa científica ganham destaque.
A morte de seu pai representa para Oskar a ruptura dessa frágil tentativa de laço com o mundo. A vida de repente não tem sentido, assim ele precisa encontrar um. Tentando acreditar na lógica, vai atrás de uma pista supostamente deixada pelo seu pai. Isto o faz entrar em contato com pessoas de vários tipos. No meio disto encontra uma pessoa que descobre ser seu avô, pai de seu pai. Ele também tem grandes dificuldades de relacionamento, e devido a uma situação traumática não fala. A surpreendente relação mantida com esse idoso avô fará com que precise falar e intente compreender a dor do outro. Este aspecto essencial da nossa condição humana estava seriamente prejudicado no Oskar.
No final descobre que a pista não foi deixada pelo seu pai, percebendo que a morte de seu pai não tem em si um sentido ou uma causa que possa explicá-la. Isto o faz voltar-se para sua vida e para sua mãe com quem mantinha uma relação conflitiva e distante.

Liliana Emparan
Psicanalista e Psicopedagoga do LIEN- Clínica e Assessoria

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Pensamentos e Reflexão





“O alto custo de se apegar às coisas”


"... se conservamos coisas que não queremos ou não usamos mais, isso de fato nos custa algo a mais, nem que seja o tempo gasto organizando-as e contemplando-as.
- Por que exatamente você tem o que tem?
- Do que poderia se livrar sem sentir falta?
- Ainda preciso disso?
- Quanto está me custando possuir isso?
Talvez o apego às coisas venha em parte da noção de que precisamos estar preparados para tudo. Raramente consideramos como é insignificante a consequência quando nos falta algo ou ficamos despreparados. Nem consideramos como é alta a consequência de estarmos preparados demais. Tal consequência, frequentemente, vai além do custo financeiro. Talvez seja útil pensar: tenho espaço físico, emocional e mental para trazer mais uma coisa para a minha vida?
...o objetivo é ter clareza sobre por que você possui o que possui e o que exatamente isso pode lhe custar”.*

(*Trechos do ensaio do planejador financeiro Carl Richards, fonte: ‘The New York Times’).




Comentários:

Apesar do texto destacar a ideia de que raramente consideramos o que possuímos e dar dicas de como se desvencilhar de coisas materiais não mais utilizadas e acumuladas no decorrer da vida, podemos pensar sobre isso no que se refere aos sentimentos. Afinal, quantas vezes não reagimos da mesma maneira em determinadas situações?Muitas vezes por acomodação e por sabermos exatamente aonde iremos chegar. É possível articular com as pessoas de maneira espontânea e sincera? É possível expressar nossos sentimentos, com gentileza, mas com firmeza?Qual a nossa tolerância diante de situações desagradáveis e contraditórias?O quanto nos subestimamos diante das hostilidades do dia a dia? É possível mudar a maneira que expressamos nossos sentimentos diante das pessoas queridas, que convivemos?
Que estes questionamentos fiquem como uma reflexão de tudo que “acumulamos” no decorrer da vida e da nossa capacidade de reciclar nossos sentimentos, podendo “jogar fora” o que não mais interessa, conservar o que faz sentido e quem sabe criativamente nos surpreender?

Vanessa M. da Ponte
Psicóloga do Lien Clínica e Assessoria

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Dica de Leitura



Original: The book thief
Autor(a): Markus Zusak
Editora: Intrínseca
Numero de páginas: 494
Tradução: Vera Ribeiro

Sinopse: Entre 1939 e 1943, Liesel Meminger encontrou a Morte três vezes. E saiu suficientemente viva das três ocasiões para que a Própria, de tão impressionada, decidisse nos contar sua história, (...). Desde o início da vida de Liesel na rua Himmel, numa área pobre de Molching, cidade desenxabida próxima a Munique, ela precisou achar formas de se convencer do sentido da sua existência. Horas depois de ver seu irmão morrer no colo da mãe, a menina foi largada para sempre aos cuidados de Hans e Rosa Hubermann, um pintor desempregado e uma dona de casa rabugenta. Ao entrar na nova casa, trazia escondido na mala um livro, "O Manual do Coveiro". Num momento de distração, o rapaz que enterrara seu irmão o deixara cair na neve. Foi o primeiro de vários livros que Liesel roubaria ao longo dos quatro anos seguintes.E foram estes livros que nortearam a vida de Liesel naquele tempo, quando a Alemanha era transformada diariamente pela guerra, dando trabalho dobrado à Morte. O gosto de roubá-los deu à menina uma alcunha e uma ocupação; a sede de conhecimento deu-lhe um propósito. E as palavras que Liesel encontrou em suas páginas e destacou delas seriam mais tarde aplicadas ao contexto a sua própria vida, sempre com a assistência de Hans, acordeonista amador e amável, e Max Vanderburg, o judeu do porão, o amigo quase invisível de quem ela prometera jamais falar. Há outros personagens fundamentais na história de Liesel, como Rudy Steiner, seu melhor amigo e o namorado que ela nunca teve, ou a mulher do prefeito, sua melhor amiga que ela demorou a perceber como tal. Mas só quem está ao seu lado sempre e testemunha a dor e a poesia da época em que Liesel Meminger teve sua vida salva diariamente pelas palavras, é a nossa narradora [a Morte]. Um dia todos irão conhecê-la. Mas ter a sua história contada por ela é para poucos.


A história deste livro é belíssima e, ao mesmo tempo, traz uma brutalidade avassaladora. A descrição dos acontecimentos, dos entrelaçamentos das relações, dos pensamentos e das atitudes nos faz querer ler o livro de uma vez só. O inusitado desta história é que a narradora é a morte, que encontra a personagem Liesel por três vezes durante a trama. É uma história que vale a pena ser lida, pois trata-se de um daqueles livros que você lamenta quando chega ao seu final. Fica mais essa dica!

Um abraço,

Elisângela Bassi
Fonoaudióloga - Lien Clínica e Assessoria

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Pensamentos e Reflexão


Só depende de nós...

"Hoje levantei cedo pensando no que tenho a fazer antes que o relógio marque meia noite. É minha função escolher que tipo de dia vou ter hoje.

Posso reclamar porque está chovendo ou agradecer às águas por lavarem a
poluição. Posso ficar triste por não ter dinheiro ou me sentir encorajado para administrar minhas finanças, evitando o
desperdício. Posso reclamar sobre minha saúde ou dar graças por estar vivo.

Posso me queixar dos meus pais por não terem me dado tudo o que eu queria ou posso ser grato por ter nascido. Posso reclamar por ter que ir trabalhar ou agradecer por ter trabalho. Posso sentir tédio com o trabalho doméstico ou agradecer a Deus por ter um teto para morar.

Posso lamentar decepções com amigos ou me entusiasmar com a possibilidade de fazer novas amizades. Se as coisas não saíram como planejei posso ficar feliz por ter hoje para recomeçar.
O dia está na minha frente esperando para ser o que eu quiser. E aqui estou eu, o escultor que pode dar forma.

Tudo depende só de mim."
(Charles Chaplin)

Aproveite a dica!
Faça diferente!
Boa reflexão
Abraço
Roberta Marin Passos
Psicóloga - Lien Clínica e Assessoria

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Cinema e Psicanálise


CARA OU COROA
Brasil, 2012
Diretor: Ugo Giorgetti

Sinopse: São Paulo, inverno de 1971. João Pedro é um diretor de teatro que está bastante atarefado com os ensaios para uma nova peça. Nas folgas do trabalho ele recebe ocasionalmente a visita de um integrante do Partido Comunista, que não compreende as opções estéticas e políticas da peça, parcialmente financiada pelo partido. Paralelamente, Getúlio e a namorada Lilian, ambos idealistas, decidem colaborar com a resistência à ditadura militar, abrigando dois fugitivos. Eles decidem escondê-los na casa do avô de Lilian, um militar da reserva.
(Fonte: Adorocinema)


TROPICÁLIA
Brasil, 2012
Diretor: Marcelo Machado

Sinopse: Tropicália aborda o importante movimento musical homônimo liderado por Caetano Veloso e Gilberto Gil, no final dos anos 60. O documentário resgata uma fase na história do Brasil em que cena musical fervilhava e os festivais revelavam vários novos talentos. Ao mesmo tempo, o país sobre com a ditadura dos generais no poder.
(Fonte: Cinedica)

Comentários:

Dois filmes importantes e históricos, sendo Tropicália um documentário com intenso trabalho de pesquisa, que retratam movimentos artísticos e culturais do nosso país no final da década de 1960. O Tropicalismo foi mais que um movimento musical, atingindo outras esferas da cultura, como a poesia, o cinema e as artes plásticas. No documentário contemplamos músicas poéticas, criativas e inovadoras de grande importância cultural, que revolucionaram o modo de fazer música e arte, criando novos padrões estéticos e influenciando toda uma geração.

Cara ou Coroa retrata um grupo de teatro no mesmo período, da ditadura militar no país, marcada pelo autoritarismo, perseguição, tortura e prisão dos seus opositores e pela censura aos meios de comunicação. Jovens artistas e estudantes se envolvendo ou não com causas políticas e lidando com a opressão diante da liberdade de opinião e da expressão artística.


Provavelmente expressar sonhos e desejos através da manifestação artística relaciona Arte e Psicanálise. A subjetividade se dá através de uma postura diante da vida, de um modo de viver diante de determinadas regras. A arte como subjetivação, na dimensão do inconsciente colocado na medida em que um ato precisa passar pelo corpo (seja pela voz, pelo olhar, pelo movimento...), através da sublimação artística.
As expressões artísticas e as experiências que definem a subjetividade envolvem particularidades de cada época, ocorrendo no tecido social e cultural, produzidas nos regimes de comportamentos e de tecnologias existentes.

Assistir aos longas, principalmente o documentário ‘Tropicália’, nos desloca para um tempo que não existe mais, com intensa carga emocional, expressadas através da arte e da ideologia. Um tempo em que a televisão ainda nascia, sem o advento de tanta tecnologia e que estar “conectado”, tinha outro significado, de “ser engajado”, período este sem o deleite da democracia e de tanta alienação...eternizados pelos registros artísticos e por tanto saudosimo, apesar de tudo.


Alguns trechos significativos das músicas mais populares do Tropicalismo, visto como movimento, utopia:

“Eu quis cantar
Minha canção iluminada de sol
Soltei os panos sobre os mastros no ar
Soltei os tigres e os leões nos quintais
Mas as pessoas na sala de jantar
São ocupadas em nascer e morrer...”
(Mutantes, Panis Et Circenses)

Por entre fotos e nomes
Sem livros e sem fuzil
Sem fome, sem telefone
No coração do Brasil...”
(Caetano Veloso, Alegria, Alegria)

“Baby baby
Há quanto tempo
Você precisa aprender inglês
Precisa aprender o que eu sei
E o que eu não sei mais
E o que eu não sei mais...”
(Baby, Roupa Nova)


Vanessa M. da Ponte
Psicóloga do Lien Clínica e Assessoria

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Linguagem e Comunicação

Como escrever?

“Quem escreve deve ter todo cuidado para a coisa não sair molhada. Quero dizer que da página que foi escrita não deve pingar nenhuma palavra, a não ser as desnecessárias. É como pano lavado que se estira no varal. Naquela maneira como as lavadeiras lá de Alagoas fazem seu ofício.
Elas começam com uma primeira lava. Molham a roupa suja na beira da lagoa ou do riacho, torcem o pano, molham-no novamente, voltam a torcer. Depois colocam o anil, ensaboam e torcem uma, duas vezes. Depois enxáguam, dão mais uma molhada, agora jogando a água com a mão.
Depois batem o pano na laje ou na pedra limpa e dão mais uma torcida e mais outra, torcem até não pingar do pano uma só gota. Somente depois de feito tudo isso é que elas dependuram a roupa lavada na corda ou no varal, para secar.
Pois quem se mete a escrever devia fazer a mesma coisa. A palavra não foi feita para enfeitar, brilhar como ouro falso, a palavra foi feita para dizer”.
Graciliano Ramos.

Essa metáfora entre o fazer das lavadeiras e o do escritor foi feita por Graciliano Ramos, em 1948, como resposta à pergunta sobre seu método de trabalho. Interessante pensar na escrita dessa maneira, não é?

Um abraço,

Elisângela Bassi.
Fonoaudióloga do Lien Clínica e Assessoria.

quarta-feira, 10 de outubro de 2012




O inquilino que há em mim!!!

Mesmo não havendo lei, a consciência é uma punição.
(Publílio Siro - escritor latino da Roma antiga)

É uma punição se existe consciência!
Quem é essa tal consciência que habita no ser? Será que todos têm um inquilino?
Nos dias de hoje até duvidamos dessa existência em algumas pessoas.
Podemos elencar vários fatores, mas gostaria de me deter à educação. Aquela fundamental, ensinada pela família, especificamente pelos pais.
Muitos pais se tornaram reféns dos filhos e uma grande inversão de valores passou a influenciar essa função tão imprescindível na formação do SER. Por conta disso, os “nãos” trazem mais sofrimento aos pais do que às crianças, que acabam sendo poupadas da frustração e da oportunidade de aprender sobre limites, sobre o quanto todos nós estamos submetidos a regras, do quanto que para vivermos em sociedade precisamos ter a noção da nossa liberdade e a do outro.
Enfim, a consciência se instala quando a pessoa carrega em si um sistema de valores que permita a análise e a interpretação dos fatos.
Tanto para a criança, quanto para os adultos, à consciência pode ser uma vilã ou uma grande aliada na vida, só depende de como você se relacionará com ela.

Grande abraço
Roberta Marin Passos
Psicóloga – Lien Clínica e Assessoria

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Cinema e Psicanálise


Zelig





Sinopse: Zelig é um "mocumentário" sobre a vida de Leonard Zelig (Woody Allen), um homem que chama a atenção do mundo por possuir uma característica extremamente peculiar: sempre que cercado por pessoas diferentes, adquire as características delas, fisica e psicologicamente. Por este motivo, ganha o apelido de "Homem-Camaleão" e chega até a inspirar filmes em Hollywood. Enquanto muitos o tratam como atração de circo, a Dra. Eudora Fletcher (Mia Farrow) tenta investigar a mente deste complicado paciente.

FICHA TÉCNICA

Diretor: Woody Allen
Elenco: Woody Allen, Mia Farrow, Patrick Horgan, John Buckwalter, Marvin Chatinover, Stanley Swerdlow, Paul Nevens, Howard Erskine, George Hamlin, Ralph Bell
Produção: Robert Greenhut
Roteiro: Woody Allen
Fotografia: Gordon Willis
Trilha Sonora: Dick Hyman
Duração: 79 min.
Ano: 1983
País: EUA
Gênero: Comédia
Cor: Colorido
Distribuidora: Não definida
Estúdio: Orion Pictures Corporation

Comentários:

Neste filme de quase 30 anos, o diretor Woody Allen apresenta e discute questões psíquicas complexas. Zelig é uma pessoa que se adapta totalmente aos outros por mais diferentes que sejam, de tal forma que ele mesmo se apaga como sujeito, confundindo-se e mimetizando-se com esse outro. A necessidade compulsiva de parecer/ser um outro fala da obrigação, da urgência de corresponder ao desejo imaginário desse outro. Zelig vive aprisionado a um pedido: “seja igual a mim” que o escraviza a uma imagem e o impede de ser ele mesmo.
O filme apesar de ter cenas engraçadas vai nos dando notícia do sofrimento do protagonista. Afinal, quem é Zelig? O que ele pensa? O que ele deseja? Na colagem constante com o outro, Zelig parece tentar desesperadamente se encontrar.

Vale a pena assistir e refletir!

Liliana Emparan
Psicanalista e Psicopedagoga do LIEN-Clínica e Assessoria



segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Cinema e Psicanálise




ENFIM VIÚVA

(Enfin veuve)
Direção: Isabelle Mergault
França, 2007

Sinopse:

Anne-Marie já passou dos 40, mas continua jovial e enxuta. Apesar de casada com um rico cirurgião plástico, é infeliz no casamento e tem um amante que constrói barcos e quer levá-la para Hong Kong, onde trabalhará por ano e meio. Quando seu marido morre num acidente de carro, ela vê a chance de, finalmente, largar tudo e ficar com o amante. Mas, seu filho e suas cunhadas, que nada sabem sobre o caso extraconjugal, se hospedam em sua casa e não a deixam em paz.
(Fonte: Folha de SP)

Comentários:

Comédia de humor negro que coloca a viuvez da protagonista, não como lamento, mas como alternativa para sua felicidade. Acompanhamos a saga de Anne-Marie tentando se desvencilhar da família para ir ao encontro do amante, mas sempre sendo flagrada e tendo que inventar alguma desculpa. O filme faz uma reflexão sobre escolhas e renúncias, de não poder agradar a todos diante das decisões da vida e do alto preço de bancar o que se deseja muitas vezes.



A protagonista fantasia que após a morte do marido terá livre arbítrio para viver com seu amante, deixando de ser esposa (e adúltera). Ela acha que terá liberdade para isso, inclusive para assumir esta condição sem grandes culpas. Mas, no papel de viúva sua família fica mais presente, cercando-a de atenção, cuidados, controlando seus passos e ela se vê numa cilada, já que o que ela supõe não acontece. Diante de situações bem humoradas e até surrealistas, vemos uma mulher tendo que assumir seus desejos, mas com grande dificuldade para isso. Como desbancar o papel de mãe fragilizada diante de um filho superprotetor que a idealiza?Como bancar seu desejo e sucumbir às promessas amorosas de seu amado?
Anne-Marie precisa desconstruir esta imagem de mãe e mulher indefesa assumindo seus desejos perante sua família. O final feliz é que ela se dá conta desta possibilidade, não deixando de ser uma boa mãe, apenas desmistificando uma imagem que foi imposta em algum momento da sua vida.



O estereótipo da viúva é desconstruído no filme, como já foi feito em grandes obras. A “Viúva, porém honesta” de Nelson Rodrigues é irreverente, debochada, anárquica. Retratam a hipocrisia e falso moralismo presentes na sociedade.
Mas, a viúva do filme é charmosa, nada caricatural, pois não é uma eterna sofredora e nada tem a ver com a viúva de preto, abdicando de sua vida sexual...

Como já dizia Millôr Fernandes: “o adultério é o mercado negro do orgasmo”.

Vanessa M. da Ponte
Psicóloga do Lien Clínica e Assessoria

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Reflexões Psicanalíticas






Sustentabilidade Emocional


Sustentabilidade é o assunto mais falado nos dias de hoje!
Do latim sustentare, significa sustentar, suportar, servir de escora, impedir a ruína.
O termo tem sido aplicado para as questões do meio ambiente, mas cabe muito bem para as questões emocionais!
A sustentabilidade emocional poderia ser definida como a capacidade individual de lidar com as próprias emoções, gerindo-as de tal forma que a energia gerada fosse dirigida ao crescimento e ao equilíbrio pessoal, bem como ao aperfeiçoamento de nossas relações interpessoais. Dessa forma, também, estamos contribuindo para um mundo melhor, mais harmônico, com menos violência.
Reciclar o que usamos e não vamos usar mais, deveria ser válido não somente para os produtos de consumo rápido, mas sim para todos os tipos de produtos, inclusive os sentimentais.
Nesta mesma linha podemos pensar os 5 Rs para as questões emocionais:

Reduzir – priorizar sentimentos e situações que contribuem para o crescimento e desenvolvimento; reduzir o que não serve, o que não agrega, o que não faz mais sentido.

Reutilizar – nosso processo evolutivo passa pela análise de nossas ações, bem como o seu aprimoramento, reutilizar o aprendizado já adquirido, permite ampliar horizontes; partir de um outro patamar;

Reaproveitar – as experiências passadas podem nos oferecer um parâmetro, mas é importante perceber que cada situação é uma e que devemos agregar novos valores ao que já temos;

Reciclar – separar e eliminar sentimentos que não servem e manter aqueles que podem servir no processo evolutivo, permite que se criem espaços para o novo, ou ainda que apenas o melhor permaneça em nós;

Recusar – recuse situações e sentimentos que não o façam crescer, o que empata ou contamina deve ser eliminado.

No livro Ecologia Emocional – A Arte de Cultivar Sentimentos Positivos, os autores apresentam um glossário psicoafetivo, que cabe bem à essa reflexão de hoje:
Adubo emocional: são vitaminas emocionais, elementos nutritivos que reforçam e melhoram nosso desenvolvimento afetivo e crescimento pessoal: carinho, reforço positivo, ternura, amor, bom humor etc.
Buraco de ozônio: perda da proteção de nossa autoestima, o que nos faz vulneráveis a todos os contaminantes, julgamentos e valores externos.
Sentimentos biodegradáveis: ainda que possam provocar sofrimento e desequilíbrio, podem ser transformados positivamente e serem canalizados para ações reparadoras. Por exemplo: a ira pode se transformar na reparação de uma injustiça; a inveja, num desejo de superação pessoal.
Contaminação emocional: emissões descontroladas de tóxicos emocionais, tais como juízos e opiniões negativas, queixas, críticas cruéis, insultos etc. São liberadas inconscientemente e podem inundar o ambiente.
Lixo emocional: resíduos derivados de emoções mal gerenciadas. Correspondem a sentimentos como medo, raiva e mágoa. A consequência de acumular esses sentimentos resulta em um habitat contaminado e na falta de autoconfiança e de autoestima.
Entre nessa! Seja Sustentável e colabore para uma vida melhor!!!!

Abraço grande,
Roberta Marin Passos
Psicóloga – Lien Clínica e Assessoria