quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Pensamentos e Reflexões


Crescer


Ser cada dia um pouco mais nós mesmos. ...
Dar espontaneamente sem cobrar inconscientemente. ...
Aprender a ser feliz de dentro para fora. ...
Buscar no próximo um meio de nos prolongarmos. ...
Sentir a vida na natureza. ...
Entender a morte como natural da vida. ...
Conseguir a calma na hora do caos. ...
Ter sempre uma arma para lutar e uma razão para ir em frente. ...
Saber a hora exata de parar e buscar um algo novo.
Não devanear sobre o passado, mas trabalhar em cima dele para o futuro. ...
Reconhecer nossos erros e valorizar nossas virtudes. ...
Conseguir a liberdade com equilíbrio para não sermos libertinos. ...
Exigir dos outros, apenas o que nós damos a eles. ...
Realizar sempre algo edificante. ..
Ser responsável por nossos atos e por suas consequências. ...
Entender que temos o espaço de uma vida inteira para crescer. ...
Amarmo-nos para que possamos amar os outros como nós mesmos. ...
Assumir que nunca seremos grandes,
mas que o importante é estar sempre em crescimento. (Andressa Silva)

A difícil arte de crescer!
Você se identificou ou percebe que é o eterno Peter Pan??????
É fato que quando seguimos adiante, deixamos coisas para trás.....mas não podemos esquecer também, que conquistamos outras.
Cresça e apareça!!!


Um abraço
Roberta Marin Passos
Psicóloga – Lien Clínica e Assessoria

segunda-feira, 29 de outubro de 2012


Filme: ESTÔMAGO
Diretor: Marcos Jorge
Brasil, 2008

Sinopse:
Raimundo Nonato foi para a cidade grande na esperança de ter uma vida melhor. Contratado como faxineiro em um bar, logo ele descobre que possui um talento nato para a cozinha. Com suas coxinhas Raimundo transforma o bar num sucesso. Giovanni, o dono de um conhecido restaurante italiano da região, o contrata como assistente de cozinheiro. A cozinha italiana é uma grande descoberta para Raimundo, que passa também a ter uma casa, roupas melhores, relacionamentos sociais e um amor: a prostituta Iria.


Filme: O TEMPERO DA VIDA
Diretor: Tassos Boulmetis
Grécia, Turquia, 2003

Sinopse:
Fanis é um garoto grego que vive em Istambul, na Turquia. Seu avô, Vassilis, é um filósofo culinário que o ensina que tanto a comida quanto a vida precisam de um pouco de sal para ganhar sabor. Ao crescer Fanis se torna um astrofísico, que usa seus dotes de culinária para temperar as vidas das pessoas que o cercam. Ao completar 35 anos ele decide deixar Atenas e retornar a Istambul, para reencontrar seu avô e também seu primeiro amor.


Filme: CHOCOLATE
Diretor: Lasse Hallström
Reino Unido, EUA, 2000

Sinopse:
Vianne Rocher, uma jovem mãe solteira, e sua filha de seis anos resolvem se mudar para uma cidade rural da França. Lá decidem abrir uma loja de chocolates que funciona todos os dias da semana, bem em frente à igreja local, o que atrai a certeza da população de que o negócio não vá durar muito tempo. Porém, aos poucos Vianne consegue persuadir os moradores da cidade em que agora vive a desfrutar seus deliciosos produtos, transformando o ceticismo inicial em uma calorosa recepção.


Filme: FESTA DE BABETTE
Diretor: Gabriel Axel Dinamarca , 1987

Sinopse:
Dois adolescentes vivem com o pai, um rigoroso pastor luterano, em um pequeno vilarejo da costa dinamarquesa. Em uma noite de 1871, bate à sua porta uma parisiense pedindo refúgio: Babette foge da repressão à Comuna de Paris e se oferece para ser a cozinheira e faxineira da família. Muitos anos depois, ainda trabalhando na casa, ela recebe a notícia de que ganhara uma fortuna numa loteria em Paris. Em vez de voltar à terra natal, resolve ficar e gastar o dinheiro em um autêntico jantar francês que oferece à comunidade, aproveitando para comemorar o centésimo aniversário do pastor. Seu banquete impressionou os convidados. Babette foi chef de cozinha francesa e trabalhou no chique Café Anglais (que existiu de verdade). O diretor trata a comida como "forma de elevação espiritual".

(Fontes: adorocinema+cineclick)

Comentários:

São filmes de nacionalidades e estilos próprios que abordam temas que relacionam comida e afeto.

No original ‘Estômago’ vemos um personagem comum da vida cotidiana que aos poucos muda sua vida pelo talento em cozinhar. Dramas e dons culinários misturados num filme visceral. Como comenta o próprio diretor: “O homem é o único animal que cozinha”.

Em ‘O Tempero da Vida” vemos a relação do alimento como ensinamento, sabores e temperos cheios de significados através da herança familiar.

No delicioso ‘Chocolate’ acompanhamos a saga da protagonista em ser aceita em sua nova moradia e que aos poucos conquista à todos, através das emoções e sentimentos expressos por quem degusta seus deliciosos chocolates.

No excelente ‘Festa de Babette’ a talentosa e misteriosa protagonista abdica de sua vida, é bem recebida pelos moradores de um vilarejo e os recompensa com um jantar magnífico, despertando muitas emoções, em um filme de nobres sentimentos, como o reconhecimento e a gratidão.

Relacionar alimento e afeto faz parte da condição humana. O ato de se alimentar não significa somente se nutrir, saciar a fome física, sendo também um ato emocional. Desde a amamentação, canal de comunicação entre a mãe e o bebê (relacionando alimento e afeto), a alimentação tem um significado fundamental, pois pode expressar conforto, proteção, carinho e tranquilidade. Uma comida saborosa exala prazer e bem-estar. Os banquetes, jantares, reuniões sociais e refeições familiares propiciam a comunicação entre as pessoas onde o ato de comer é compartilhado.
A alimentação pode também se relacionar com desprazer através das patologias, seja pelo exagero e compulsão (obesidade, bulimia) como pela privação (anorexia). E os jejuns alimentares por livre arbítrio evidenciam causas religiosas, políticas e sociais.

São muitos os temas e filmes que envolvem o assunto, evidenciando a importância da alimentação como significado emocional. O cinema como a vida, nos reporta ao tema de forma criativa e nos convida à reflexão de que modo podemos nos relacionar com a comida e também com os nossos sentimentos!

“Não existe amor mais sincero do que aquele pela comida”.
(George Bernard Shaw)


Vanessa M. da Ponte
Psicóloga do Lien Clínica e Assessoria

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Reflexões Psicanalíticas


Evitar o Sofrimento

Privamo-nos para mantermos a nossa integridade, poupamos a nossa saúde, a nossa capacidade de gozar a vida, as nossas emoções, guardamo-nos para alguma coisa sem sequer sabermos o que essa coisa é. E este hábito de reprimirmos constantemente as nossas pulsões naturais é o que faz de nós seres tão refinados. Porque é que não nos embriagamos? Porque a vergonha e os transtornos das dores de cabeça fazem nascer um desprazer mais importante que o prazer da embriaguez. Porque é que não nos apaixonamos todos os meses de novo? Porque, por altura de cada separação, uma parte dos nossos corações fica desfeita. Assim, esforçamo-nos mais por evitar o sofrimento do que na busca do prazer. (Sigmund Freud, in 'As Palavras de Freud)'

Qualquer pessoa diria o contrário, estamos em busca do prazer, sempre!
Em cima disto quero propor uma reflexão: suas escolhas são pautadas na busca do prazer ou no afastamento do sofrimento?
Descobrir isso poderá te libertar de algumas amarras e trazer novo sentido a vida.
Quando evitamos o sofrimento também evitamos viver, afinal viver causa dor: perdemos, lapidamos nosso conhecimento com a falta dele, fazemos escolhas e abrimos mão de algumas coisas para abraçar outras.
Evitar o sofrimento nos leva a uma prisão e ao contrário do que se imagina, sofremos também. É ilusão acreditar que enganamos o sofrimento.
Como ele faz parte deste jogo, que é viver, precisamos incorporá-lo, não para definharmos, mas para crescer, numa vida mais real, sem amarras ou grilhões.

Um grande abraço
Roberta Marin Passos
Psicóloga – Lien Clínica e Assessoria

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Cinema e Psicanálise


Tão forte Tão perto







Sinopse e detalhes
Oskar Schell (Thomas Horn) é um garoto muito apegado ao pai, Thomas (Tom Hanks), que inventou que Nova York tinha um distrito hoje desaparecido para fazer com que o filho tivesse iniciativa e aprendesse a falar com todo tipo de pessoa. Thomas estava no World Trade Center no fatídico 11 de setembro de 2001, tendo falecido devido aos ataques terroristas. A perda foi um baque para Oskar e sua mãe, Linda (Sandra Bullock). Um ano depois, Oskar teme perder a lembrança do pai. Um dia, ao vasculhar o guarda-roupas dele, quebra acidentalmente um pequeno vaso azul. Dentre há um envelope onde aparece escrito Black e, dentro dele, uma misteriosa chave. Convencido que ela é um enigma deixado pelo pai para que pudesse desvendar, Oskar inicia uma expedição pela cidade de Nova York, em busca de todos os habitantes que tenham o sobrenome Black.


Comentários: Oskar é um garoto que possui grandes dificuldades para relacionar-se com as pessoas e para entrar em contato com o que sente. Tudo isto o apavora. Seu pai percebendo estas dificuldades tenta apresentar o mundo através de uma certa lógica, onde a causalidade e a pesquisa científica ganham destaque.
A morte de seu pai representa para Oskar a ruptura dessa frágil tentativa de laço com o mundo. A vida de repente não tem sentido, assim ele precisa encontrar um. Tentando acreditar na lógica, vai atrás de uma pista supostamente deixada pelo seu pai. Isto o faz entrar em contato com pessoas de vários tipos. No meio disto encontra uma pessoa que descobre ser seu avô, pai de seu pai. Ele também tem grandes dificuldades de relacionamento, e devido a uma situação traumática não fala. A surpreendente relação mantida com esse idoso avô fará com que precise falar e intente compreender a dor do outro. Este aspecto essencial da nossa condição humana estava seriamente prejudicado no Oskar.
No final descobre que a pista não foi deixada pelo seu pai, percebendo que a morte de seu pai não tem em si um sentido ou uma causa que possa explicá-la. Isto o faz voltar-se para sua vida e para sua mãe com quem mantinha uma relação conflitiva e distante.

Liliana Emparan
Psicanalista e Psicopedagoga do LIEN- Clínica e Assessoria

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Pensamentos e Reflexão





“O alto custo de se apegar às coisas”


"... se conservamos coisas que não queremos ou não usamos mais, isso de fato nos custa algo a mais, nem que seja o tempo gasto organizando-as e contemplando-as.
- Por que exatamente você tem o que tem?
- Do que poderia se livrar sem sentir falta?
- Ainda preciso disso?
- Quanto está me custando possuir isso?
Talvez o apego às coisas venha em parte da noção de que precisamos estar preparados para tudo. Raramente consideramos como é insignificante a consequência quando nos falta algo ou ficamos despreparados. Nem consideramos como é alta a consequência de estarmos preparados demais. Tal consequência, frequentemente, vai além do custo financeiro. Talvez seja útil pensar: tenho espaço físico, emocional e mental para trazer mais uma coisa para a minha vida?
...o objetivo é ter clareza sobre por que você possui o que possui e o que exatamente isso pode lhe custar”.*

(*Trechos do ensaio do planejador financeiro Carl Richards, fonte: ‘The New York Times’).




Comentários:

Apesar do texto destacar a ideia de que raramente consideramos o que possuímos e dar dicas de como se desvencilhar de coisas materiais não mais utilizadas e acumuladas no decorrer da vida, podemos pensar sobre isso no que se refere aos sentimentos. Afinal, quantas vezes não reagimos da mesma maneira em determinadas situações?Muitas vezes por acomodação e por sabermos exatamente aonde iremos chegar. É possível articular com as pessoas de maneira espontânea e sincera? É possível expressar nossos sentimentos, com gentileza, mas com firmeza?Qual a nossa tolerância diante de situações desagradáveis e contraditórias?O quanto nos subestimamos diante das hostilidades do dia a dia? É possível mudar a maneira que expressamos nossos sentimentos diante das pessoas queridas, que convivemos?
Que estes questionamentos fiquem como uma reflexão de tudo que “acumulamos” no decorrer da vida e da nossa capacidade de reciclar nossos sentimentos, podendo “jogar fora” o que não mais interessa, conservar o que faz sentido e quem sabe criativamente nos surpreender?

Vanessa M. da Ponte
Psicóloga do Lien Clínica e Assessoria

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Dica de Leitura



Original: The book thief
Autor(a): Markus Zusak
Editora: Intrínseca
Numero de páginas: 494
Tradução: Vera Ribeiro

Sinopse: Entre 1939 e 1943, Liesel Meminger encontrou a Morte três vezes. E saiu suficientemente viva das três ocasiões para que a Própria, de tão impressionada, decidisse nos contar sua história, (...). Desde o início da vida de Liesel na rua Himmel, numa área pobre de Molching, cidade desenxabida próxima a Munique, ela precisou achar formas de se convencer do sentido da sua existência. Horas depois de ver seu irmão morrer no colo da mãe, a menina foi largada para sempre aos cuidados de Hans e Rosa Hubermann, um pintor desempregado e uma dona de casa rabugenta. Ao entrar na nova casa, trazia escondido na mala um livro, "O Manual do Coveiro". Num momento de distração, o rapaz que enterrara seu irmão o deixara cair na neve. Foi o primeiro de vários livros que Liesel roubaria ao longo dos quatro anos seguintes.E foram estes livros que nortearam a vida de Liesel naquele tempo, quando a Alemanha era transformada diariamente pela guerra, dando trabalho dobrado à Morte. O gosto de roubá-los deu à menina uma alcunha e uma ocupação; a sede de conhecimento deu-lhe um propósito. E as palavras que Liesel encontrou em suas páginas e destacou delas seriam mais tarde aplicadas ao contexto a sua própria vida, sempre com a assistência de Hans, acordeonista amador e amável, e Max Vanderburg, o judeu do porão, o amigo quase invisível de quem ela prometera jamais falar. Há outros personagens fundamentais na história de Liesel, como Rudy Steiner, seu melhor amigo e o namorado que ela nunca teve, ou a mulher do prefeito, sua melhor amiga que ela demorou a perceber como tal. Mas só quem está ao seu lado sempre e testemunha a dor e a poesia da época em que Liesel Meminger teve sua vida salva diariamente pelas palavras, é a nossa narradora [a Morte]. Um dia todos irão conhecê-la. Mas ter a sua história contada por ela é para poucos.


A história deste livro é belíssima e, ao mesmo tempo, traz uma brutalidade avassaladora. A descrição dos acontecimentos, dos entrelaçamentos das relações, dos pensamentos e das atitudes nos faz querer ler o livro de uma vez só. O inusitado desta história é que a narradora é a morte, que encontra a personagem Liesel por três vezes durante a trama. É uma história que vale a pena ser lida, pois trata-se de um daqueles livros que você lamenta quando chega ao seu final. Fica mais essa dica!

Um abraço,

Elisângela Bassi
Fonoaudióloga - Lien Clínica e Assessoria

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Pensamentos e Reflexão


Só depende de nós...

"Hoje levantei cedo pensando no que tenho a fazer antes que o relógio marque meia noite. É minha função escolher que tipo de dia vou ter hoje.

Posso reclamar porque está chovendo ou agradecer às águas por lavarem a
poluição. Posso ficar triste por não ter dinheiro ou me sentir encorajado para administrar minhas finanças, evitando o
desperdício. Posso reclamar sobre minha saúde ou dar graças por estar vivo.

Posso me queixar dos meus pais por não terem me dado tudo o que eu queria ou posso ser grato por ter nascido. Posso reclamar por ter que ir trabalhar ou agradecer por ter trabalho. Posso sentir tédio com o trabalho doméstico ou agradecer a Deus por ter um teto para morar.

Posso lamentar decepções com amigos ou me entusiasmar com a possibilidade de fazer novas amizades. Se as coisas não saíram como planejei posso ficar feliz por ter hoje para recomeçar.
O dia está na minha frente esperando para ser o que eu quiser. E aqui estou eu, o escultor que pode dar forma.

Tudo depende só de mim."
(Charles Chaplin)

Aproveite a dica!
Faça diferente!
Boa reflexão
Abraço
Roberta Marin Passos
Psicóloga - Lien Clínica e Assessoria

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Cinema e Psicanálise


CARA OU COROA
Brasil, 2012
Diretor: Ugo Giorgetti

Sinopse: São Paulo, inverno de 1971. João Pedro é um diretor de teatro que está bastante atarefado com os ensaios para uma nova peça. Nas folgas do trabalho ele recebe ocasionalmente a visita de um integrante do Partido Comunista, que não compreende as opções estéticas e políticas da peça, parcialmente financiada pelo partido. Paralelamente, Getúlio e a namorada Lilian, ambos idealistas, decidem colaborar com a resistência à ditadura militar, abrigando dois fugitivos. Eles decidem escondê-los na casa do avô de Lilian, um militar da reserva.
(Fonte: Adorocinema)


TROPICÁLIA
Brasil, 2012
Diretor: Marcelo Machado

Sinopse: Tropicália aborda o importante movimento musical homônimo liderado por Caetano Veloso e Gilberto Gil, no final dos anos 60. O documentário resgata uma fase na história do Brasil em que cena musical fervilhava e os festivais revelavam vários novos talentos. Ao mesmo tempo, o país sobre com a ditadura dos generais no poder.
(Fonte: Cinedica)

Comentários:

Dois filmes importantes e históricos, sendo Tropicália um documentário com intenso trabalho de pesquisa, que retratam movimentos artísticos e culturais do nosso país no final da década de 1960. O Tropicalismo foi mais que um movimento musical, atingindo outras esferas da cultura, como a poesia, o cinema e as artes plásticas. No documentário contemplamos músicas poéticas, criativas e inovadoras de grande importância cultural, que revolucionaram o modo de fazer música e arte, criando novos padrões estéticos e influenciando toda uma geração.

Cara ou Coroa retrata um grupo de teatro no mesmo período, da ditadura militar no país, marcada pelo autoritarismo, perseguição, tortura e prisão dos seus opositores e pela censura aos meios de comunicação. Jovens artistas e estudantes se envolvendo ou não com causas políticas e lidando com a opressão diante da liberdade de opinião e da expressão artística.


Provavelmente expressar sonhos e desejos através da manifestação artística relaciona Arte e Psicanálise. A subjetividade se dá através de uma postura diante da vida, de um modo de viver diante de determinadas regras. A arte como subjetivação, na dimensão do inconsciente colocado na medida em que um ato precisa passar pelo corpo (seja pela voz, pelo olhar, pelo movimento...), através da sublimação artística.
As expressões artísticas e as experiências que definem a subjetividade envolvem particularidades de cada época, ocorrendo no tecido social e cultural, produzidas nos regimes de comportamentos e de tecnologias existentes.

Assistir aos longas, principalmente o documentário ‘Tropicália’, nos desloca para um tempo que não existe mais, com intensa carga emocional, expressadas através da arte e da ideologia. Um tempo em que a televisão ainda nascia, sem o advento de tanta tecnologia e que estar “conectado”, tinha outro significado, de “ser engajado”, período este sem o deleite da democracia e de tanta alienação...eternizados pelos registros artísticos e por tanto saudosimo, apesar de tudo.


Alguns trechos significativos das músicas mais populares do Tropicalismo, visto como movimento, utopia:

“Eu quis cantar
Minha canção iluminada de sol
Soltei os panos sobre os mastros no ar
Soltei os tigres e os leões nos quintais
Mas as pessoas na sala de jantar
São ocupadas em nascer e morrer...”
(Mutantes, Panis Et Circenses)

Por entre fotos e nomes
Sem livros e sem fuzil
Sem fome, sem telefone
No coração do Brasil...”
(Caetano Veloso, Alegria, Alegria)

“Baby baby
Há quanto tempo
Você precisa aprender inglês
Precisa aprender o que eu sei
E o que eu não sei mais
E o que eu não sei mais...”
(Baby, Roupa Nova)


Vanessa M. da Ponte
Psicóloga do Lien Clínica e Assessoria

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Linguagem e Comunicação

Como escrever?

“Quem escreve deve ter todo cuidado para a coisa não sair molhada. Quero dizer que da página que foi escrita não deve pingar nenhuma palavra, a não ser as desnecessárias. É como pano lavado que se estira no varal. Naquela maneira como as lavadeiras lá de Alagoas fazem seu ofício.
Elas começam com uma primeira lava. Molham a roupa suja na beira da lagoa ou do riacho, torcem o pano, molham-no novamente, voltam a torcer. Depois colocam o anil, ensaboam e torcem uma, duas vezes. Depois enxáguam, dão mais uma molhada, agora jogando a água com a mão.
Depois batem o pano na laje ou na pedra limpa e dão mais uma torcida e mais outra, torcem até não pingar do pano uma só gota. Somente depois de feito tudo isso é que elas dependuram a roupa lavada na corda ou no varal, para secar.
Pois quem se mete a escrever devia fazer a mesma coisa. A palavra não foi feita para enfeitar, brilhar como ouro falso, a palavra foi feita para dizer”.
Graciliano Ramos.

Essa metáfora entre o fazer das lavadeiras e o do escritor foi feita por Graciliano Ramos, em 1948, como resposta à pergunta sobre seu método de trabalho. Interessante pensar na escrita dessa maneira, não é?

Um abraço,

Elisângela Bassi.
Fonoaudióloga do Lien Clínica e Assessoria.

quarta-feira, 10 de outubro de 2012




O inquilino que há em mim!!!

Mesmo não havendo lei, a consciência é uma punição.
(Publílio Siro - escritor latino da Roma antiga)

É uma punição se existe consciência!
Quem é essa tal consciência que habita no ser? Será que todos têm um inquilino?
Nos dias de hoje até duvidamos dessa existência em algumas pessoas.
Podemos elencar vários fatores, mas gostaria de me deter à educação. Aquela fundamental, ensinada pela família, especificamente pelos pais.
Muitos pais se tornaram reféns dos filhos e uma grande inversão de valores passou a influenciar essa função tão imprescindível na formação do SER. Por conta disso, os “nãos” trazem mais sofrimento aos pais do que às crianças, que acabam sendo poupadas da frustração e da oportunidade de aprender sobre limites, sobre o quanto todos nós estamos submetidos a regras, do quanto que para vivermos em sociedade precisamos ter a noção da nossa liberdade e a do outro.
Enfim, a consciência se instala quando a pessoa carrega em si um sistema de valores que permita a análise e a interpretação dos fatos.
Tanto para a criança, quanto para os adultos, à consciência pode ser uma vilã ou uma grande aliada na vida, só depende de como você se relacionará com ela.

Grande abraço
Roberta Marin Passos
Psicóloga – Lien Clínica e Assessoria

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Cinema e Psicanálise


Zelig





Sinopse: Zelig é um "mocumentário" sobre a vida de Leonard Zelig (Woody Allen), um homem que chama a atenção do mundo por possuir uma característica extremamente peculiar: sempre que cercado por pessoas diferentes, adquire as características delas, fisica e psicologicamente. Por este motivo, ganha o apelido de "Homem-Camaleão" e chega até a inspirar filmes em Hollywood. Enquanto muitos o tratam como atração de circo, a Dra. Eudora Fletcher (Mia Farrow) tenta investigar a mente deste complicado paciente.

FICHA TÉCNICA

Diretor: Woody Allen
Elenco: Woody Allen, Mia Farrow, Patrick Horgan, John Buckwalter, Marvin Chatinover, Stanley Swerdlow, Paul Nevens, Howard Erskine, George Hamlin, Ralph Bell
Produção: Robert Greenhut
Roteiro: Woody Allen
Fotografia: Gordon Willis
Trilha Sonora: Dick Hyman
Duração: 79 min.
Ano: 1983
País: EUA
Gênero: Comédia
Cor: Colorido
Distribuidora: Não definida
Estúdio: Orion Pictures Corporation

Comentários:

Neste filme de quase 30 anos, o diretor Woody Allen apresenta e discute questões psíquicas complexas. Zelig é uma pessoa que se adapta totalmente aos outros por mais diferentes que sejam, de tal forma que ele mesmo se apaga como sujeito, confundindo-se e mimetizando-se com esse outro. A necessidade compulsiva de parecer/ser um outro fala da obrigação, da urgência de corresponder ao desejo imaginário desse outro. Zelig vive aprisionado a um pedido: “seja igual a mim” que o escraviza a uma imagem e o impede de ser ele mesmo.
O filme apesar de ter cenas engraçadas vai nos dando notícia do sofrimento do protagonista. Afinal, quem é Zelig? O que ele pensa? O que ele deseja? Na colagem constante com o outro, Zelig parece tentar desesperadamente se encontrar.

Vale a pena assistir e refletir!

Liliana Emparan
Psicanalista e Psicopedagoga do LIEN-Clínica e Assessoria



segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Cinema e Psicanálise




ENFIM VIÚVA

(Enfin veuve)
Direção: Isabelle Mergault
França, 2007

Sinopse:

Anne-Marie já passou dos 40, mas continua jovial e enxuta. Apesar de casada com um rico cirurgião plástico, é infeliz no casamento e tem um amante que constrói barcos e quer levá-la para Hong Kong, onde trabalhará por ano e meio. Quando seu marido morre num acidente de carro, ela vê a chance de, finalmente, largar tudo e ficar com o amante. Mas, seu filho e suas cunhadas, que nada sabem sobre o caso extraconjugal, se hospedam em sua casa e não a deixam em paz.
(Fonte: Folha de SP)

Comentários:

Comédia de humor negro que coloca a viuvez da protagonista, não como lamento, mas como alternativa para sua felicidade. Acompanhamos a saga de Anne-Marie tentando se desvencilhar da família para ir ao encontro do amante, mas sempre sendo flagrada e tendo que inventar alguma desculpa. O filme faz uma reflexão sobre escolhas e renúncias, de não poder agradar a todos diante das decisões da vida e do alto preço de bancar o que se deseja muitas vezes.



A protagonista fantasia que após a morte do marido terá livre arbítrio para viver com seu amante, deixando de ser esposa (e adúltera). Ela acha que terá liberdade para isso, inclusive para assumir esta condição sem grandes culpas. Mas, no papel de viúva sua família fica mais presente, cercando-a de atenção, cuidados, controlando seus passos e ela se vê numa cilada, já que o que ela supõe não acontece. Diante de situações bem humoradas e até surrealistas, vemos uma mulher tendo que assumir seus desejos, mas com grande dificuldade para isso. Como desbancar o papel de mãe fragilizada diante de um filho superprotetor que a idealiza?Como bancar seu desejo e sucumbir às promessas amorosas de seu amado?
Anne-Marie precisa desconstruir esta imagem de mãe e mulher indefesa assumindo seus desejos perante sua família. O final feliz é que ela se dá conta desta possibilidade, não deixando de ser uma boa mãe, apenas desmistificando uma imagem que foi imposta em algum momento da sua vida.



O estereótipo da viúva é desconstruído no filme, como já foi feito em grandes obras. A “Viúva, porém honesta” de Nelson Rodrigues é irreverente, debochada, anárquica. Retratam a hipocrisia e falso moralismo presentes na sociedade.
Mas, a viúva do filme é charmosa, nada caricatural, pois não é uma eterna sofredora e nada tem a ver com a viúva de preto, abdicando de sua vida sexual...

Como já dizia Millôr Fernandes: “o adultério é o mercado negro do orgasmo”.

Vanessa M. da Ponte
Psicóloga do Lien Clínica e Assessoria

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Reflexões Psicanalíticas






Sustentabilidade Emocional


Sustentabilidade é o assunto mais falado nos dias de hoje!
Do latim sustentare, significa sustentar, suportar, servir de escora, impedir a ruína.
O termo tem sido aplicado para as questões do meio ambiente, mas cabe muito bem para as questões emocionais!
A sustentabilidade emocional poderia ser definida como a capacidade individual de lidar com as próprias emoções, gerindo-as de tal forma que a energia gerada fosse dirigida ao crescimento e ao equilíbrio pessoal, bem como ao aperfeiçoamento de nossas relações interpessoais. Dessa forma, também, estamos contribuindo para um mundo melhor, mais harmônico, com menos violência.
Reciclar o que usamos e não vamos usar mais, deveria ser válido não somente para os produtos de consumo rápido, mas sim para todos os tipos de produtos, inclusive os sentimentais.
Nesta mesma linha podemos pensar os 5 Rs para as questões emocionais:

Reduzir – priorizar sentimentos e situações que contribuem para o crescimento e desenvolvimento; reduzir o que não serve, o que não agrega, o que não faz mais sentido.

Reutilizar – nosso processo evolutivo passa pela análise de nossas ações, bem como o seu aprimoramento, reutilizar o aprendizado já adquirido, permite ampliar horizontes; partir de um outro patamar;

Reaproveitar – as experiências passadas podem nos oferecer um parâmetro, mas é importante perceber que cada situação é uma e que devemos agregar novos valores ao que já temos;

Reciclar – separar e eliminar sentimentos que não servem e manter aqueles que podem servir no processo evolutivo, permite que se criem espaços para o novo, ou ainda que apenas o melhor permaneça em nós;

Recusar – recuse situações e sentimentos que não o façam crescer, o que empata ou contamina deve ser eliminado.

No livro Ecologia Emocional – A Arte de Cultivar Sentimentos Positivos, os autores apresentam um glossário psicoafetivo, que cabe bem à essa reflexão de hoje:
Adubo emocional: são vitaminas emocionais, elementos nutritivos que reforçam e melhoram nosso desenvolvimento afetivo e crescimento pessoal: carinho, reforço positivo, ternura, amor, bom humor etc.
Buraco de ozônio: perda da proteção de nossa autoestima, o que nos faz vulneráveis a todos os contaminantes, julgamentos e valores externos.
Sentimentos biodegradáveis: ainda que possam provocar sofrimento e desequilíbrio, podem ser transformados positivamente e serem canalizados para ações reparadoras. Por exemplo: a ira pode se transformar na reparação de uma injustiça; a inveja, num desejo de superação pessoal.
Contaminação emocional: emissões descontroladas de tóxicos emocionais, tais como juízos e opiniões negativas, queixas, críticas cruéis, insultos etc. São liberadas inconscientemente e podem inundar o ambiente.
Lixo emocional: resíduos derivados de emoções mal gerenciadas. Correspondem a sentimentos como medo, raiva e mágoa. A consequência de acumular esses sentimentos resulta em um habitat contaminado e na falta de autoconfiança e de autoestima.
Entre nessa! Seja Sustentável e colabore para uma vida melhor!!!!

Abraço grande,
Roberta Marin Passos
Psicóloga – Lien Clínica e Assessoria

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Reflexões Psicanalíticas


Existe a depressão pós-parto paterna?





Acredito que esta questão esteja ligada a várias mudanças vividas na contemporaneidade com relação aos papéis e atribuições ligadas ao feminino-masculino e à paternidade-maternidade. Assim, por um lado, assistimos a um maior protagonismo dos pais que sentem que sua presença é importante desde cedo, o que os levou a uma maior participação nos cuidados com o bebê, sentindo essa participação como algo potencialmente prazeroso. Por outro lado, este complexo de emoções e novas vivências trazem a cena também a ansiedade e angústia de um homem que sai do lugar de filho e se coloca como pai, ou seja, como responsável - não somente pela sua vida-, senão por outro ser que depende dele intensamente; neste sentido, o medo de falhar aumenta. Como conseqüência disto pode aparecer um desejo ambíguo de ser pai, onde o ciúme pelos cuidados dispensados ao filho invade este homem, levando-o à insegurança e à sensação de que foi deixado de lado pela esposa. Neste caso, representações inconscientes ligadas a sua experiência como filho podem surgir intensamente, sem que este homem-pai-esposo possa ao menos falar sobre aquilo que sente. Questões ligadas à sexualidade do casal também entram em jogo. Em muitos casos, o artigo aponta para outro complicador, caso a mãe do bebê também esteja muito deprimida; neste sentido, a essa impotência vivida por esse incipiente e inexperiente pai se acrescenta a sentida por este marido que não sabe tampouco o que fazer com a depressão de sua esposa.
Nesta situação, este pai precisará ser atendido e escutado por um profissional.

Liliana Emparan
Psicanalista e Psicopedagoga do LIEN-Clínica e Assessoria

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/saudeciencia/68857-a-depressao-pos-parto-paterna.shtml

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Cinema e Psicanálise


CAOS CALMO
(Reino Unido, Itália, 2008)
Direção: Antonello Grimaldi e Antonio Luigi Grimaldi
Sinopse:
Pietro Paladini (Nanni Moretti) é um executivo bem sucedido, que tem um casamento feliz e é pai de Claudia, de 10 anos. Após salvar uma mulher na praia, ele descobre ao chegar em casa que sua esposa morreu repentinamente. A partir de então ele precisa lidar com o caos emocional da perda da mulher, ao mesmo tempo em que precisa manter-se forte para ajudar e cuidar da filha.


O QUARTO DO FILHO
(Itália, França, 2001)
Direção: Nanni Moretti
Sinopse:
Giovanni (Nanni Moretti) é um psicanalista que reside e trabalha na cidade de Ancona, na Itália. Ele é casado com Paola e tem dois filhos: a menina Irene e o jovem Andrea. Sua vida transcorre tranquila, dividida entre a família e o consultório, até que uma tragédia a transtorna completamente. Para atender ao chamado urgente de um paciente, Giovanni deixa de acompanhar o filho à praia e nesse passeio o rapaz morre afogado. A família, é claro, ressente-se profundamente com a morte e Giovanni sofre uma forte sensação de remorso, apesar do apoio da esposa.

(Fonte:Adorocinema)

Comentários:

Os dois filmes falam sobre o Luto de forma nada apelativa. Nanni Moretti faz o papel do viúvo em “Caos Calmo” e do pai psicanalista que perde o filho adolescente em “O quarto do filho”. Como viúvo se dá conta que poderia ser um marido e pai mais presente e após a perda da esposa ele se instala e permanece quase todo o filme na praça em frente a escola da filha. Faz dali seu cotidiano, desprezando o escritório (sua empresa está em um processo de fusão) e preocupando-se com coisas corriqueiras no entorno desta praça, seu novo habitat. Há um processo de humanização quando ele se relaciona com as pessoas que convive ali. Acaba chamando a atenção de sua filha e de seus colegas de escola, além da professora e dos pais dos demais alunos. Ele não consegue ficar distante fisicamente de sua filha, mostrando sua fragilidade diante da perda de um ente querido. Na tentativa de dar conta desta ausência, ele se mostra demasiadamente presente, elaborando aos poucos seu processo de luto e redimindo sua culpa por não se considerar um marido e pai afetivo e presente na esfera familiar.


Em “O quarto do filho” a elaboração do luto deste pai e psicanalista é explorado ao longo do filme. Acompanhamos a tristeza pela perda do filho, sendo ele fruto de uma família extremamente afetiva. Uma das cenas mais comoventes é quando o pai com sua dor se fragiliza e como psicanalista se comove diante de seu paciente durante a sessão de análise. E sua tentativa em vão de desejar voltar atrás, já que fantasia que tudo poderia ser diferente se não tivesse abdicado de uma sessão com seu paciente para estar com o filho no dia de sua morte.

As duas histórias mostram os personagens lidando com sentimentos de impotência diante de suas perdas, desejando ter agido de outra forma, na tentativa de reverter o processo de luto. Diante disto, a sensação que fica é além do que se perdeu, mas de que não há mais nada a perder.


No trabalho de luto há o afeto normal, paralelo a melancolia. Não se considera como estado patológico, mesmo provocando comportamento anormal. Há um desligamento lento e doloroso da libido investida no objeto perdido. A realidade impõe a inexistência do objeto. O ego sob influência das satisfações narcísicas da vida, para não compartilhar o destino do objeto abolido, decide cortar seus elos com ele. No final do trabalho de luto a libido fica livre, pois a representação inconsciente do objeto é “abandonada” pela libido.

Termino com um trecho final do poema de W.H. Anden sobre o luto, recitado em outro filme: “Quatro casamentos e um Funeral”:

“...achava que o amor ia durar para sempre.Eu me enganei.
As estrelas não são necessárias agora.Desliguem todas.
Embrulhem a lua e desmanchem o sol.
Esvaziem o oceano e limpem a mata,
pois nada mais vale a pena”.


Vanessa M. da Ponte
Psicóloga do Lien Clínica e Assessoria