quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Linguagem e Comunicação


A importância do contexto.

Muitas vezes pegamos uma conversa pela metade e não entendemos bem do que se trata, ou ainda imaginamos tratar-se de algum assunto e, ao nos situarmos, notamos que o sentido levava a outra direção. A isso chamamos de ‘contexto’. Trocando em miúdos, o contexto, segundo a Wikipédia, é a relação entre o texto e a situação em que ele ocorre. É o conjunto de circunstâncias em que se produz a mensagem que se deseja emitir e que permitem sua correta compreensão.

Pensando nisso, selecionei a letra da música ‘Por você’, composta pelo Frejat para demonstrar como o contexto faz diferença. Certamente o compositor tinha a intenção de dizer que faria tudo pela mulher amada, no sentido de ‘por você eu faria tudo isso’. Deem uma olhada na letra considerando essa perspectiva:

Por Você
(Frejat)

Por você eu dançaria tango no teto,
Eu limparia os trilhos do metrô,
Eu iria a pé do Rio a Salvador...
Eu aceitaria a vida como ela é,
Viajaria a prazo pro inferno,
Eu tomaria banho gelado no inverno.
Por você... Eu deixaria de beber,
Por você... Eu ficaria rico num mês,
Eu dormiria de meia pra virar burguês.
Eu mudaria até o meu nome,
Eu viveria em greve de fome,
Desejaria todo o dia a mesma mulher...
Por você... Por você...
Por você... Por você...

Por você,
Conseguiria até ficar alegre,
Pintaria todo o céu de vermelho,
Eu teria mais herdeiros que um coelho.
Eu aceitaria a vida como ela é,
Viajaria a prazo pro inferno,
Eu tomaria banho gelado no inverno.
Eu mudaria até o meu nome,
Eu viveria em greve de fome,
Desejaria todo o dia a mesma mulher.
Por você... Por você...
Por você... Por você...
(...)

Romântico, não? Agora, releia a mesma letra da música, mas considere que se trata de uma briga de casal e ele está acusando a mulher de querer mal a ele. Para isso, basta imaginar que antes ele diz algo como: ‘se fosse deixar por sua conta ou, se dependesse da sua vontade... eu teria que dançar tango no teto, teria que limpar os trilhos do metrô, teria que ir a pé do Rio à Salvador....’

Interessante como o contexto pode fazer toda a diferença, né? Considerá-lo pode nos ajudar a ajustar melhor nosso discurso, seja ele escrito ou falado. Além do mais, conhecê-lo pode evitar um tremendo mal entendido.

Elisângela Bassi
Fonoaudióloga do Lien Clínica e Assessoria

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Reflexões Psicanalíticas








Necessidade Desnecessária
Você realmente precisa vencer todas as discussões? Mesmo que você ganhe tal discussão, o que realmente ganhou? Você realmente precisa ter as coisas ajeitadas de tal maneira que venha a se sentir superior a alguém? Mesmo quando você é ferido por outras pessoas, você recebe alguma coisa de positivo ao feri-los também em resposta ?
Você realmente precisa de todas as muitas coisas que você luta para possuir e consumir? Você realmente precisa gastar o tempo todo pensando sobre o que os outros pensam a seu respeito? Imagine o senso de liberdade que você experimentaria se apenas renunciasse a mais inútil das necessidades.
Eis aqui uma alternativa melhor: focalize os seus esforços e atenção não naquilo que você deseja obter, mas no melhor que você pode vir a ser.
Abundância real vem pela qualidade e não pela quantidade!
(Nélio da Silva)

Muitas vezes desviamos nosso foco, gastamos nosso tempo e nossa energia em coisas desnecessárias.
O que conseguimos com isso?
Atendemos nossas necessidades?
Ou melhor....essa é nossa necessidade???
Analise suas necessidades!

Roberta Marin Passos
Psicóloga – Lien Clínica e Assessoria

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Cinema e Psicanálise


O Pequeno Nicolau
(Le petit Nicolas)
França, 2012
Direção: Laurent Tirard

Sinopse:

Nicolau leva uma vida pacífica. Seus pais o amam e ele tem uma turma de amigos pestinhas para aprontar todas. Mas, Nicolau ouve uma conversa entre seus pais, o que o faz acreditar que sua mãe está grávida. Ele entra em pânico e imagina o pior: um irmão caçula! Para escapar desse terrível destino, embarca em uma campanha para mostrar aos seus pais que é indispensável. Mas, não dá muito certo. Desesperado, ele decide mudar de tática. Nicolau e seus amigos desastrados surgem com diversos planos, mas tudo muda de figura quando encontram um amigo que acabou de ganhar um irmão caçula e descreve todos os aspectos positivos de ser o mais velho. Transformado, ele corre para os pais felizes por ter um irmão. Mas uma última surpresa aguarda o pequeno Nicolau.

(Fonte: UOL)

Comentários:

“O Pequeno Nicolau” é um filme delicioso de assistir. Cheio de nostalgia foi baseado em uma das principais séries infanto juvenis da França, do final da década de 50.
O filme adentra o universo infantil, pois apesar de todos os mimos, Nicolau sente-se ameaçado pela provável vinda de um irmão. Acompanhamos a angustia do garoto na tentativa de manter seu lugar privilegiado. Os amigos de Nicolau, cada um a seu modo, também representam questões da infância, pois nesta turma há os briguentos, os comilões, os que não estudam e os que estudam até demais.


Temos o privilégio de contemplar o filme tanto pela ótica infantil, através das peripécias dos pequenos, como pela ótica dos adultos, já que Nicolau é filho de um casal de classe média da França dos anos 50, com um pai insatisfeito profissionalmente que conta muitas vantagens e de uma mãe superprotetora.

Pela evidente importância dos pais para a criança, é natural a disputa e competitividade entre irmãos pelo afeto e predileção na esfera familiar. O primeiro filho sempre sofre as agruras com a vinda de um irmão que o “sucede”. A ameaça da perda de um lugar representativo por outro que desconhece e o vínculo com outra criança que tem a mesma origem que a dele, ou seja, nasce da mesma mãe, contemplando também toda a expectativa dos pais com a chegada do outro filho, o cercam de sentimentos ambivalentes, de muito afeto, mas também de muita hostilidade.


A Psicanálise chama de complexo fraternal estas relações de rivalidade, permeadas de desejos e ciúmes com a finalidade de deter uma figura de posse, muito valorizada. Porém, este conceito se amplia, pois pode refletir uma conduta instintiva de posse, nas mais diversas situações de disputa em relação a qualquer coisa, garantindo sua universalidade entre as pessoas.

Não é a toa que o pequeno Nicolau que ser criança para sempre!

Vanessa M. da Ponte
Psicóloga do Lien Clínica e Assessoria

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Pensamentos e Reflexões

Ser proativo é mais do que tomar a iniciativa. É reconhecer que somos responsáveis pelas nossas próprias escolhas e que temos a liberdade de escolher com base em princípios de valores, mais do que em circustâncias e condições. As pessoas proativas são agentes da mudança e escolhem não ser vítimas, não ser reativas, nem pôr a culpa nos outros.

Stephen R. Covey

foto retirada de: ces3.wordpress.com


O que este texto nos diz é que a proatividade não é um comportamento, uma atitude apenas. Ela nasce de um reconhecimento de si mesmo, de um pensar sobre quem sou e no que acredito, de fazer escolhas equilibrando nossos desejos e possibilidades de ação. Ela acontece num momento em que podemos escolher, que não estamos com "a corda no pescoço", pois aí é apenas uma reação e que pode nos levar a um resultado ruim, impedindo nossa liberdade de escolha e prejudicando comportamentos novos e criativos. Por isso, devemos ser responsáveis por pequenas escolhas e ações do dia a dia. Achar culpados e desculpas nos afastam de nós mesmos. Um abraço,

Fabiana Bueno
Psicóloga do Lien Clínica e Assessoria

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Infância e Desenvolvimento




Normalmente, ao se falar em alimentação, logo pensamos em questões nutricionais e metabólicas. Preocupamo-nos com a qualidade do que nossos filhos ingerem, com a variedade e com a periodicidade desta alimentação. Todos estes aspectos são fundamentais para o desenvolvimento da criança; no entanto, devemos acrescentar a essas preocupações a consistência da alimentação.
Uma alimentação adequada, em que haja consistências variadas (respeitando, claro, cada fase do desenvolvimento da criança), exige habilidades diferentes da musculatura da face. Essa variação (líquido, líquido mais consistente, pastoso, pastoso com pedacinhos, sólidos) é muito importante para o desenvolvimento da musculatura facial e para o cumprimento de suas funções que são as da alimentação (mastigação e deglutição cada vez mais eficazes), da respiração (possibilidade de respiração nasal, mista ou oral) e da fonação.
Sim, apesar de não ser tão evidente, a musculatura usada para a mastigação e deglutição dos alimentos também é muito importante para a fala. Isso porque, durante a execução dos atos de mastigar e de engolir há uma dissociação de movimentos de língua, lábios, bochechas e mandíbula que vai tonificando a musculatura facial. A aquisição de força e mobilidade necessárias para executar esses movimentos é auxiliar importante na articulação de palavras.
Sendo assim, mesmo quando a criança resiste em ingerir alimentos de determinada consistência, vale a pena insistir na administração daqueles com texturas variadas, seja na mesma refeição, seja ao longo do dia.

Elisângela Bassi
Fonoaudióloga do Lien Clínica e Assessoria.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Reflexões Psicanalíticas



Eu, domador de mim...
Ele já tinha todas as rugas do tempo, quando o encontrei pela primeira vez. Queixava-se de que tinha muito o que fazer. Perguntei-lhe como era possível que em sua solidão, tivesse tanto trabalho...
- Tenho que domar dois falcões, treinar duas águias, manter quietos dois coelhos, vigiar uma serpente, carregar um asno e dominar um leão! - disse ele.
- Não vejo nenhum animal perto do local onde vives. Onde eles estão? Ele explicou:
- Estes animais, todos os Homens têm!
Os dois falcões se lançam sobre tudo o que aparece, seja bom ou mau. Tenho que domá-los para que se fixem sobre uma boa presa. São os meus OLHOS!
As duas águias, ferem e destroçam com suas garras. Tenho que treiná-las para que sejam úteis sem ferir. São as minhas MÃOS!
Os dois coelhos querem ir aonde lhes agradem. Fugindo dos demais e esquivando-se das dificuldades... Tenho que ensinar-lhes a ficarem quietos, mesmo que seja penoso, problemático e desagradável. São os meus PÉS!
O mais difícil é vigiar a serpente. Apesar de estar presa numa jaula de 32 barras, mal se abre a jaula, está sempre pronta para morder e envenenar os que a rodeiam. Se não a vigio de perto, causa danos. É a minha LÍNGUA!
O asno é muito obstinado, não quer cumprir com suas obrigações. Alega estar cansado e se recusa a transportar a carga de cada dia. É o meu CORPO!
Finalmente, preciso dominar o leão... Ele sempre quer ser o Rei, o mais importante. É vaidoso e orgulhoso. É o meu CORAÇÃO!
(autor desconhecido)

Esse zoológico que há em todo ser humano é guiado pela força do instinto, ou como chamamos na psicanálise – das pulsões!
A pulsão, assim como a água, é difícil de ser represada. Encontra formas para atuar e se não estiver “domada” provoca estragos, como esses citados acima no texto.
Domar as pulsões não é um trabalho fácil, muitas vezes não temos um acesso consciente a elas, nos damos conta só depois que “aprontamos”. Não quero dizer com isso, que não seja possível domá-las, apenas alerto que é necessário um grande trabalho, às vezes com ajuda de um profissional.
Encontre com seus “bichos” e avalie o quanto estão domados!!!!
Grande abraço
Roberta Marin Passos
Psicóloga – Lien Clínica e Assessoria

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Infãncia e Educação


Os adultos têm se questionado sobre o tipo de mundo que estão construindo e que deixarão para os seus filhos e futuras gerações. Neste sentido, constroem-se críticas importantes à falta de cuidado e respeito nas relações entre os seres humanos, visando a construção de um mundo mais justo e solidário.
Mas o questionamento que vários autores têm trazido para discussão, entre eles o Mário Sérgio Cortella, é:
Que tipo de pessoas habitarão esse mundo, ou seja, que tipo de filhos estamos educando para viver nesse mundo “melhor”? Estaríamos sendo coerentes com o modelo de mundo que almejamos?
Quino, autor da Mafalda, ilustra bem esse dilema no qual vivemos, onde muitas vezes, não percebemos os valores que destacamos e que são passados aos filhos. Eis aqui uma maneira humorada de repensarmos que tipo de educação realmente valorizamos.














Nesta tirinha vemos a ironia com que os valores e ideais da nossa sociedade são aprendidos desde cedo, através do modelo e das escolhas dos pais.

Liliana Emparan
Psicanalista e Psicopedagoga do LIEN-Clínica e Assessoria

























N

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Cinema e Psicanálise

INCÊNDIOS
(Incendies, Canadá, França, 2010).
Direção: Denis Villeneuve

Sinopse:
Nawal acaba de morrer. Ela deixa pedidos inquietantes em seu testamento. O corpo deverá ser enterrado nu, com o rosto voltado para o chão. Não haverá menção a seu nome sobre o caixão, pois ela se foi deixando promessas sem cumprir.

Comentários:

Merecidamente premiado, um filme impactante sobre as implicações diante da crueldade de uma guerra, onde o expectador é conduzido do presente ao passado e da violência do mundo ao incêndio da alma.


As “cartas testamentos” deixadas ao casal de filhos gêmeos após a sua morte, revelam aos poucos os segredos de uma mãe que escondeu seu passado em vida e que contam não só sua história, mas também a deles. Cada filho reage à sua maneira, mas pouco a pouco se deparam com a verdade: sobre um passado permeado nos conflitos religiosos e políticos de outro país, o Líbano, onde viveu a mãe. As cartas também tem a intenção de conectá-los com outros parentes que nem sabiam existir.


Acompanhamos assim, a história de sobrevivência de uma mulher, com a perda da inocência e juventude, abdicando das pessoas que ama, tornando-se guerrilheira, sendo presa e torturada. E a capacidade da protagonista de se superar diante das agruras de uma guerra, sem desmoronar como pessoa e ainda bancando uma nova vida.

É um filme globalizado sobre a guerra e apresenta as consequências na vida de uma pessoa. A passagem de uma atitude passiva para a ativa, pois nos episódios de guerra sentimo-nos dominados, bloqueados, sem agir de acordo com nossos critérios e desejos. Podemos relacionar a guerra à pulsão de morte, pulsão destrutiva e agressiva. Oposição primitiva de amor e ódio, pulsão de vida e de morte, expressas através da ambivalência emocional. Esta se caracteriza por uma vivência contraditória entre o amor e o ódio em relação ao outro. Uma reação de oposição diante dos fatos externos e do viver interno, subjetivo. Os sentimentos se confundem e aparecem reações contraditórias que perturbam o sujeito e a sociedade, diante de atuações muitas vezes agressivas e violentas.


“Na guerra prepara-se a paz e na paz constrói-se a guerra”.


Vanessa M. da Ponte
Psicóloga do Lien Clínica e Assessoria

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Linguagem e Comunicação





Esta tirinha do Calvin* nos faz pensar na importância da argumentação. Note como o Calvin argumenta para não organizar o quarto bagunçado, obrigando sua mãe a contra-argumentar a importância de isso ser feito. Vejam que a mãe considera os argumentos de Calvin (sobre como ele poderia saber a importância do trabalho se não será pago por ele) para responder com um discurso coerente (de que ele pode confiar em uma mãe sobre isso).
Isso me fez pensar em algumas situações que presencio ao interagir com pais e filhos no consultório ou mesmo com professores falando de seus alunos. Geralmente, falamos que queremos crianças e jovens mais argumentativos, que não respondam apenas com ‘porque sim’ ou ‘porque não’, que consigam explanar suas ideias, ter e manifestar suas opiniões e expandir seus conhecimentos de mundo. No entanto, quando eles adquirem esse arsenal de argumentos, é difícil dosar o quanto isso deve ser acatado e o quanto isso deve ser refutado.
Ora, uma boa argumentação deve ser respondida com outra de equivalente qualidade. Claro que é importante incentivar a argumentar, mas isso, ao contrário do que usualmente é feito, é também contra-argumentar, é ceder a ela apenas quando for possível e, logicamente, não ceder quando ela não fizer sentido (seja pela impossibilidade do momento, seja pelo absurdo do pedido, por exemplo). Então, a forma como as coisas são ditas são importantes, mas temos que nos ater ao seu conteúdo para saber se são viáveis.
Logo, quando preparamos filhos e alunos para serem pessoas mais argumentativas, precisamos igualmente nos preparar para que não precisemos, por descuido, 'organizar a bagunça do outro’.

Elisângela Bassi
Fonoaudióloga do Lien Clínica e Assessoria

*Tirinha extraída de: Watterson, Bill. (2007). O mundo mágico: as aventuras de Calvin & Haroldo. Tradução Luciano Vieira Machado. São Paulo: Conrad Editora do Brasil, 2007:76.

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Pensamentos e Reflexões






FÁCIL E DIFÍCIL (Carlos Drummond Andrade)

Falar é completamente fácil, quando se tem palavras em mente que se expresse sua opinião...
Difícil é expressar por gestos e atitudes, o que realmente queremos dizer.

Fácil é julgar pessoas que estão sendo expostas pelas circunstâncias
Difícil é encontrar e refletir sobre os seus próprios erros.

Fácil é fazer companhia a alguém, dizer o que ela deseja ouvir...
Difícil é ser amigo para todas as horas e dizer a verdade quando for preciso.

Fácil é analisar a situação alheia e poder aconselhar sobre a mesma...
Difícil é vivenciar esta situação e saber o que fazer.

Fácil é demonstrar raiva e impaciência quando algo o deixa irritado...
Difícil é expressar o seu amor a alguém que realmente te conhece.

Fácil é viver sem ter que se preocupar com o amanhã...
Difícil é questionar e tentar melhorar suas atitudes impulsivas e às vezes impetuosas, a cada dia que passa.
Fácil é mentir aos quatro ventos o que tentamos camuflar...
Difícil é mentir para o nosso coração.

Fácil é ver o que queremos enxergar...
Difícil é saber que nos iludimos com o que achávamos ter visto.

Fácil é ditar regras e difícil é segui-las...

Não vou me ater ao Fácil, o próprio conceito dá conta do recado. Gostaria de aproveitar as palavras de Carlos Drummond para questionar o Difícil em nossas vidas.
A história bíblica do camelo que passa pelo buraco da agulha, talvez ilustre como a questão da dificuldade nos é apresentada como um sacrifício que terá a boa recompensa no final: “ganharemos o reino dos céus.”
É claro que cada pessoa absorve o conhecimento de uma forma: umas entendem como um desafio que promoverá o desenvolvimento, mas para outras o DIFÍCIL pode ser confundido com o IMPOSSÍVEL. Criam crenças, que limitam, que as distanciam de qualquer possibilidade de crescimento e evolução.
Deixam de viver o desafio e de provar a superação.
Pense nos seus “impossíveis” e veja se não são apenas “difíceis”.
Encontrando dificuldade, saiba que pode buscar ajuda!!!!!!!!!!


Grande abraço
Roberta Marin Passos
Psicóloga – Lien Clínica e Assessoria

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Cinema e Psicanálise

A Separação
Filme iraniano A Separação Melhor Filme Estrangeiro do Oscar 2012







Direção: Asghar Farhadi
Elenco: Leila Hatami, Peyman Moadi, Sarina Farhadi
Nome Original: Jodaeiye Nader az Simin
Duração: 123 minutos
Ano: 2010
País: Irã
Classificação:12 anos
Gênero: Drama


Sinopse:
A Separação (Créditos: Divulgação)
Vencedor do Oscar 2012 na categoria melhor filme estrangeiro, o filme iraniano A Separação traz a história de Nader (Peyman Moaadi), um homem que, após se divorciar de Simin (Leila Hatami), é obrigado a contratar uma jovem para cuidar do pai que sofre de Alzheimer. No entanto, a garota está grávida e trabalhando sem o consentimento do marido. Essas condições aliadas a um terrível incidente levarão as duas famílias a um julgamento moral e religioso.
Assinado por Asghar Farhadi, o filme ganhou dois Ursos de Prata (melhor ator e melhor atriz) e o Urso de Ouro, prêmio máximo para o melhor filme.








Comentários:

A separação de um casal pode se converter em uma arena, cenário de disputas no qual questões não conversadas e não resolvidas aparecem de forma irreversível. Os filhos muitas vezes presenciam discussões e agressões sem, contudo, poder tomar partido, por envolver questões do casal parental. Mágoas, rancores, desentendimentos, desejos adiados, insatisfações eclodem e inundam a família como um todo.
No filme esta problemática é encenada através dos conflitos de um casal que decide se separar diante da ideia da esposa de deixar o país, decisão não compartilhada pelo marido. A partir disto, situações de difícil resolução emergem na família: a decisão da filha do casal de ficar com o pai ou emigrar com a mãe, a delicada relação entre pai e filha, e mãe e filha na adolescência, a percepção da filha das fragilidades dos pais, quem e como cuidar do pai doente do marido, o que é certo, justo e verdadeiro. Do lado da cuidadora do idoso doente, os conflitos giram em torno de como trabalhar sem afrontar cultura e valores, como conviver com um marido desempregado e agressivo, o que é certo encobrir, revelar, o que é humano...
O valor do filme está na criação de cenas extremamente conflitivas onde o espectador fica com dificuldade de se posicionar e onde fica claro que cada personagem tem seus motivos e reivindicações, muitas delas, inconscientes. Outro aspecto interessante é como as mulheres do filme aparentemente frágeis se utilizam de estratégias de convencimento e de ações de camuflagem para conseguirem conviver e driblar os preceitos morais, religiosos.

Liliana Emparan
Psicanalista e Psicopedagoga do LIEN- Clínica e Assessoria


segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Cinema e Psicanálise


O EXÓTICO HOTEL MARIGOLD

Direção: John Madden
Reino Unido, 2012


Sinopse:
Os aposentados Muriel, Douglas, Evelyn, Graham e mais três amigos decidem curtir a aposentadoria em lugar diferente e o destino é a Índia. Encantados com o exotismo do local e com imagens do recém restaurado Hotel Marigold, a trupe parte para lá sem pestanejar e são recebidos pelo jovem sonhador Sonny. O único detalhe é que nada era muito bem como parecia ser, mas as experiências que eles irão viver mudarão para sempre o futuro de todos.

(Fonte: adorocinema)

Comentários:

O filme mostra a ousadia de um grupo de pessoas que parte para um destino exótico buscando novas oportunidades. O que é diferente como possibilidade, como uma nova chance para estas pessoas que tem desejos e interesses pela vida. Abdicando de vidas “previsíveis” e deixando para trás situações que denunciariam o tempo todo à condição de dependência, vulnerabilidade e limite diante da velhice. O próprio hotel representa esta condição, pois precisa de reformas, reparos, não é algo pronto, precisa se reconstruir.




Os personagens mostram cada um a seu modo, a capacidade e incapacidade de entrega a estas mudanças: alguns com esperança e otimismo e outros com preconceito e recusa.
Um dos personagens comenta sobre o fato dos indianos encararem a vida não como um direito, mas como um privilégio.

A velhice pode ser considerada como a idade avançada, que se segue à maturidade. É a ideia de algo que muda com o tempo e o degenerar como alterar, de não ser mais o que foi, o ser humano em constante transformação. A revelação do envelhecer, as descobertas dos sinais que marcam o tempo no corpo trazem a estranheza deste se descobrir como um outro, em outro tempo.


“O tempo é um ponto de vista. Velho é quem é um dia mais velho que a gente...”.
(Mario Quintana)


Vanessa M. da Ponte
Psicóloga do Lien Clínica e Assessoria

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Pensamentos e Reflexões


Seu Valor

Qual é o preço justo para um serviço?
Um caldeireiro foi contratado para consertar um enorme sistema de caldeiras de um navio a vapor que não estava funcionando bem. Após escutar a descrição feita pelo engenheiro quanto aos problemas, e de haver feito umas poucas perguntas, dirigiu-se à sala de máquinas. Olhou para o labirinto de tubos retorcidos, escutou o ruído surdo das caldeiras e o silvo do vapor que escapava, durante alguns instantes; com as mãos apalpou alguns dos tubos. Depois, cantarolando suavemente só para si, procurou em seu avental alguma coisa e tirou de lá um pequeno martelo, com o qual bateu apenas uma vez numa válvula vermelha brilhante. Imediatamente, o sistema inteiro começou a trabalhar com perfeição e o caldeireiro voltou para casa.
Quando o dono do navio recebeu uma conta de $1000, queixou-se de que o caldeireiro só havia ficado na sala de máquinas durante quinze minutos e pediu uma conta pormenorizada.
Eis o que o caldeireiro lhe enviou: Total da conta.......: $1.000,00, assim discriminados:
Conserto com o martelo.....: $ 0,50 Saber onde martelar...........: $ 999,50

Esperamos muito o reconhecimento dos outros, mas e você, sabe reconhecer e valorizar seus potenciais?
Se nós não pudermos valorizar o que somos, será difícil que os outros valorizem.
Um grande abraço
Roberta Marin Passos
Psicóloga – Lien Clínica e Assessoria



terça-feira, 4 de setembro de 2012

Infância e Educação


Caros leitores,

Convido vocês a assistir este imperdível curta israelense que ganhou, no OSCAR de 2011, o prêmio de melhor curta documental.
O vídeo relata o dia-a-dia de uma escola na qual seus alunos provêm de diferentes países, muitos deles crianças refugiadas, e as dificuldades para que possam aprender. O surpreendente é que, apesar das dificuldades para se comunicar, a escola adota estratégias que fazem com que existam formas de entendimento nesta “Babel” lingüística.
Assim, o que seria um empecilho, pela diversidade de idiomas que cada um destes alunos possui, acaba se tornando um desafio. Após algum tempo, os alunos aprendem inclusive a língua local.
As coordenadoras da escola têm a preocupação em assistir também as famílias que, muitas vezes, vivem situações muito precárias.
E o mais interessante, alguns alunos quando se formam resolvem retornar ao país de origem levando os ensinamentos que adquiriram para poder difundi-los.
Uma lição de humanidade, competência e entendimento do que realmente significa educar!


http://www.youtube.com/watch?v=Q9ISMrEvS_s

Liliana Emparan
Psicanalista e Psicopedagoga do LIEN- Clínica e Assessoria

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Cinema e Psicanálise



INTOCÁVEIS
The Intouchables)
Direção: Olivier Nakache e Eric Toledano
França, 2012
Sinopse: Considerado um fenômeno mundial, Intocáveis traz a história de um aristocrata que contrata um jovem para ser o seu cuidador após um acidente de parapente, o que o deixou tetraplégico. O que era para ser um período experimental acaba virando uma grande aventura. Amizade, companheirismo e confiança são os elementos que transformam esse filme tocante e inesquecível.


AS MULHERES DO 6° ANDAR
(Les femmes du 6eme etage)
Direção: Phillippe Le Guay
França, 2011
Sinopse: Paris dos anos 60. Joubert é um corretor da bolsa que leva uma vida burguesa ao lado da esposa Suzanne. Quando a sua empregada doméstica, há 20 anos, decide ir embora, sua pacata rotina é transformada pela chegada de Maria, empregada espanhola que mora com a tia e outras conterrâneas nos pequenos alojamentos para empregados do sexto andar do prédio. Motivado pela simpatia de Maria, Jean-Louis começa a se aproximar dessas mulheres que, apesar dos dissabores da vida dura que levam, são alegres e bem dispostas. Tocado por estes seres femininos cheios de vida, ele começa a descobrir um novo universo, vivendo com emoção os prazeres mais sutis, em um ambiente completamente diferente aos modos austeros em que estava acostumado.
(Fonte: cinepop)

Comentários:
São filmes que mostram as possibilidades de relacionamento entre pessoas de distintas classes sociais com sensibilidade e humor.
Paris é uma cidade que “acolhe” estrangeiros e que passa por constantes mudanças sociais. Não é a toa que muitos filmes falam deste contraste.
Os protagonistas, representados pela alta classe social, diante do contato com seus empregados ou cuidadores, repensam suas vidas e experimentam novas formas de ser.


Há um encantamento diante do que é diferente, pois tanto a burguesia quanto a aristocracia ficam “seduzidas” diante da espontaneidade, autenticidade, alegria e rebeldia destas classes não abastadas. O “ser e ter” como busca e troca.
O “intocável” pode ser a vulnerabilidade do outro diante de algo novo, de uma descoberta que o surpreende e gera impacto na sua vida. Como duas pessoas de realidades tão distintas, seja de privação ou não, podem se admirar e se relacionar tão intensamente? E há uma admiração mútua, cada um se regando da fonte do outro, pelo que é diferente e novo.


Indo um pouco mais além, apenas como reflexão de uma condição mais extrema, o termo “servidão” em Psicanálise fala de um sujeito alienado à própria linguagem que o constitui enquanto humano, e que, paradoxalmente como fala, está no fundamento de sua liberdade. A servidão não se institui na violência ou constrangimento, mas na sedução. O desejo do homem é o desejo do Outro, e quem cuida do desejo do “senhor” é o “escravo”. Servidão da sua perda de ser, que oprime a liberdade, da diversidade interna, do território vazio. O contrário de servir é pensar. O conceito de servidão voluntária com a vontade de servir e o desejo de se identificar com este outro com sua “essência de rico”, de estrangeiro, operando uma “curiosa exclusão interna” como denominou Calligaris. “Colonizados” elegendo um “estrangeiro” como fetiche.

Vanessa Ponte
Psicóloga do Lien Clínica e Assessoria


(Fonte: Ágora – “A subjetividade hoje: os paradoxos da servidão voluntária” de Doris Rinaldi).