quinta-feira, 29 de março de 2012

Pensamentos...

"Não somos apenas o que pensamos ser. Somos mais, somos também o que lembramos e aquilo do que nos esquecemos; somos as palavras que trocamos, os enganos que cometemos, os impulsos a que cedemos sem querer".

S. Freud



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terça-feira, 27 de março de 2012

PsicoArtigos

Muito se fala de auto-estima, de valorização, de auto-confiança, mas pouco se esclarece sobre o que isto significa ou como se constrói, especialmente quando pensamos em crianças ou adolescentes.
No texto abaixo, o autor destaca a importância do que chamarei de "incentivo com conteúdo". Ou seja, não se trata de valorizar o outro incentivando sua vaidade ou de realizar comentários supérfluos, mas de pensar no que se transmite quando se faz um elogio ou se valoriza uma ação. A pergunta é: que tipo de valores estamos veiculando? que tipo de seres humanos queremos formar?
Convido a refletir mais uma vez sobre nossas ações como pais e educadores.

Um abraço,
Liliana Emparan
Psicanalista e Psicopedagoga do LIEN Clínica e Assessoria.



Elogie do jeito certo
Por Marcos Meier*

Recentemente um grupo de crianças pequenas passou por um teste muito interessante. Psicólogos propuseram uma tarefa de média dificuldade, mas que as crianças executariam sem grandes problemas. Todas conseguiram terminar a tarefa depois de certo tempo. Em seguida, foram divididas em dois grupos.


O grupo A foi elogiado quanto à inteligência. “Uau, como você é inteligente!”, “Que esperta que você é!”, “Menino, que orgulho de ver o quanto você é genial!” ... e outros elogios à capacidade de cada criança.

O grupo B foi elogiado quanto ao esforço. “Menina, gostei de ver o quanto você se dedicou na tarefa!”, “Menino, que legal ter visto seu esforço!”, “Uau, que persistência você mostrou. Tentou, tentou, até conseguir, muito bem!” ... e outros elogios relacionados ao trabalho realizado e não à criança em si.

Depois dessa fase, uma nova tarefa de dificuldade equivalente à primeira foi proposta aos dois grupos de crianças. Elas não eram obrigadas a cumprir a tarefa, podiam escolher se queriam ou não, sem qualquer tipo de consequência.

As respostas das crianças surpreenderam. A grande maioria das crianças do grupo A  simplesmente recusou a segunda tarefa. As crianças não queriam nem tentar. Por outro lado, quase todas as crianças do grupo B aceitaram tentar. Não recusaram a nova tarefa.

A explicação é simples e nos ajuda a compreender como elogiar nossos filhos e nossos alunos. O ser humano foge de experiências que possam ser desagradáveis. As crianças “inteligentes” não querem o sentimento de frustração de não conseguir realizar uma tarefa, pois isso pode modificar a imagem que os adultos têm delas. “Se eu não conseguir, eles não vão mais dizer que sou inteligente”. As “esforçadas” não ficam com medo de tentar, pois mesmo que não consigam é o esforço que será elogiado. Nós sabemos de muitos casos de jovens considerados inteligentes não passarem no vestibular, enquanto aqueles jovens “médios” obterem a vitória. Os inteligentes confiaram demais em sua capacidade e deixaram de se preparar adequadamente. Os outros sabiam que se não tivessem um excelente preparo não seriam aprovados e, justamente por isso, estudaram mais, resolveram mais exercícios, leram e se aprofundaram melhor em cada uma das disciplinas. 

No entanto, isso não é tudo. Além dos conteúdos escolares, nossos filhos precisam aprender  valores, princípios e ética. Precisam respeitar as diferenças, lutar contra o preconceito, adquirir hábitos saudáveis e construir amizades sólidas. Não se consegue nada disso por meio de elogios frágeis, focados no ego de cada um. É preciso que sejam incentivados constantemente a agir assim. Isso se faz com elogios, feedbacks e incentivos ao comportamento esperado.

Nossos filhos precisam ouvir frases como: “Que bom que você o ajudou, você tem um bom coração”, “parabéns meu filho por ter dito a verdade apesar de estar com medo... você é ético”, “filha, fiquei orgulhoso de você ter dado atenção àquela menina nova ao invés de tê-la excluído
como algumas colegas fizeram... você é solidária”, “isso mesmo filho, deixar seu primo brincar com seu video game foi muito legal, você é um bom amigo”. Elogios desse tipo estão fundamentados em ações reais e reforçam o comportamento da criança que tenderá a repeti-los. Isso não é “tática” paterna, é incentivo real.

Por outro lado, elogiar superficialidades é uma tendência atual. “Que linda você é amor”, “acho você muito esperto meu filho”, “Como você é charmoso”, “que cabelo lindo”, “seus olhos são tão bonitos”. Elogios como esses não estão baseados em fatos, nem em comportamentos, nem em
atitudes. São apenas impressões e interpretações dos adultos. Em breve, crianças como essas estarão fazendo chantagens emocionais, birras, manhas e “charminhos”. Quando adultos, não terão desenvolvido resistência à frustração e a fragilidade emocional estará presente.

Homens e mulheres de personalidade forte e saudável são como carvalhos que crescem nas encostas de montanhas. Os ventos não os derrubam, pois cresceram na presença deles. São frondosos, copas grandes e o verde de suas folhas mostra vigor, pois se alimentaram da terra fértil.

Que nossos filhos recebam o vento e a terra adubada por nossa postura firme e carinhosa.



* Marcos Meier é psicólogo, professor de Matemática e mestre em Educação. Especialista na teoria da Modificabilidade Estrutural Cognitiva de Reuven Feuerstein, em Israel. Também conhecida como teoria da Mediação da Aprendizagem.


terça-feira, 20 de março de 2012

Cinema e Psicanálise

Site das imagens: www.cinemamontreal.com
Título Original: C’est pas moi, jê le jure! (Canadá /2008)
Diretor: Philippe Falardeau

Não Sou Eu, Eu Juro!


SINOPSE
“O ano de 1968 marca uma virada na vida do menino Léon Doré, dez anos. Sua falsa tentativa de suicídio, por enforcamento, fracassa por um fio. Pouco depois, sua mãe neurastênica, que se sente sufocada pelo marido, vai morar na Grécia, deixando seus dois filhos com o pai. Enquanto o irmão mais velho cultiva um rancor surdo, Léon pilha e faz uma bagunça danada na casa dos vizinhos que viajaram de férias, finge ter um problema na vista para justificar as péssimas notas no colégio, arma tramoias, manipula as pessoas, menos Léa, a jovem vizinha que percebe tudo. Juntos, eles vão crescer aprendendo a superar a dor de serem abandonados”.

COMENTÁRIOS
Filme carismático, que consegue tratar de temas tão delicados da infância (abandono, maus tratos, rejeição), de maneira bem humorada e divertida. Os dramas vividos pelo garoto não são banalizados e se manifestam através de sua rebeldia. Diante do sofrimento pela falta da mãe e com a presença de um pai distante, Léon trava uma batalha com a vida, se arriscando em situações extremas, testando seus limites. Apesar do sentimento de impotência diante do abandono materno, ele busca desesperadamente um sentido para sua vida. Apesar de franzino, o personagem seduz com a sua precocidade, esperteza e fragilidade ao mesmo tempo. Através da amiga Léa (que sofre de maus tratos e foi abandonada pelo pai) o protagonista vivencia ainda a ternura e as agruras do primeiro amor.

Frases de Léon no filme:
-“Em tempos de desespero, medidas desesperadas”.
-“Ela esvaziou minhas reservas de amor por uns vinte anos”.
-“A vida não é feita para mim, mas eu pareço ter sido feito para a vida”.
Imperdível!

Vanessa M. da Ponte, psicóloga do Lien Clínica e Assessoria


terça-feira, 13 de março de 2012

Reflexões Psicanalíticas

“Os diferentes são todos doentes?”


Coloco aqui à disposição do leitor mais um texto para reflexão.
 
No artigo “Os diferentes são todos doentes?” Calligaris começa discutindo a questão da classificação imposta pela nossa sociedade entre normalidade e anormalidade.
Sabemos que toda sociedade estabelece um conjunto de normas, práticas e valores nos quais se apoiar; até aí nada novo, embora saibamos das atrocidades que foram cometidas em nome disto: perseguições, extermínios, fogueiras, explorações, escravidao etc.

O interessante é que todos nós questionamos, em algum grau, estes padrões impostos através dos quais aquele que não se adapta é taxado de anormal. E aqui o autor se refere às diferenças sexuais, étnicas, religiosas, sociais etc. O paradoxo é que apesar de questionarmos este rígido padrão, muitas vezes, nos valemos dele nas nossas interrogações sobre a nossa condição humana.

Ou seja, se por um lado lamentamos que ainda hoje se conviva, em algum grau, com estas práticas discriminatórias - pese a legislaçao e a chamada civilização democrática que advoga direitos humanos -, posições mais sutis têm surgido. São as que consideram a diferença uma doença que precisa de cura. E para isto há sempre um “médico” de plantão e um remédio para este “mal”.

A partir disto, a relação com o outro “diferente” passa a ser mediada pela idéia de que ele possua alguma patologia genética, neurológica, psíquica, etc. Em outras palavras, não há lugar para a diferença, já que ela precisa ser “curada”. O sujeito “diferente” passaria por uma “transição” até que pudesse eliminar a doença e alcançar a cura.

Cabe se perguntar que doença é essa que no fundo tem a ver com a puralidade e a diversidade humanas, já que não existe ninguém igual. E mais do que isso, será que vai existir alguém isento, alguém “são”?
Será que a globalização também imporá um padrão psíquico aos seres humanos?

Liliana Emparan
Psicanalista e Psicopedagoga do LIEN Clínica e Assessoria.

Cinema e Psicanálise



MEDIANERAS – BUENOS AIRES NA ERA DO AMOR VIRTUAL

As vidas paralelas de dois jovens moderninhos feitos um para o outro – mas que nunca se encontram – expressam o paradoxo da solidão em tempos de redes sociais. A sequência inicial, com sacadas sobre Buenos Aires que bem caberiam em São Paulo, se dilui em angústias de butique, provando que o mal contemporâneo não é a incomunicabilidade, mas a infantilização pop. (Manuel da Costa Pinto, Folha de S. Paulo).

terça-feira, 6 de março de 2012

Reflexões Psicanalíticas

Ângulo Diferente


No pequeno texto a seguir vê-se refletida uma cena curiosa.Uma pessoa observa outra lendo um livro de "cabeça para baixo" e a questiona por isso.Os comentários de ambos se prestam a várias reflexões.
Uma possível reflexão diz respeito ao nosso olhar particular, até etnocêntrico sobre as ações e pensamentos do outro, olhar através do qual, o que o outro faz é, muitas vezes, criticado. Isto ocorre porque a nossa análise parte da nossa escala de valores que desconsidera ou desvaloriza a do outro. Sair da posição de "centro do mundo" é um longo e penoso trabalho subjetivo. Lidar com nossas frustrações e impossibilidades torna-se fundamental.
Neste sentido, realizar um trabalho terapêutico, empreender uma análise pode contribuir, e muito, a esse deslocamento do olhar.
Uma outra reflexão mais específica diz respeito a aspectos mais educacionais, à maneira pelo qual o outro aprende. Muitas vezes os educadores acreditam que exista apenas uma forma do aluno aprender e, frente à dificuldade da criança, consideram que ele nunca poderá aprender, que não tem capacidade. Nestes casos, um olhar psicopedagógico pode ajudar, tanto professor, como aluno a ver mais além do aparente "fracasso", conhecendo as habilidades escondidas do aluno. 
Ou seja, ver o outro e a si mesmo desde outro ângulo, como o texto nos revela.

Um abraço,
Liliana Emparan 
Psicanalista e Psicopedagoga do LIEN Clínica e Assessoria

http://catherinedejupiter.files.wordpress.com/2010/11/joaquin_torres_garcia_-_america_invertida.jpg?w=319&h=337

"Um homem yemenita, refinado e de boa aparência, sentou-se ao meu lado [num trem] e lia um livro de cabeça para baixo. Virava as páginas muito interessado no livro. Pensei que era louco. Não conformado, perguntei-lhe se podia ler. Ele me respondeu: “Não vê que estou lendo?”. “Como pode ler um livro de cabeça para baixo?”, perguntei-lhe.  Ao que ele respondeu: “Como de cabeça para baixo, qual é o lado de cima?”. Pensei que estava falando com alguém que tinha vindo de Marte. Ele percebeu que eu estava confuso e começou a rir. “Nós, yemenitas, vivemos no deserto e possuímos só uma Bíblia na cidade, todas as crianças aprendem a ler sentadas em volta do professor. O professor segura o livro e mostra:bereshit bara Elohim, no começo Deus criou... Cada um de nós sentados em volta vemos o livro de um ângulo diferente, e assim aprendemos a ler em muitos ângulos. Para nós, não existe para cima ou para baixo, aliás para lado nenhum. Vocês europeus é que são loucos, porque só podem ler um livro de um lado só, [...] de uma única maneira.”
(Moshe Feldenkrais, do livro Vida e Movimento)

quinta-feira, 1 de março de 2012

Pensamentos...




"Existem momentos na vida onde a questão de saber se
se pode pensar diferentemente do que se pensa,
e perceber diferentemente do que se vê, 
é indispensável para continuar a olhar ou a refletir".
Michel Foucault