
Imobilidade
(Fonte da Imagem: veja.abril.com.br)
É indiscutível a importância e influência da internet e das tecnologias nos dias de hoje.
As redes sociais propiciam uma nova forma de se comunicar e de se expressar, mudando drasticamente o comportamento das pessoas. Estabelece e promove a interação individual e coletiva e de forma significativa, mas trás na bagagem alguns efeitos colaterais importantes: o constrangimento diante da exposição do internauta através de postagens indesejadas e no que diz respeito à autoimagem há possibilidade de estabelecer um padrão idealizado e desejado que não compete com a realidade e a não sustentabilidade disso pode causar frustação e angústia. Sem falar do exibicionismo, onde questões narcísicas entram em jogo.
A conectividade cresce em milhões e as redes sociais cada vez mais determinam e influenciam consumidores, empresas e negócios. O celular assume novas funções e poderá muito em breve ser usado como carteira, da mesma forma que utilizamos um cartão de crédito (imaginem um ‘comprador compulsivo’ diante desta tecnologia). Obviamente que o exagero leva à compulsão e tudo isso gera consequências sociais e psicológicas.
O que chama a atenção é ver cada vez mais pessoas absortas em suas ‘pequenas janelas’ com ‘infinitas possibilidades’. Em qualquer lugar, seja aonde for. O olhar muda de direção e a percepção idem. E o que resta ao mundo real?
No filme argentino “Medianeras – Buenos Aires na era do Amor Virtual", o protagonista comenta com certa melancolia que a internet o conectou com o mundo, mas tirou sua vida. Estamos diante de um protagonista solitário, numa situação extrema, mas a mensagem é para não possibilitar que o virtual camufle o real.
Imaginem as crianças diante deste ‘penico virtual’ nas primeiras fases do desenvolvimento. Ao invés de contar com o olhar dos pais, dos cuidadores ou simplesmente terem o privilégio de se apropriarem de suas próprias percepções e sensações nesta etapa importante do aprendizado infantil, estarão provavelmente absortas e conectadas nesta janela virtual, nem se dando muito conta deste aprendizado, estimuladas ciberneticamente. Que tipo de vivência se estabelecerá a partir disto? Quais os efeitos na vida desta pessoa? Pode ser extremamente cômodo e facilitador para os pais e por isso estranho e assustador, mas provavelmente é o futuro das novas gerações, irremediavelmente.
O convite é para refletirmos sobre esta ‘imobilidade’ diante de uma ‘estagnação’ e do quanto é sedutor se “desconectar” do mundo real pelo apelo de uma realidade muito mais dinâmica, facilitadora, atrativa e muitas vezes ‘indolor’. Não é ir contra a tecnologia, mas saber fazer uso sem desperdiçar outros aspectos importantes da vida.
Provavelmente por outras gerações não tão sucumbidas a esta realidade virtual, já é perceptível certa nostalgia de outros tempos. Onde um olhar, um gesto ou uma palavra diziam tanto e ao vivo e a cores...
O trecho do artigo “Conheça suas motivações para ter sucesso duradouro” do Paulo Campos da Exame.com sintetiza muito bem estas questões:
“No final de 2013, você estará próximo de ser a mesma pessoa que é hoje, exceto por dois motivos: pelos livros que você vai ler e pelas pessoas que vai conhecer. Então, invista mais tempo em relacionamentos “ao vivo” do que em “virtuais”. E delicie-se na livraria ou na biblioteca: a informação envelhece e o conhecimento renova”.
Vanessa M. da Ponte
Psicóloga do Lien Clínica e Assessoria
Parece que a tecnologia irá transformar a todos em robôs... começaremos a usar a internet desde o penico e continuaremos assim... é como vejo muitas das pessoas no metrô... em mundos melancólicos particulares... Você esté em um trem com dezenas de pessoas e continua falando consigo mesmo... Acho triste...
ResponderExcluirLeca