quinta-feira, 18 de julho de 2013
Pensamentos e Reflexões
A queixa dos adultos frente ao interesse das crianças e adolescentes pelos jogos, Internet, facebook e outras linguagens atuais
Em conversas entre grupo de pais comumente surge a queixa pelo “interesse excessivo” de crianças e adolescentes pelo chamado “mundo virtual”.
Uma pessoa conta, tentando exemplificar, que fez um churrasco para um grupo de casais e filhos em um sítio. De repente os filhos sumiram e eis que estavam todos sentados em uma ampla sala, cada um com seu celular no facebook ou jogando jogos, sem falar nada com ninguém.
Todos estão perplexos diante deste comportamento que julgam individualista e bitolado. Imagine, com tanto espaço, em um sítio e com um belo dia, todos trancados! Como pode??!!
Começa então uma lembrança saudosa das brincadeiras antigas que estes adultos tinham na escola, na rua, na praça etc. Ou seja, uma contraposição brutal de espaços e tempos que separam estas duas gerações de pais e filhos.
Observo também esta característica do fascínio pelas redes sociais e percebo que ela também é extensiva aos adultos: alguns casais em restaurantes não conversam pois cada um olha em seu celular e-mails, mensagens etc., grupos de amigos em um bar interagem pouco entre si, seduzidos pelo mesmo aparelhinho.
Penso então na atração da imagem todo poderosa que já não nos invade, visto que somos nós que a procuramos incessantemente.
Porém, penso sobretudo nas crianças e adolescentes e no seu espaço lúdico, na sua necessidade de brincar e se divertir tão cerceada pelos adultos. Medo de assaltos, insegurança, proteção excessiva, aceleração, desconhecimento dos vizinhos fazem com que o espaço da cidade seja cada vez mais restrito para crianças e adolescentes trancados em prédios, escolas, academias, shoppings ou em casas com grades. Assim, encontraram no mundo virtual de guerras, lutas, papos e curtições no facebook um espaço ainda “permitido”, ou seja, um pouco mais livre, algo semelhante a sensação dos adultos que em tempos não tão remotos brincavam na rua.
E principalmente penso que este especo virtual ainda é um espaço que os adultos não compreendem e não controlam totalmente. E isto é muito importante para a construção da identidade da criança e do adolescente.
Liliana Emparan
Psicanalista e Psicopedagoga do LIEN Clínica e Assessoria
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