CIÚME – O INFERNO DO AMOR POSSESSIVO (L ´ENFER)
Direção: Claude Chabrol (França, 1994)
"Emmanuelle Béart, ótima e bela atriz e François Cluzet, em perfeita caracterização, fazem o casal que trilha a conhecida trajetória da alegria e juventude, casamento, filho, quando de repente se defrontam com um inimigo poderoso e milenar: o ciúme. O título deste filme de 1994 em francês é “L´enfer” e em inglês “Hell”, que significam o mesmo: “Inferno”. E esse deveria ser o título também em português, porque o filme mostra exatamente isso: com tintas bastantes reais, o horror de um relacionamento em que o ciúme se torna uma obsessão, uma paranoia. Com a habilidade do diretor e também roteirista Claude Chabrol, os fatos vão se sucedendo dramaticamente, sendo muitas vezes misturadas as cores reais com as imaginárias (no espectador há inclusive instantes de hesitação…). A degradação física e psicológica do casal nos choca e pode provocar a identificação daqueles que já foram reféns de sentimentos semelhantes. Mas nem por isso o impacto é menor. Ao término do filme, uma surpresa inteligente no lugar do habitual The end".
(Fonte: www.dicasdecinema.net)
Comentários:
O ciúme talvez seja um dos sentimentos mais comuns nas relações amorosas. Muitas vezes utilizado como prova de amor, como tempero das relações e frequentemente causador de brigas, desconfianças e embates emocionais. Sem ele parece que há indiferença e desapego. Na arte da sedução e da conquista, o ciúme pode ser tolerável e até admirado. Pode provocar estragos dependendo de sua intensidade, colocando em risco a relação, sendo perigoso e até fatal. Vai além da esfera romântica para as relações familiares, sociais e profissionais. Norteia o campo da exclusividade, fidelidade, suspeita e traição e faz parte do cotidiano.
Pensando na dinâmica amorosa do casal o ‘funcionamento ciumento’ faz com que o outro atue. Com a passagem do tempo e com as marcas que gera no outro objetivamente e subjetivamente. Pode ser um prazer associado ao sofrimento do outro. O ciumento fica no lugar do excluído diante do ‘enciumante’. O ciúme se relaciona a vínculo, laço e a existência de um terceiro estrangeiro, a um não pertencimento. Pela escolha ou desconfiança do outro, há um lugar privilegiado para este terceiro, como um fantasma circulando na relação a dois.
A intervenção terapêutica pode estimular um trabalho vincular, construindo e reconstruindo o tempo todo, necessário para o entendimento e amadurecimento do casal.
Se o ciúmes permanece, ele não aumenta o amor, pois é desamor, pela sede de exclusividade do outro como posse. É necessário aceitar o outro com vida própria.
O ciumento inclusive pode ser um traidor em potencial.
Sentimento pouco construtivo, que tem herança na inveja.
Ciúme vem do Latim Zelumen,de Zelus (desejo amoroso, ciúme, emulação) e do Grego Zelos (zelo, ardor, ciúme).
Fica a dica deste filme que provavelmente é um dos mais representativos sobre o tema!
Vanessa Ponte
Psicóloga do Lien Clínica e Assessoria