
‘Denzel Washington interpreta piloto alcoólatra no filme "O Voo"
'Um voo matinal de Orlando para Atlanta poderia ser mais um dos vários que o capitão Whip Whitaker (Denzel Washington) precisa realizar em poucos dias. E assim ele o trata ao ir trabalhar após cheirar uma carreira de cocaína por ter passado mais uma noite bebendo. Ao contrário do que se esperava, esse não é mais um dia rotineiro.
Em "O Voo", dirigido por Robert Zemeckis (da trilogia "De Volta para o Futuro"), Whip fantasticamente salva a tripulação de um malfadado avião prestes a explodir em pleno ar. Seis morrem, muitos se machucam, mas, se não fosse à aterrissagem do piloto, seriam mais de uma centena de funerais.
No longa que estreou na sexta-feira (dia 8/2), o homem prontamente tratado como herói logo se encerra em seu grande pesadelo e nele afunda. "O Voo" é, na verdade, um retrato da vilania de algumas garrafas de vodca. Ao som de clássicos do rock, é no abismo do próprio alcoolismo que Whip desce após um exame acusar as substâncias em seu sangue e ele ser importunado por mensagens cristãs, pela imprensa e por advogados. Mais do que um filme sobre um acidente e longe da emoção das vidas que foram salvas e da teoria do destino imposto por Deus, "O Voo" é comandado pela urgência de uma outra sobrevivência, da qual Whip passa a maior parte dos 140 minutos bem longe’.
(Fonte: guia.folha.uol.com.br de 10/02/13)
Comentários:
O filme mostra a recusa do protagonista em assumir sua condição diante do alcoolismo. Ao mesmo tempo revela sua vulnerabilidade colocando-o sempre à prova em situações que propiciam uma bebedeira. Mas, com ironia e boas doses de humor contemplamos muitas situações de abuso de substâncias químicas. Há a evidência da fragilidade humana diante do vício, mas também há possibilidade de mudança. O protagonista passa por uma significativa transformação, entre negação e reconhecimento, com questões existências que vem à tona.
Pensando à respeito da sociedade de consumo, o protagonista interpretado por Denzel nos dá de bandeja características de um 'consumidor patológico'. O ato de ‘consumir’ como de busca da felicidade imediata, a droga como um substituto de um certo mal estar, como vivência de satisfação. As adicções constituem o sujeito, que sempre busca um objeto perdido (ou desejado). A vida nestes casos torna-se suportável pelo ato de drogar-se. Que dor psíquica o sujeito se agarra na toxicomania para ser um? Com que adições o cotidiano é possível? Nós não renunciamos a nada, substituímos (a droga como substituto, como experiência primordial de satisfação absoluta para suportar o relativo que a vida impõe).
Que laço social o sujeito pode estabelecer com esta droga?
É uma solução para a dor da existência, mesmo que de morte...?
Seja feliz, consuma?
Fica a dica deste polêmico filme para reflexão!
Vanessa Ponte
Psicóloga do Lien Clínica e Assessoria
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