terça-feira, 4 de dezembro de 2012
Cinema e Psicanálise
Precisamos Falar Sobre o Kevin
(We need to talk about Kevin)
Diretora: Lynne Ramsay
(EUA, Reino Unido, 2011).
Sinopse:
Eva mora sozinha e teve sua casa e carro pintados de vermelho. Maltratada nas ruas, ela tenta recomeçar a vida com um novo emprego e vive temerosa, evitando as pessoas. O motivo desta situação vem de seu passado, da época em que era casada com Franklin, com quem teve dois filhos: Kevin e Lucy. Seu relacionamento com o primogênito, Kevin, sempre foi complicado, desde quando ele era bebê. Com o tempo a situação foi se agravando, mas mesmo conhecendo o filho muito bem, Eva jamais imaginaria do que ele seria capaz de fazer.
(Fonte: Adorocinema)
Comentários:
Adaptado do romance de Lionel Shriver, onde a protagonista Eva escreve cartas ao pai de seu filho, Kevin, em um relato sincero e realista sobre suas escolhas.
Eva é uma escritora que viaja pelo mundo, tem um estilo de vida privilegiado e num certo momento decide mudar, casar e ter filhos. A maternidade a impacta, pois se dá conta que não está preparada (abdicando de suas aventuras e liberdade) e consequentemente se depara com a dificuldade em se relacionar com seu bebê, sentindo-se culpada e incapaz.
Há cenas com um tom de vermelho dominante, tanto na representatividade do passado de Eva, com sua jovialidade e alegria (se esbaldando numa tradicional festa de tomates na Espanha), como diante da tragédia envolvendo seu filho e sua vida.
Acompanhamos no longa a tentativa de uma mãe que fracassa em buscar a afetividade em seu filho. Kevin demonstra frieza e agressividade, ridicularizando-a o tempo todo. O pai parece ignorar a realidade dos fatos e sucumbe as vontades e atenção do filho. Conforme Kevin cresce tornando-se adolescente, demonstra a sua capacidade em ironizar, manipular e ser cruel, principalmente com a chegada da irmã caçula.
Será que podemos fazer uma relação entre desamor e sociopatia?
O filho de Eva se enquadra numa estrutura perversa, com comportamento antissocial. Ele reage com prazer em gerar angústia nos outros e desrespeito à mãe, enfrentando as leis e condutas sociais, com ausência de remorso e culpa, com egoísmo e vaidade. O perverso burla para mostrar como a lei é fraca. Busca alcançar seus interesses sem medir escrúpulos, usando da sua inteligência e sedução. Chega a se relacionar, mas com falsa consistência. Não consegue estabelecer empatia, de se colocar no lugar do outro, de se arrepender.
“Só porque você se acostuma com algo não quer dizer que você gosta”.
(Fala de Kevin no filme).
Fica a dica deste filme tenso e realista!
Vanessa M. da Ponte
Psicóloga do Lien Clínica e Assessoria
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