segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Cinema e Psicanálise


HANAMI – CEREJEIRAS EM FLOR
(KIRSCHBLÜTEN – HANAMI)
(Alemanha, 2008)
Direção: Doris Dörrie

Sinopse:

“Apenas Trudi sabe que seu marido Rudi está sofrendo de uma doença terminal e ela precisa decidir se vai contar a ele ou não. O médico sugere que eles façam algo junto, como realizar um velho sonho. Trudi decide não contar ao marido sobre a gravidade de sua doença e aceita o conselho do médico. Ela há muito tempo gostaria de ir ao Japão, mas primeiramente convence Rudi a visitar seus filhos e netos em Berlim. Quando chega na cidade, o casal percebe que os filhos estão tão ocupados com suas próprias vidas que não têm tempo para sair com eles. Na segunda viagem que Rudi aceita fazer com a esposa, ela morre repentinamente. Rudi fica devastado e não tem a menor ideia do que fazer. Através do contato com a amiga de sua filha, Rudi compreende que o amor de Trudi por ele havia feito com que ela deixasse de lado a vida que queria viver. Ele começa a vê-la com outros olhos e promete compensar sua vida perdida embarcando em uma última jornada, para o Japão, na época do festival das cerejeiras, uma celebração da beleza, da impermanência e de um novo começo”.

(Fonte: www.mostra.org)


Comentários:

O longa faz um intercâmbio cultural inusitado, entre Alemanha e Japão, expressando a cultura oriental pelo lugar (Monte Fuji) e pela dança (Butoh). Entrelaçado com os personagens é um filme sobre mudanças e imprevisibilidade.
Diante da finitude da vida a dor e diante da perda a reparação, a descoberta, a transformação.
O elo amoroso sendo sustentando e expresso através do sonho, do desejo e da arte. Um personagem solitário que se redescobre e estabelece uma sustentabilidade afetiva com o mundo. Diante da rejeição dos filhos, de ser um fardo como pai e também viúvo, ele se depara com segredos de sua companheira e se dá conta do quanto ela se privou por ele, abdicando de seus interesses. Na tentativa de realizar o maior desejo da esposa ele parte para uma jornada inusitada, conhece uma garotinha solitária e se depara com situações e experiências totalmente novas. Para um homem que se contentava com tão pouco, ele aprende e muito. E mantêm o elo afetivo vestindo o suéter da esposa, como que a conduzindo nesta trama.
É interessante associar a busca do personagem através do Butoh, que trás uma simbologia de volta as origens, aos mistérios da vida. O Butoh surge na década de 70 com a proposta de ser mais que uma expressão artística, mas filosófica, sobre questões intocáveis e que mexe com tabus. Representa emoções vivas, enclausuradas. O caminho, a busca para uma nova identidade. Rejeitando a superficialidade e o banal do dia a dia.
O Butoh é o corpo morto, a alma vazia e livre para se expressar.


"É preciso desabrochar até onde for possível, com toda a alma".
(Kazuo Ohno)

Fica a dica deste filme que nos convida a refletir com muita beleza sobre as transformações da vida!

Vanessa M. da Ponte
Psicóloga do Lien Clínica e Assessoria



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