segunda-feira, 3 de setembro de 2012
Cinema e Psicanálise
INTOCÁVEIS
The Intouchables)
Direção: Olivier Nakache e Eric Toledano
França, 2012
Sinopse: Considerado um fenômeno mundial, Intocáveis traz a história de um aristocrata que contrata um jovem para ser o seu cuidador após um acidente de parapente, o que o deixou tetraplégico. O que era para ser um período experimental acaba virando uma grande aventura. Amizade, companheirismo e confiança são os elementos que transformam esse filme tocante e inesquecível.
AS MULHERES DO 6° ANDAR
(Les femmes du 6eme etage)
Direção: Phillippe Le Guay
França, 2011
Sinopse: Paris dos anos 60. Joubert é um corretor da bolsa que leva uma vida burguesa ao lado da esposa Suzanne. Quando a sua empregada doméstica, há 20 anos, decide ir embora, sua pacata rotina é transformada pela chegada de Maria, empregada espanhola que mora com a tia e outras conterrâneas nos pequenos alojamentos para empregados do sexto andar do prédio. Motivado pela simpatia de Maria, Jean-Louis começa a se aproximar dessas mulheres que, apesar dos dissabores da vida dura que levam, são alegres e bem dispostas. Tocado por estes seres femininos cheios de vida, ele começa a descobrir um novo universo, vivendo com emoção os prazeres mais sutis, em um ambiente completamente diferente aos modos austeros em que estava acostumado.
(Fonte: cinepop)
Comentários:
São filmes que mostram as possibilidades de relacionamento entre pessoas de distintas classes sociais com sensibilidade e humor.
Paris é uma cidade que “acolhe” estrangeiros e que passa por constantes mudanças sociais. Não é a toa que muitos filmes falam deste contraste.
Os protagonistas, representados pela alta classe social, diante do contato com seus empregados ou cuidadores, repensam suas vidas e experimentam novas formas de ser.
Há um encantamento diante do que é diferente, pois tanto a burguesia quanto a aristocracia ficam “seduzidas” diante da espontaneidade, autenticidade, alegria e rebeldia destas classes não abastadas. O “ser e ter” como busca e troca.
O “intocável” pode ser a vulnerabilidade do outro diante de algo novo, de uma descoberta que o surpreende e gera impacto na sua vida. Como duas pessoas de realidades tão distintas, seja de privação ou não, podem se admirar e se relacionar tão intensamente? E há uma admiração mútua, cada um se regando da fonte do outro, pelo que é diferente e novo.
Indo um pouco mais além, apenas como reflexão de uma condição mais extrema, o termo “servidão” em Psicanálise fala de um sujeito alienado à própria linguagem que o constitui enquanto humano, e que, paradoxalmente como fala, está no fundamento de sua liberdade. A servidão não se institui na violência ou constrangimento, mas na sedução. O desejo do homem é o desejo do Outro, e quem cuida do desejo do “senhor” é o “escravo”. Servidão da sua perda de ser, que oprime a liberdade, da diversidade interna, do território vazio. O contrário de servir é pensar. O conceito de servidão voluntária com a vontade de servir e o desejo de se identificar com este outro com sua “essência de rico”, de estrangeiro, operando uma “curiosa exclusão interna” como denominou Calligaris. “Colonizados” elegendo um “estrangeiro” como fetiche.
Vanessa Ponte
Psicóloga do Lien Clínica e Assessoria
(Fonte: Ágora – “A subjetividade hoje: os paradoxos da servidão voluntária” de Doris Rinaldi).
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