segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Cinema e Psicanálise


O Pequeno Nicolau
(Le petit Nicolas)
França, 2012
Direção: Laurent Tirard

Sinopse:

Nicolau leva uma vida pacífica. Seus pais o amam e ele tem uma turma de amigos pestinhas para aprontar todas. Mas, Nicolau ouve uma conversa entre seus pais, o que o faz acreditar que sua mãe está grávida. Ele entra em pânico e imagina o pior: um irmão caçula! Para escapar desse terrível destino, embarca em uma campanha para mostrar aos seus pais que é indispensável. Mas, não dá muito certo. Desesperado, ele decide mudar de tática. Nicolau e seus amigos desastrados surgem com diversos planos, mas tudo muda de figura quando encontram um amigo que acabou de ganhar um irmão caçula e descreve todos os aspectos positivos de ser o mais velho. Transformado, ele corre para os pais felizes por ter um irmão. Mas uma última surpresa aguarda o pequeno Nicolau.

(Fonte: UOL)

Comentários:

“O Pequeno Nicolau” é um filme delicioso de assistir. Cheio de nostalgia foi baseado em uma das principais séries infanto juvenis da França, do final da década de 50.
O filme adentra o universo infantil, pois apesar de todos os mimos, Nicolau sente-se ameaçado pela provável vinda de um irmão. Acompanhamos a angustia do garoto na tentativa de manter seu lugar privilegiado. Os amigos de Nicolau, cada um a seu modo, também representam questões da infância, pois nesta turma há os briguentos, os comilões, os que não estudam e os que estudam até demais.


Temos o privilégio de contemplar o filme tanto pela ótica infantil, através das peripécias dos pequenos, como pela ótica dos adultos, já que Nicolau é filho de um casal de classe média da França dos anos 50, com um pai insatisfeito profissionalmente que conta muitas vantagens e de uma mãe superprotetora.

Pela evidente importância dos pais para a criança, é natural a disputa e competitividade entre irmãos pelo afeto e predileção na esfera familiar. O primeiro filho sempre sofre as agruras com a vinda de um irmão que o “sucede”. A ameaça da perda de um lugar representativo por outro que desconhece e o vínculo com outra criança que tem a mesma origem que a dele, ou seja, nasce da mesma mãe, contemplando também toda a expectativa dos pais com a chegada do outro filho, o cercam de sentimentos ambivalentes, de muito afeto, mas também de muita hostilidade.


A Psicanálise chama de complexo fraternal estas relações de rivalidade, permeadas de desejos e ciúmes com a finalidade de deter uma figura de posse, muito valorizada. Porém, este conceito se amplia, pois pode refletir uma conduta instintiva de posse, nas mais diversas situações de disputa em relação a qualquer coisa, garantindo sua universalidade entre as pessoas.

Não é a toa que o pequeno Nicolau que ser criança para sempre!

Vanessa M. da Ponte
Psicóloga do Lien Clínica e Assessoria

Nenhum comentário:

Postar um comentário