segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Cinema e Psicanálise




ENFIM VIÚVA

(Enfin veuve)
Direção: Isabelle Mergault
França, 2007

Sinopse:

Anne-Marie já passou dos 40, mas continua jovial e enxuta. Apesar de casada com um rico cirurgião plástico, é infeliz no casamento e tem um amante que constrói barcos e quer levá-la para Hong Kong, onde trabalhará por ano e meio. Quando seu marido morre num acidente de carro, ela vê a chance de, finalmente, largar tudo e ficar com o amante. Mas, seu filho e suas cunhadas, que nada sabem sobre o caso extraconjugal, se hospedam em sua casa e não a deixam em paz.
(Fonte: Folha de SP)

Comentários:

Comédia de humor negro que coloca a viuvez da protagonista, não como lamento, mas como alternativa para sua felicidade. Acompanhamos a saga de Anne-Marie tentando se desvencilhar da família para ir ao encontro do amante, mas sempre sendo flagrada e tendo que inventar alguma desculpa. O filme faz uma reflexão sobre escolhas e renúncias, de não poder agradar a todos diante das decisões da vida e do alto preço de bancar o que se deseja muitas vezes.



A protagonista fantasia que após a morte do marido terá livre arbítrio para viver com seu amante, deixando de ser esposa (e adúltera). Ela acha que terá liberdade para isso, inclusive para assumir esta condição sem grandes culpas. Mas, no papel de viúva sua família fica mais presente, cercando-a de atenção, cuidados, controlando seus passos e ela se vê numa cilada, já que o que ela supõe não acontece. Diante de situações bem humoradas e até surrealistas, vemos uma mulher tendo que assumir seus desejos, mas com grande dificuldade para isso. Como desbancar o papel de mãe fragilizada diante de um filho superprotetor que a idealiza?Como bancar seu desejo e sucumbir às promessas amorosas de seu amado?
Anne-Marie precisa desconstruir esta imagem de mãe e mulher indefesa assumindo seus desejos perante sua família. O final feliz é que ela se dá conta desta possibilidade, não deixando de ser uma boa mãe, apenas desmistificando uma imagem que foi imposta em algum momento da sua vida.



O estereótipo da viúva é desconstruído no filme, como já foi feito em grandes obras. A “Viúva, porém honesta” de Nelson Rodrigues é irreverente, debochada, anárquica. Retratam a hipocrisia e falso moralismo presentes na sociedade.
Mas, a viúva do filme é charmosa, nada caricatural, pois não é uma eterna sofredora e nada tem a ver com a viúva de preto, abdicando de sua vida sexual...

Como já dizia Millôr Fernandes: “o adultério é o mercado negro do orgasmo”.

Vanessa M. da Ponte
Psicóloga do Lien Clínica e Assessoria

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