terça-feira, 2 de outubro de 2012

Reflexões Psicanalíticas


Existe a depressão pós-parto paterna?





Acredito que esta questão esteja ligada a várias mudanças vividas na contemporaneidade com relação aos papéis e atribuições ligadas ao feminino-masculino e à paternidade-maternidade. Assim, por um lado, assistimos a um maior protagonismo dos pais que sentem que sua presença é importante desde cedo, o que os levou a uma maior participação nos cuidados com o bebê, sentindo essa participação como algo potencialmente prazeroso. Por outro lado, este complexo de emoções e novas vivências trazem a cena também a ansiedade e angústia de um homem que sai do lugar de filho e se coloca como pai, ou seja, como responsável - não somente pela sua vida-, senão por outro ser que depende dele intensamente; neste sentido, o medo de falhar aumenta. Como conseqüência disto pode aparecer um desejo ambíguo de ser pai, onde o ciúme pelos cuidados dispensados ao filho invade este homem, levando-o à insegurança e à sensação de que foi deixado de lado pela esposa. Neste caso, representações inconscientes ligadas a sua experiência como filho podem surgir intensamente, sem que este homem-pai-esposo possa ao menos falar sobre aquilo que sente. Questões ligadas à sexualidade do casal também entram em jogo. Em muitos casos, o artigo aponta para outro complicador, caso a mãe do bebê também esteja muito deprimida; neste sentido, a essa impotência vivida por esse incipiente e inexperiente pai se acrescenta a sentida por este marido que não sabe tampouco o que fazer com a depressão de sua esposa.
Nesta situação, este pai precisará ser atendido e escutado por um profissional.

Liliana Emparan
Psicanalista e Psicopedagoga do LIEN-Clínica e Assessoria

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/saudeciencia/68857-a-depressao-pos-parto-paterna.shtml

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