segunda-feira, 15 de outubro de 2012
Cinema e Psicanálise
CARA OU COROA
Brasil, 2012
Diretor: Ugo Giorgetti
Sinopse: São Paulo, inverno de 1971. João Pedro é um diretor de teatro que está bastante atarefado com os ensaios para uma nova peça. Nas folgas do trabalho ele recebe ocasionalmente a visita de um integrante do Partido Comunista, que não compreende as opções estéticas e políticas da peça, parcialmente financiada pelo partido. Paralelamente, Getúlio e a namorada Lilian, ambos idealistas, decidem colaborar com a resistência à ditadura militar, abrigando dois fugitivos. Eles decidem escondê-los na casa do avô de Lilian, um militar da reserva.
(Fonte: Adorocinema)
TROPICÁLIA
Brasil, 2012
Diretor: Marcelo Machado
Sinopse: Tropicália aborda o importante movimento musical homônimo liderado por Caetano Veloso e Gilberto Gil, no final dos anos 60. O documentário resgata uma fase na história do Brasil em que cena musical fervilhava e os festivais revelavam vários novos talentos. Ao mesmo tempo, o país sobre com a ditadura dos generais no poder.
(Fonte: Cinedica)
Comentários:
Dois filmes importantes e históricos, sendo Tropicália um documentário com intenso trabalho de pesquisa, que retratam movimentos artísticos e culturais do nosso país no final da década de 1960. O Tropicalismo foi mais que um movimento musical, atingindo outras esferas da cultura, como a poesia, o cinema e as artes plásticas. No documentário contemplamos músicas poéticas, criativas e inovadoras de grande importância cultural, que revolucionaram o modo de fazer música e arte, criando novos padrões estéticos e influenciando toda uma geração.
Cara ou Coroa retrata um grupo de teatro no mesmo período, da ditadura militar no país, marcada pelo autoritarismo, perseguição, tortura e prisão dos seus opositores e pela censura aos meios de comunicação. Jovens artistas e estudantes se envolvendo ou não com causas políticas e lidando com a opressão diante da liberdade de opinião e da expressão artística.
Provavelmente expressar sonhos e desejos através da manifestação artística relaciona Arte e Psicanálise. A subjetividade se dá através de uma postura diante da vida, de um modo de viver diante de determinadas regras. A arte como subjetivação, na dimensão do inconsciente colocado na medida em que um ato precisa passar pelo corpo (seja pela voz, pelo olhar, pelo movimento...), através da sublimação artística.
As expressões artísticas e as experiências que definem a subjetividade envolvem particularidades de cada época, ocorrendo no tecido social e cultural, produzidas nos regimes de comportamentos e de tecnologias existentes.
Assistir aos longas, principalmente o documentário ‘Tropicália’, nos desloca para um tempo que não existe mais, com intensa carga emocional, expressadas através da arte e da ideologia. Um tempo em que a televisão ainda nascia, sem o advento de tanta tecnologia e que estar “conectado”, tinha outro significado, de “ser engajado”, período este sem o deleite da democracia e de tanta alienação...eternizados pelos registros artísticos e por tanto saudosimo, apesar de tudo.
Alguns trechos significativos das músicas mais populares do Tropicalismo, visto como movimento, utopia:
“Eu quis cantar
Minha canção iluminada de sol
Soltei os panos sobre os mastros no ar
Soltei os tigres e os leões nos quintais
Mas as pessoas na sala de jantar
São ocupadas em nascer e morrer...”
(Mutantes, Panis Et Circenses)
“Por entre fotos e nomes
Sem livros e sem fuzil
Sem fome, sem telefone
No coração do Brasil...”
(Caetano Veloso, Alegria, Alegria)
“Baby baby
Há quanto tempo
Você precisa aprender inglês
Precisa aprender o que eu sei
E o que eu não sei mais
E o que eu não sei mais...”
(Baby, Roupa Nova)
Vanessa M. da Ponte
Psicóloga do Lien Clínica e Assessoria
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