segunda-feira, 20 de agosto de 2012




A VIDA DE OUTRA MULHER
(La Vie d'une Autre)
Diretora: Sylvie Testud
França, Luxemburgo, Bélgica (2012).

Sinopse:
A história de Marie (Juliette Binoche), uma mulher de 41 anos que acorda pensando ter 25. Esquece 16 anos de sua vida e ainda vive uma história de amor que já terminou. Agora, ela tem uma segunda chance de reconquistar o amor de sua vida.




Comentários:

Para a Psicanálise, podemos considerar que inconscientemente nenhum esquecimento que tenha habitado um lugar anterior de lembrança ou memória é vão. Os tortuosos caminhos do esquecimento (lugar de encobridor do desprazer) nos colocam sempre a um balanço e reflexão. Em uma situação terapêutica, por exemplo, o esquecimento no discurso do paciente é uma força que se opõe ao consciente, uma resistência. A repressão é um processo psíquico que faz desaparecer da consciência a situação dolorosa que origina o sintoma.

                       “... o esquecimento é a única vingança e o único perdão”.
                                               (Jorge L. Borges)

O filme com graça e sensibilidade convida a uma reflexão a respeito do que nos tornamos com o processo de amadurecimento. As influências diretas ou não de nossas escolhas, oportunidades, insatisfações, exigências e conveniências diante da vida.
No seu aniversário de 41 anos Marie se desperta e se esquece de quem é. Acorda vivendo e sentindo quem foi aos 25. Quando se depara com o seu novo estilo de vida, se dá conta do quanto mudou e isto lhe causa muito estranhamento, pois parece não ser ela.
Ela precisa lidar com a surpresa de um mal sucedido casamento, estando apaixonada pelo marido. Com a surpresa da maternidade e com um filho pequeno que a ignora. Com o luto pela perda do pai e de uma mãe distante por uma briga judicial. Mas, profissionalmente se tornou uma mulher bem sucedida, respeitada e de sucesso. E que alto preço pagou por isso. A nova Marie se entedia com este rígido estilo de vida, já que aos 25 era uma mulher apaixonada, descontraída e de bem com a vida.  Ela quer reconquistar sua família e o filme evidencia esta busca solitária por parte de Marie, afinal ela está cercada de pessoas que desempenham o seu papel aonde ela deixou de estar (empregada, babá, amante do marido e padrasto).
Na manhã do seu “despertar” Marie veste um vestido florido e seu filho diz surpreso que aquele era seu vestido de férias. Em certo momento do filme o marido fala da capacidade dela de se reinventar.  Aos poucos ela reconquista o que mais deseja, com sua honestidade e espontaneidade diante do que verdadeiramente é e sente (Marie resgata sua essência e abdica desta mulher que se tornou). É disto que trata o filme e nos convida a refletir sobre o que fomos, somos e quem sabe seremos um dia!


           “Conservar algo que possa recordar-te seria admitir que eu pudesse esquecer-te”.
                                                       (William Shakespeare) 


Vanessa M. da Ponte
Cinéfila e Psicóloga do Lien Clínica e Assessoria

Nenhum comentário:

Postar um comentário