Leitura entre pais e filhos: os contos de fadas
Há algumas décadas, os contos de fadas foram considerados prejudiciais e até foram abolidos das escolas, pois relatariam, por um lado, situações mágicas, irreais e com final feliz, por outro, crueldade, violência e sofrimento, situações as quais a criança não deveria ter acesso. Professores, literatos, pedagogos e até psicanalistas se colocaram contra estas afirmações, defendendo a importância dos contos de fadas na construção da imaginação e da fantasia para a vida das crianças. O que se defendia era a riqueza das histórias, das situações, das personagens e até das belas ilustrações. E principalmente a ideia de que a criança não era tão ingênua e angelical como se pensava.Sabemos que inicialmente os contos de fadas foram destinados a adultos e que as histórias sofreram alterações para torná-las menos cruéis. Muitos foram mudados para se tornarem filmes e ser consumidos pelo grande público.
Se, contudo, nos debruçarmos na sua narrativa, compreenderemos porque são obras clássicas e até universais. Eles apresentam as relações humanas e seus conflitos: ciúmes, rivalidade, abandono, inveja, morte, amor, ódio, medo, crescimento, transformação, morte, sexo etc. Através de personagens distintos, onde até animais e seres fantásticos podem falar e ter sonhos, aparecem reveladas as relações amorosas, filiais, de poder, fraternas etc. As resoluções encontradas muitas vezes são mágicas mas sua linguagem e soluções são simbólicas e repletas de imagens metafóricas e significativas.
Por isso, sua importância e sua atemporalidade.
A leitura dos contos de fadas entre pais e filhos,
incentiva o contato, a possibilidade de perguntar,
de expressar medos, falar o que se sente,
tentar compreender a vida e a morte,
os maiores mistérios que a humanidade precisa desvendar.
Liliana Emparan
Psicanalista e Psicopedagoga do LIEN- Clínica e Assessoria



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