Filme: CENAS DE UM CASAMENTO
Título Original: Scener Ur Ett Äktenskap
Ano: 1974 (Suécia)
Direção: Ingmar Bergman
Ano: 1974 (Suécia)
Direção: Ingmar Bergman
Sinopse com comentários:
Difícil não se curvar a maestria do diretor sueco Ingmar Bergman. Em “Cenas de Um Casamento”, segundo ele, foi o seu derradeiro feito cinematográfico, verdadeiro conto de horror sobre a crise conjugal.
Inicialmente produzida para a TV sueca e lançada nos cinemas numa versão editada de 155 minutos, a minissérie “Cenas de Um Casamento” já está disponível no Brasil em DVD com sua duração original (299 minutos). São seis episódios que retratam o casal Marianne (Liv Ullmann) e Johan (Erland Josephson) a princípio em momentos de aparente felicidade que logo evoluem para o inevitável declínio da relação.
Bergman disseca o doloroso processo de separação de seu casal “ideal” de maneira seca e sutil. O resultado incomoda, mas é absurdamente belo. Em diálogos agressivos, os personagens deixam aflorar os mais ocultos ressentimentos e amarguras; tudo em plena sintonia com o cinema de natureza psicológica do diretor, sempre preocupado em investigar as facetas da condição humana.
Ingmar Bergman faz do cinema uma linguagem que fala diretamente “da alma para a alma”, como o mesmo faz questão de frisar. Apesar de não ser um cineasta infalível, a maioria das obras assinadas por ele beira o sublime por conta de sua sensibilidade e precisão. É um cinema demasiadamente humano, que carrega questionamentos acerca de temas como a existência, o amor, as relações familiares, Deus, a morte, entre tantos mais. O diretor explica: “O único gesto que realmente vale a pena é o que estabelece contato, o que comunica, o que sacode a passividade e a indiferença das pessoas”. Sem dúvida, é um autor indispensável.
Filme que envolve o expectador na trama amorosa e ambígua do casal. Diante do romance, das crises, da separação e dos reencontros amorosos, o expectador acompanha a trajetória contraditória dos personagens com todos seus altos e baixos. Num primeiro momento, por exemplo, vemos um marido infiel rompendo com sua esposa para assumir um caso um uma mulher mais jovem. Vemos a esposa traída fragilizada, enlutada, tendo que se haver com sua nova condição. Em outro momento vemos um ex-marido fragilizado, sentindo-se velho diante de uma ex-mulher exuberante, que fez conquistas profissionais e pessoais, envolvida em sua feminilidade e sexualidade, com as descobertas de seu segundo casamento. São exemplos de cenas do filme que nos faz acompanhar a epopeia deste casal com olhos sagazes, de quem espreita o desejo alheio. Quem já vivenciou grandes paixões, relações amorosas bem sucedidas ou frustrantes, se identifica com o casal em algum momento. Que apesar de todas as mudanças e crises continuam juntos, alimentando o desejo um pelo outro e se expondo através de intensas reflexões existenciais a todo o momento. O que fazer diante do não desejo do outro?Quem sou eu sem o olhar do outro?O enlace amoroso dá luz ao narcisismo que se relança. Ama a si mesmo através do outro. Dar aquilo que não se tem a outro que não pediu. Amar é confiar ao outro a sua falta. Para a psicanálise o romantismo é a aposta nesta ilusão.
Vanessa M. da Ponte
Psicóloga do Lien Clínica e Assessoria
Interessante reflexão. A escolha de um parceiro nunca é ao acaso...apesar de parecer!
ResponderExcluirBeijo - Roberta Marin Passos